General do PCC se enfurece ao levar golpe de Engomadinho; leia ameaças
O Metrópoles teve acesso a mensagens de grupos formados por pessoas que perderam grandes quantias em dinheiro, entre eles o general do PCC
atualizado
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Mesmo atrás das grades, um dos principais generais do Primeiro Comando da Capital (PCC) amargou prejuízos ao investir grande quantia de dinheiro na plataforma financeira Bybot, de Gustavo de Macedo Diniz, conhecido como “Engomadinho do Bitcoin”. Márcio Geraldo Alves Ferreira, conhecido como Buda, é um dos principais integrantes da cúpula da facção criminosa.
A coluna teve acesso a mensagens que circulam em grupos formados por pessoas que perderam montantes de dinheiro. O recado direto para os gestores da plataforma, em especial a Engomadinho, foi em tom ameaçador. O CEO da empresa, que teria fugido rumo à Ásia, embolsou pelo menos R$ 70 milhões dos investidores.
Nas mensagens, as ameaças são claras. “Mano, prazo dele foi hoje !!!! Ele ligo pra nois [sic] de vídeo. Deu o papo que vai devolver. Se passar de hoje como combinado não tem o que segurar mais. Não quero papo, não quero ligação mais. Agora é fogo na família. Na sexta já acorda todo mundo com formiga na boca. Meu o mano é louco, mexeu com resgate do Tatuapé, mano, isso btc e do Buda mano e cara tá guardado. Mas o bagulho vai ficar doido. Vai dar ruim”, diz o texto enviado pelo WhatsApp.
Veja mensagens dando conta de que o dinheiro levado pelo golpista pertence a um dos generais do PCC:
Quem é Buda
Em dezembro de 2020, a Polícia do Rio Grande do Sul prendeu Márcio Geraldo Alves Ferreira, o Buda, um dos generais do PCC. Ele é acusado de participar do assalto a banco em Criciúma (SC) em 1º dezembro daquele ano. A prisão dele, em Gramado (RS), é o primeiro elo revelado entre a operação da quadrilha em Santa Catarina e a facção criminosa originada em São Paulo.
Naquela ocasião, além de Buda, foi preso Francisco Aurílio Silva de Melo, conhecido como XT. O integrante do PCC foi acusado de tentar matar Rui Ferraz Fontes, ex-delegado-geral da Polícia Civil paulista. Na época, Fontes era titular do 69º DP (Teotônio Vilela), jurado de morte pelo crime organizado.
Em 2014, Buda foi acusado de planejar o resgate de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder máximo do PCC. Além do número 1 da organização criminosa, seriam alvo da ação os presos Cláudio Barbará, Célio Marcelo da Silva, o Bin Laden, e Luiz Eduardo de Barros, o Du Bela Vista.
Esses quatro presos estão atualmente recolhidos em presídios federais. Segundo o Ministério Público, a missão de Buda no plano era contratar piloto e conseguir um helicóptero e um avião para transportar os resgatáveis até uma cidade do Paraná.
O Caso
O principal executivo da Bybot deletou todas as redes sociais, apagou os canais de comunicação e fechou a plataforma para saques. Nenhum dos investidores consegue, desde 25 de agosto, sacar a quantia que estava depositada nas carteiras. Antes assíduo nas redes sociais e sempre fazendo lives, Gustavo, que passou a ser apelidado de o “Engomadinho do Bitcoin”, teria fugido do país rumo à Ásia.
De lábia afiada, abusando da simpatia e conquistando a confiança das vítimas, o administrador da plataforma costumava gravar vídeos para os seguidores e mostrava que o negócio era “seguro” e totalmente legalizado. A Bybot operava, principalmente, com a chamada arbitragem de criptoativos. O processo é bastante conhecido no mercado de ações. Quando um investidor decide trabalhar por esse método, ele começa a negociar ativos por preços baixos e oferecê-los em plataformas que pagam um preço maior. A diferença, então, fica com o investidor.
Gustavo Diniz viajava o mundo colhendo frutos do sucesso financeiro proporcionado pela plataforma. Natural de Mogi das Cruzes, em São Paulo, o trader se afastou da família — que leva uma vida simples no interior paulista — para viver uma rotina de ostentação. Antes de apagar suas redes sociais, o gestor da Bybot publicava fotos em resorts de luxo, estações de esqui e praias paradisíacas.
Veja imagens do “Engomadinho do Bitcoin”:
Fuga rápida
Sem se identificar, um empresário do DF que perdeu 15 mil dólares afirmou que o golpe ocorreu muito rapidamente. “Não sabemos, de fato, o que aconteceu. Estávamos todos aguardando a suposta manutenção e, repentinamente, o Gustavo derrubou o site, apagou o perfil no Instagram e sumiu do Telegram”, disse.
Assim que a Bybot saiu do ar, Gustavo Diniz nunca mais foi visto, nem nas redes sociais e muito menos pessoalmente. Ele teria um braço operacional da plataforma na Tailândia. “A suspeita de muitas pessoas que perderam fortunas e estão no encalço dele é que o destino do golpista tenha sido Bangkok”, disse o empresário.