Homem que propagou fake news contra Ibaneis deu golpe em servidora
Policiais descobriram que Luís Fernando e comparsas cometeram estelionato amoroso contra uma servidora da Câmara Federal
atualizado
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Indiciado por associação criminosa e estelionato, o homem que aparece em um vídeo promovendo fake news contra o governador Ibaneis Rocha (MDB) é um velho conhecido da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Luís Fernando Alves da Cunha, 32 anos, é alvo de inquérito por integrar a quadrilha de estelionatários que aplicou um golpe milionário em uma servidora da Câmara Federal.
Em janeiro deste ano, policiais da 8ª Delegacia de Polícia (Estrutural) cumpriram mandados de busca e apreensão contra o suspeito. Os policiais apuraram que o homem e comparsas cometeram estelionato amoroso contra a vítima. Enquanto um dos criminosos agia como “don juan” seduzindo a funcionária pública, Luís Fernando se passava por um pai de santo para fazer falsas sessões de descarregos espirituais.
O estelionatário teria convencido a mulher de que ela estaria “sendo perseguida por espíritos obsessores” e precisaria fazer supostos trabalhos espirituais para se libertar. A vítima, que chegou a ficar noiva de um dos criminosos, desembolsou R$ 22 mil por um suposto “ritual de descarrego”. A polícia estima que o prejuízo teria ultrapassado os R$ 500 mil. A polícia evitou que o casamento ocorresse e desmascarou os golpistas. Todos respondem criminalmente, inclusive Luís Fernando.
Fake news
O governador Ibaneis Rocha denunciou ao Ministério Público Eleitoral (MPE), à Polícia Federal (PF) e à Polícia Civil do DF (PCDF) o ressurgimento de fake news envolvendo pedofilia – a desinformação foi divulgada, inicialmente, em 2018.
A dois dias da eleição, que ocorre neste domingo (2/10), voltou a circular nas redes sociais um vídeo no qual o golpista diz que, quando era adolescente, teve um “caso homoafetivo” com Ibaneis, em 2006. Sem apresentar provas, ele afirma que sofreu perseguições e ameaças. O homem que aparece no vídeo é Luís Fernando.
Em 2016, Silva tentou ser vereador por Planaltina (GO) pelo antigo PR (atual PL), mas não foi eleito. Nas redes sociais, ele se apresenta como Fernando Leão, “futuro vice-prefeito de Planaltina de Goiás”.
Corrupção passiva
As ligações de Silva com a política também chegam ao DF. Em 2018, ele foi ouvido em um inquérito da PCDF sobre corrupção passiva. Silva não era investigado, mas, em depoimento à polícia, contou que trabalhava na campanha política do Pros, em Goiás, quando se indispôs com uma pessoa de outra campanha, que o ameaçou de morte. À época, Silva afirmou ter solicitado ajuda à coordenação da campanha de Eliana Pedrosa, então candidata ao governo do DF, “que concordou em protegê-lo”.
No Instagram, Silva segue ao menos 11 políticos do DF. Mas só uma o segue de volta: a deputada federal Paula Belmonte (Cidadania). À coluna Grande Angular Paula disse que não conhece Silva.
A reportagem ligou para Silva, que atendeu a ligação, mas se recusou a responder aos questionamentos e a dar entrevista.
“Alterar resultado da urna”
Na denúncia enviada ao MP Eleitoral, à PF e à PCDF, a defesa de Ibaneis afirma que a disseminação de fake news contra o candidato à reeleição é “antidemocrática e visa alterar o resultado das urnas”. A defesa apontou envolvimento de um blog e campanha adversária, sem citar qual seria o candidato a governador que teria dado início à desinformação.
O advogado de Ibaneis, Bruno Rangel, disse à coluna que a fake news espalhada nesta sexta-feira é antiga: “As fake news nas eleições não são novidade. Isso já tinha acontecido em 2018, apenas requentaram o assunto. As autoridades já foram comunicadas e adotarão as providências cabíveis”.