Longe da Papuda: Justiça mantém Robson Cândido isolado em cela do DPE
Juíza manteve Robson Cândido em uma cela individual, isolado de outros presos, na carceragem do Departamento de Polícia Especializada
atualizado
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A Justiça liberou Robson Cândido, ex-diretor da Polícia Civil do Distrito Federal, de ficar preso no Complexo Penitenciário da Papuda.
Em decisão proferida nessa segunda-feira (6/11), a juíza Leila Cury, da Vara de Execuções Penais, manteve o delegado em uma cela individual, isolado de outros presos, na carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE).
Existia até então a possibilidade de Robson Cândido descer em um “bonde” para a Papuda nesta terça (7/11). Se isso tivesse acontecido, ele ficaria em uma ala especial, separado da massa carcerária.
No sábado (4/11), o ex-diretor da PCDF teve a prisão preventiva mantida pela Justiça após audiência de custódia.
Para manter a prisão do delegado, o juiz do processo, Frederico Ernesto Cardoso Maciel, ressaltou que Cândido mantinha o monitoramento da ex-amante, mesmo após deixar a direção da corporação em outubro deste ano.
“Há grave risco à integridade da vítima, o que justifica a decretação da prisão preventiva”, afirmou o magistrado na sentença.
Robson Cândido foi preso preventivamente nesse sábado (4/11), em sua casa, no Park Way. A coluna Na Mira teve acesso a decisão que aceitava o pedido feito pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
“A vítima narrou que Robson a persegue, surpreendendo-a diversas vezes na rua e em locais por ela frequentados, o que fortalece os indícios da utilização indevida da medida de monitoramento para a pratica do delito de stalking. Ademais, mesmo após ter sido intimado das medidas protetivas deferidas em favor da vitima, não foram tomadas medidas para encerrar o monitoramento eletrônico sobre a vítima”, diz o documento.
Apuração do MPDFT
Além de Robson Cândido, a apuração do MPDFT teve como alvo o delegado-chefe da 19ª Delegacia de Polícia (Ceilândia Norte), Thiago Peralva. Segundo os promotores, os dois realizaram manobras nos autos de um processo criminal para inserir o telefone da vítima, que alega ser ex-amante do ex-diretor geral da PCDF, em um monitoramento ilegal.
“[Os dois] Também utilizaram-se de bens pertencentes à Polícia Civil como viaturas descaracterizadas, celulares corporativos, carros oficiais e celulares de outros delegados da Direção-Geral da PCDF para a prática de delitos contra mulher em situação de violência doméstica”, informa a decisão que resulto na prisão preventiva de Cândido.
O MPDFT, por meio do NCAP e do GAECO, requereu a prisão preventiva do delegado Thiago Peralva, porém, o pedido foi negado pelo juiz que, como medida cautelar diversa, impôs o uso de tornozeleira eletrônica e o afastamento das funções.
Entenda o caso
Robson Cândido deixou o cargo de diretor em 2 de outubro, após ser denunciado pela esposa e outra mulher, que alega ser sua amante. Em seguida, ele se aposentou – o ato da aposentadoria do ex-diretor foi publicado no dia 17 de outubro.
A esposa e a suposta ex-amante procuraram a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher, na Asa Sul, e acusaram o delegado de perseguição e ameaças.
Segundo a vítima, Robson não teria aceitado o término do suposto relacionamento e passou a persegui-la em diversos lugares. Ainda de acordo com o relato dela, o ex-diretor da PCDF “sempre demonstrava saber onde ela estava e o que fazia”.