Lesa Pátria: em 4ª fase da operação, PF prende 2 envolvidos em atentados de 8/1
Equipes cumprem três mandados de prisão preventiva, bem como 14 de busca e apreensão, em 5 estados e no DF. Ordens judiciais partiram do STF
atualizado
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A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta sexta-feira (3/2), a quarta fase da Operação Lesa Pátria, para identificar e prender pessoas que participaram, financiaram ou fomentaram os atos terroristas de 8 de janeiro, em Brasília. Até as 11h20, duas pessoas havia sido detidas, em Goiás e Rondônia.
As equipes cumprem três mandados de prisão preventiva, bem como 14 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no Distrito Federal e nos seguintes estados: Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Rondônia e São Paulo.
No dia dos atentados, Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal foram invadidos por extremistas, que promoveram violência e dano generalizado contra os imóveis, móveis e objetos dos três prédios.
Até as 10h30 desta manhã, a polícia prendeu dois dos três alvos. Um deles, em Rio Verde (GO). Lucimário Benetido Camargo, conhecido como Mário Furacão, é empresário e presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do município.
Em 8 de janeiro, ele gravou vídeos enquanto invadia as sedes dos Três Poderes, em Brasília. Enrolado em uma bandeira do Brasil, ele registrou a explosão de bombas de efeito moral e criticou as forças de segurança que atuavam na região.
“Brasileiro só subindo a rampa, entrando cada vez mais, e os soldados tacando bomba no povo. Covardes”, disse.
Assista:
Um segundo preso é o ex-candidato a deputado estadual de Rondônia William Ferreira da Silva, conhecido como “Homem do Tempo”.
Os fatos investigados pela PF representam, inicialmente, os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.
Outros alvos
Procuradoria-Geral da República (PGR) informou que um policial legislativo do Senado e uma advogada estão entre os alvos da quarta fase da operação.
Há indícios de que o servidor tenha armas e outros materiais capazes de comprovar a violação de dever funcional, segundo a PGR, por instigação e facilitação da ação dos criminosos que vandalizaram os prédios dos Três Poderes.
O policial legislativo também é investigado por omissão imprópria, uma vez que teria deixado de combater os invasores do Senado, em 8 de janeiro.
No caso da advogada, há suspeitas de que ela teria recolhido os aparelhos celulares dos manifestantes para, supostamente, atrapalhar as investigações.
Fases anteriores
As apurações continuam, e a Operação Lesa Pátria se tornou permanente, com atualizações periódicas em relação ao número de mandados judiciais expedidos, pessoas presas e foragidos.
Na primeira fase da operação, deflagrada em 20 de janeiro, a PF prendeu os bolsonaristas Renan da Silva Sena; Ramiro Alves da Rocha, conhecido como Ramiro dos Caminhoneiros; Soraia Baccioci; Randolfo Antonio Dias; além de uma quinta pessoa, que não teve a identidade nem o local de prisão divulgados.
Na segunda etapa da força-tarefa, no último dia 23, policiais prenderam, em Uberlândia (MG), o extremista que aparece em vídeos destruindo um relógio histórico — trazido ao Brasil em 1808 —, no Palácio do Planalto.
Na terceira fase, houve dois extremistas presos em Minas Gerais; um em Santa Catarina; um no Paraná; e outro no Espírito Santo. Léo Índio, sobrinho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), estava entre os alvos de mandado de busca e apreensão cumpridos no DF e no Rio de Janeiro. Ele participou do atos terroristas.
Entre os presos da fase, deflagrada em 27 de janeiro, estavam os mineiros Marcelo Eberle Motta e Eduardo Antunes Barcelos — advogado que trabalha como coordenador da assessoria jurídica da Santa Casa de Misericórdia de Cataguases (MG).
Outra presa na operação foi Maria de Fátima Mendonça Jacinto Souza, 67, conhecida como Dona Fátima de Tubarão. Em 8 de janeiro, um vídeo em que ela aparece durante a invasão ao Palácio do Planalto viralizou nas redes sociais. “É guerra. Vamos pegar o Xandão agora”, gritou, em referência ao ministro do STF, Alexandre de Moraes.
Denuncie
A PF pede que caso algum cidadão tenha informações sobre a identificação de pessoas que participaram, financiaram ou fomentaram os fatos ocorridos no dia 8, em Brasília, encaminhe-as para o e-mail: denuncia8janeiro@pf.gov.br.