Influencer desafia PCDF e, mesmo após operação, diz que rifará carro
Com 465 mil seguidores no Insta, influencer conhecido como Goiano usa seus perfis nas redes sociais para promover rifas
atualizado
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Mesmo com o aperto da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) contra as rifas ilegais promovidas nas redes sociais, um influenciador digital manteve seus planos de rifar um carro neste sábado (12/11) e desafiou os investigadores da Divisão de Repressão a Roubos e Furtos (DRF) que conduzem o inquérito sobre o esquema de lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Huracán.
Com quase 500 mil seguidores no Instagram, Gercil Balbino de Almeida Neto, mais conhecido como Goiano, usa seus perfis nas redes sociais para promover rifas ilegais de veículos modificados. Quase sempre com rodas de perfil baixo e equipamentos de som, os veículos são negociados por valores a partir de R$ 2,50 a cota.
Procurada pela coluna, a DRF ressaltou que tem conhecimento do sorteio anunciado pelo influenciador e da sua ilicitude. ” O alvo já é investigado pela prática de jogo de azar e lavagem de dinheiro. É o mesmo esquema em que se usa uma plataforma digital para realizar as rifas e os pagamentos”, resumiu o diretor da divisão, delegado Fernando Cocito. Goiano promete rifar dois veículos neste fim de semana, um Gol e uma Saveiro.
Veja o anúncio da rifa feita pelo influenciador:
A operação
Na quinta-feira (10/11), a DRF deflagrou megaoperação para desarticular um esquema milionário de rifas ilegais e lavagem de dinheiro com uso de empresas de fachada. A segunda fase da Operação Huracán mirou dois influenciadores da capital do país e de Minas Gerais. Eles têm ligações com o youtuber Kleber Rodrigues de Moraes, conhecido como Klebim, preso temporariamente na primeira etapa da investigação.
Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos, simultaneamente, em Vicente Pires e algumas cidades de Minas Gerais pela DRF. O principal alvo da ação é o influenciador Elizeu Silva Cordeiro, conhecido nas redes sociais como Big Jhoow, ou “Rei das Rifas”. O outro youtuber envolvido no suposto esquema das rifas clandestinas e que foi alvo de busca e apreensão é Marcelo Alves Lopes, sócio oculto de Klebim.
A Justiça deferiu o sequestro de uma lancha de luxo, um jet ski e dois carros da marca italiana Lamborghini, avaliados, juntos, em R$ 5 milhões. Também serão bloqueados R$ 12 milhões distribuídos em várias contas bancárias.
Apesar de a lancha e o jet ski estarem na lista dos bens sequestrados, a PCDF ainda não localizou esses dois itens.
Veja imagens do “Rei das Rifas” ilegais ostentando:
Empresas de fachada
Os investigadores identificaram que a outra ponta do esquema no DF ficava sob a responsabilidade de Marcelo Alves. O influenciador, segundo a PCDF, sorteia veículos sem autorização por meio de uma plataforma na internet. Marcelo já sorteou pelo menos dois veículos e vários iPhones. Tanto Big Jhoow quanto Marcelo usam empresas de fachada para lavar o dinheiro adquirido com as rifas ilegais.
Foram mapeadas ligações entre as empresas, confirmadas por meio de depósitos entre contas vinculadas às firmas de fachada. As investigações mostram que Marcelo é proprietário das empresas BR Vendas e ML Pagamentos e Comércio de Produtos Eletrônicos. Ambas as empresas deveriam estar situadas em Taguatinga, mas não existem fisicamente.
A primeira estaria sediada em Taguatinga Sul, mas no local existe apenas um lote com uma casa nos fundos. Já a segunda empresa estaria sediada na Quadra QSC 19, mas no local há um prédio residencial. No andar foi encontrado um apartamento desocupado.
O que diz a lei
Sobre as rifas feitas pelos dois alvos da PCDF, a Secretaria de Advocacia da Concorrência e Competitividade (SEAE), da Secretaria Especial de Produtividade e Competitividade (SEPEC), do Ministério da Economia, informou que a licença constante no site usado pelos influenciadores não se refere a uma autorização daquela pasta.
Segundo a SEAE, “a mecânica utilizada não se trata de uma promoção comercial; na verdade, assemelha-se a ‘rifa’, a qual é considerada modalidade de jogo de azar, tipificado no Brasil como contravenção penal, segundo a Lei de Contravenções Penais (Decreto-Lei nº 3.688/41)”.