Lamborghini do “Rei das Rifas” ilegais rodou com youtuber Klebim no DF
O carro participou de eventos e foi objeto de vários vídeos do canal do youtuber, tudo visando ao engajamento do perfil do Instagram
atualizado
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A Lamborghini modelo Gallardo S, avaliada em R$ 1,1 milhão apreendida no âmbito da segunda fase da Operação Huracán, passou cerca de dois meses circulando pelo Distrito Federal. O superesportivo italiano ficou sob os cuidados do youtuber Kleber Rodrigues de Moraes, conhecido na internet como Klebim, preso temporariamente na primeira fase da operação.
De acordo com as investigações, entre os meses de agosto e outubro de 2022, o influenciador digital Elizeu Silva Cordeiro, conhecido nas redes sociais como Big Jhoow ou “Rei das Rifas”, alvo principal da segunda fase, deixou a Lamborghini com Klebim. O carro participou de eventos e foi objeto de vários vídeos do canal do youtuber, tudo visando ao engajamento do perfil do Instagram de Klebim.
Na segunda quinzena do mês de outubro deste ano, Klebim devolveu o superesportivo para Big Jhoow, dirigindo o carrão pessoalmente até a cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Tão logo recebeu o veículo, o influenciador mineiro lançou a rifa do veículo, que, segundo ele, vale R$ 1,5 milhão.
Veja imagens da Lamborghini Gallardo S em ação:
A operação
Por meio da Coordenação de Repressão a Crimes Patrimonais (Corptri), a Divisão de Repressão a Roubos e Furtos (DRF) deflagrou a operação nas primeiras horas desta quinta-feira (10/11), para desarticular um esquema milionário de rifas ilegais e lavagem de dinheiro com uso de empresas de fachada. A segunda fase da Operação Huracán, mira dois influenciadores do DF e Minas Gerais.
Os mandados de busca e apreensão são cumpridos simultaneamente em Vicente Pires e Minas Gerais pela Divisão de Repressão a Roubos e Furtos (DRF). O principal alvo da ação é Big Jhoow. O outro youtuber envolvido no esquema das rifas ilegais é Marcelo Alves Lopes, sócio oculto de Klebim. Ele é alvo de busca e apreensão.
Veja imagens do rei das rifas ilegais ostentando:
Empresas de fachada
Os investigadores identificaram que a outra ponta do esquema no DF ficava sob a responsabilidade de Marcelo Alves. O influenciador , segundo a PCDF, sorteia veículos sem autorização através de uma plataforma na internet. Marcelo já sorteou pelo menos dois veículos e vários Iphones. Tanto Big Jhoow quanto Marcelo usam empresas de fachada para lavar o dinheiro amealhado com as rifas ilegais.
Foram mapeadas ligação entre as empresas, confirmadas por meio de depósitos entre contas vinculadas às firmas de fachada. As investigações mostram que Marcelo é proprietário das empresas BR Vendas e ML Pagamentos e Comércio de Produtos Eletrônicos. Ambas as empresas deveriam estar situadas em Taguatinga, mas não existem fisicamente.
A primeira estaria sediada em Taguatinga Sul, mas no local existe apenas um lote com uma casa nos fundos. Já a segunda empresa estaria sediada na Quadra QSC 19, mas no local está situado em prédio residencial. No andar foi encontrado apenas um apartamento desocupado.
PCDF apreende carrões, mansões e R$ 12 mi de “rei” das rifas ilegais:
Movimentações milionárias
As investigações também acompanharam o fluxo milionário que percorria a conta bancária dos influenciadores responsáveis pelas rifas ilegais. Tanto Big Jhoow quanto Marcelo Alves usavam laranjas para receber grandes quantias. Em apenas dois meses, a conta do influenciador, que tem renda presumida de R$ 4 mil, recebeu R$ 3,1 milhões.
Já o influenciador mineiro movimento R$ 5,3 milhões em um período de apenas sete meses. Big Jhoow se apresenta como leiloeiro com uma suposta renda mensal de R$ 5,3 mil. Ele é dono dos dois superesportivos apreendidos na operação. O primeiro é a Lamborghini modelo Gallardo S, de cor amarela, ano 2011 avaliado em R$ 1,1 milhão. O segundo veículo, modelo Huracán Spyder LP580-2, ano 2017, está avaliado em R$ 3,3 milhões.
Veja Lamborghinis rifadas por influenciador Big Jhow:
O que diz a lei
Sobre as rifas feita pelos dois alvos da PCDF, a Secretaria de Advocacia da Concorrência e Competitividade (SEAE) da Secretaria Especial de Produtividade e Competitividade (SEPEC) do Ministério da Economia informou que a licença constante no site usado pelos influenciadores não se refere a autorização daquela pasta.
Segundo a SEAE, “a mecânica utilizada não se trata de uma promoção comercial, na verdade, se assemelha a “rifa”, a qual é considerada modalidade de jogo de azar, tipificado, no Brasil, como contravenção penal, segundo a Lei de Contravenções Penais (Decreto-Lei nº 3.688/41)”.