Investigado por envolvimento com milícia e grilagem passou 50 dias como chefe da segurança do Iges
Eliude Glendson da Silva é conhecido pelo seu longo histórico ligado à grilagem de terras e milícia
atualizado
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O Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF) contou por 50 dias com um nome um tanto polêmico em seus quadros. Eliude Glendson da Silva (foto em destaque) é conhecido no Distrito Federal pelo seu longo histórico com a milícia e grilagem. No entanto, a ficha criminal extensa não foi impedimento para que ele fosse nomeado como o chefe de segurança do Hospital Regional de Santa Maria.
Eliude Glendson da Silva foi contratado em 1º de março de 2023, com salário de R$ 6,1 mil ainda quando o Iges-DF era presidido por Mariela Souza. Ela foi demitida no dia 14 do mesmo mês.
Após 13 horas de o Metrópoles questionar o Iges-DF sobre o funcionário, Eliude foi demitido do cargo nessa quarta-feira (19/4_. O instituto alegou que ele “não se adaptou” e estava em prazo de experiência.
Histórico
Em agosto do ano passado, Eliude tinha sido preso junto com o irmão, Elielson, por porte ilegal de armas. Para determinar o valor da fiança, a autoridade policial levou em consideração a natureza da infração, as condições pessoais de fortuna e vida pregressa dos acusados. Cada um dos autores teve de desembolsar R$ 15 mil para responder ao processo em liberdade.
Mas antes os dois já tinham sido investigados por outros crimes como estelionato, furto e grilagem de terras. A dupla também coleciona diversos cargos comissionados em órgãos ligados ao governo local.
Em 2019, Eliude foi nomeado para a Gerência de Manutenção e Conservação da Coordenação de Licenciamento, Obras e Manutenção da Administração Regional de Vicente Pires.
Registros oficiais indicam que Eliude deixou o cargo apenas em junho de 2021. Em setembro do mesmo ano, a PCDF começou a investigar uma denúncia de participação de policiais militares e agentes penitenciários em um grupo criminoso no Assentamento 26 de Setembro. Eles teriam atuação semelhante a de uma milícia, na venda de lotes irregulares na área pública, além de realizarem a segurança privada dos terrenos.
Grilagem de terras e milícia
Segundo as denúncias, militares e agentes adquiriam lotes e pagavam por eles com serviços de segurança e em dinheiro. Em depoimento, um policial penitenciário envolvido no crime delatou que os irmãos Elielson e Eliude eram responsáveis pelas vendas de terrenos no Condomínio JK Ville.
Se fosse integrante da Segurança Pública do DF, o proprietário passava a ser responsável por observar a região, na intenção de repelir possíveis invasores. E, caso surgisse alguma tentativa, o morador acionava outros policiais que estavam em grupos de WhatsApp do condomínio para que interviessem na ação.
As investigações apontaram, ainda, a existência de escalas de trabalho meticulosamente organizadas por ocupantes das terras. Neste caso, os irmãos seriam os responsáveis por pagar os serviços de segurança, mas as escalas e os serviços a serem feitos eram organizados por policiais.
O inquérito está na Justiça e corre sob sigilo. A reportagem não conseguiu localizar Eliude. O espaço permanece aberto para eventuais manifestações.