Justiça aceita pedido de prisão preventiva contra sargento ostentação
Pedido havia sido feito pela Polícia Civil do DF, que argumentou a necessidade de zelar pela integridade física dos endividados com o agiota
atualizado
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O terceiro sargento da Polícia Militar do Distrito Federal Ronie Peter Fernandes da Silva (foto em destaque) e o irmão dele Thiago Fernandes tiveram a prisão temporária convertida em preventiva nesta sexta-feira (19/11). A decisão da Justiça veio um dia depois de a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) fazer o pedido.
Suspeito de liderar uma quadrilha de agiotas, conforme revelou o Metrópoles, o PM morava em mansões, tinha coleção de carros de luxo e, constantemente, fazia viagens a praias paradisíacas. Agora, o policial está preso em um alojamento do 19º Batalhão da PMDF, no Complexo Penitenciário da Papuda.
O pedido foi feito pela Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Corpatri) e visa preservar a vida e a integridade física dos endividados e garantir a eficaz instrução, evitando o desaparecimento de bens dados como garantia e bens que serão objeto de medidas judiciais.
Ele ameaçava de morte uma série de pessoas que pegavam dinheiro emprestado.
Salário de R$ 8 mil
Toda a rotina de ostentação era registrada nas redes sociais. Apesar de o contracheque do PM indicar vencimentos de R$ 8 mil, o sargento acumulou mais de R$ 8 milhões em contas bancárias com a prática criminosa.
Durante a ação para desarticular a organização, investigadores da Divisão de Roubos e Furtos da Polícia Civil do Distrito Federal (DRF/Corpatri) cumpriram mandados de busca e apreensão em duas mansões de propriedade da família do policial. Segundo as apurações, o militar agia em conjunto com o irmão Thiago. Os imóveis ficam em Vicente Pires, onde ocorreram as prisões.
Em um vídeo publicado por Ronie Silva no Instagram, é possível ver uma das casas, que conta com piscina, área de lazer, churrasqueira, ambientes climatizados e uma garagem repleta de carros importados.
Veja a casa do sargento:
S.O.S. Malibu
O esquema milionário de agiotagem, extorsão e lavagem de dinheiro capitaneado pelo sargento da PMDF e seu irmão foi desmantelado em operação deflagrada nas primeiras horas de terça-feira (16/11), pela Polícia Civil (PCDF). Equipes da DRF cumpriram 15 mandados de busca e 7 de prisão em Vicente Pires, Taguatinga e São Paulo. A operação foi batizada em menção ao nome da concessionária de veículos dos irmãos.
Confira imagens da operação:
Veja imagens da operação:
Quem não pagava as prestações em dia se tornava alvo de violentas ameaças. Durante as cobranças, além de coagir as vítimas, o grupo tomava veículos e exigia a transferência de imóveis dos endividados. A apuração ainda demonstrou que os valores da agiotagem eram ocultados por meio da compra de veículos de luxo registrados em nome de terceiros, além da utilização de empresas de fachada.
Lavagem de dinheiro
De acordo com as investigações da DRF, nos últimos dois anos, a organização criminosa comprou oito veículos da marca Porsche, de valor unitário próximo a R$ 1 milhão, e, nos últimos seis meses, movimentou mais de R$ 8 milhões, distribuídos em sete contas bancárias.
Três veículos da Porsche e um veículo BMW X4 foram apreendidos durante a operação. Os carros estão avaliados em R$ 3 milhões. Também foram bloqueadas as sete contas bancárias, de pessoas físicas e jurídicas, com o sequestro dos R$ 8 milhões faturados com o esquema.
A engrenagem criminosa era altamente lucrativa e demandava saques em espécie de quantias milionárias. Em ação controlada comunicada à Justiça, equipes de policiais da DRF acompanharam dois saques milionários ocorridos em agências bancárias do DF totalizando de R$ 800 mil e R$ 530 mil.
Organização estruturada
As apurações conduzidas pela PCDF apontaram como funcionava a estrutura da organização criminosa. O esquema era hierarquizado e havia divisão de tarefas. Na cadeia de comando havia os irmãos Ronie e Tiago, que emprestavam os valores e cobravam os endividados, mediante grave ameaça. O sargento da PMDF ainda era responsável pela aquisição dos veículos de alto luxo.
Também foram presos na operação cinco operadores financeiros do grupo, responsáveis pela dissimulação, isto é, pela sequência de transações e saques em contas de empresas de fachada, que visavam conferir aparência lícita aos valores faturados com a agiotagem. Três deles também eram responsáveis pela ocultação do dinheiro, pois cediam os nomes para o registro dos veículos de alto luxo, cujo verdadeiro dono era o sargento Ronie.
Os mandados de prisão, busca domiciliar e apreensão e sequestro foram expedidos pelo juiz da Vara Criminal de Águas Claras. A operação contou com o apoio do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil de São Paulo.
Outro lado
Por meio de nota, a PMDF informou que também apura o caso. “A Polícia Militar já instaurou um procedimento apuratório sobre o caso de imediato. A instituição não compactua com qualquer desvio de conduta de seus integrantes. Comprovado os indícios de irregularidades ou crime, todas as medidas cabíveis ao caso serão tomadas”, diz o texto.