“Fofoqueiros” recebiam R$ 2 mil por mês para interferir nas eleições
Os coordenadores do esquema, por sua vez, recebiam salário de R$ 5 mil. O esquema criminoso existe desde 2016
atualizado
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Um esquema criminoso sofisticado, que se infiltrava em campanhas eleitorais em diversos municípios do estado do Rio de Janeiro, foi desmantelado pela Polícia Federal (PF) na manhã desta quinta-feira (12/9). A investigação revelou que a organização criminosa desenvolveu estratégia altamente lucrativa e bem estruturada para influenciar as eleições municipais. A estratégia envolvia a contratação de “fofoqueiros” para espalhar informações falsas sobre candidatos a prefeito.
Investigados no âmbito da Operação Teatro Invisível, os chamados “fofoqueiros profissionais” eram pagos mensalmente para cumprir a função.
Cada um recebia R$ 2 mil para circular pelos municípios, infiltrando-se em locais com grande circulação de pessoas como pontos de ônibus, padarias, filas de bancos, bares e mercados. Essas ações tinham o objetivo de disseminar informações falsas sobre candidatos, influenciando a opinião pública e direcionando votos para o político que contratou o serviço.
Os coordenadores do esquema, por sua vez, recebiam R$ 5 mil mensais. Esses líderes eram, frequentemente, funcionários públicos exonerados de seus cargos durante o período eleitoral e substituídos por “laranjas” para evitar a detecção e manter a operação em funcionamento.
Expansão
Embora a organização criminosa estivesse centrada principalmente no município de São João de Meriti (RJ), o esquema foi expandido para ao menos outras 10 cidades do estado do Rio de Janeiro. “Essa expansão evidencia a capacidade da organização em manipular o processo eleitoral em uma escala mais ampla, afetando múltiplos municípios simultaneamente”, informou a PF.
Na ação desta quinta (12/9), foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva e 15 de busca e apreensão, expedidos pelo Juízo da 8ª Zona Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro. Além das prisões e apreensões, foi determinado o bloqueio judicial de bens dos investigados, no valor total de R$ 1 milhão para cada um.
Os envolvidos são acusados de organização criminosa, desvio de funcionários públicos para atividades criminosas, utilização de “laranjas” para evitar incompatibilidades com o serviço público, lavagem de dinheiro e constrangimento ilegal de servidores, além de infrações relacionadas à disseminação de notícias falsas e desinformação.
A investigação foi conduzida pela Divisão de Repressão a Crimes Eleitorais (DRCE) e pela Delegacia de Direitos Humanos e Defesa Institucional (Delinst) da Polícia Federal no Rio de Janeiro, com o apoio do Ministério Público Eleitoral. O esquema criminoso existe desde 2016.