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Fiéis inundam grupos no Telegram em defesa de pastor picareta; veja

Sob o véu de um falso grupo de doações batizado de “Ações Humanitárias”, a sala virtual é usada para iludir fiéis com falsas promessas

atualizado

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Pastor Osório
1 de 1 Pastor Osório - Foto: Divulgação

Como uma espécie de lavagem cerebral, as dezenas de mensagens enviadas diariamente a centenas de fiéis, por meio de grupos no Telegram, tinham um único objetivo: arrancar cada vez mais dinheiro das vítimas. Esse é apenas um dos recursos usado pelos pastores golpistas alvo da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) durante a deflagração da Operação Falso Profeta.

Moderadores das salas virtuais, que chegavam a reunir mais de mil pessoas, trabalhavam a mando da organização suspeita de aplicar golpes em mais de 50 mil vítimas no DF e em outras unidades da Federação. Sob o véu de um falso grupo de doações batizado de “Ações Humanitárias”, a sala virtual é usada para iludir os fiéis e fazer com que eles acreditem que vão receber altos valores.

A coluna teve acesso a um print das conversas que rolam nos grupos. Um dos criminosos é direto ao afirmar que todos deveriam acreditar no pagamento. “Gente, vamos esperar informações sobre as outras operações que estamos para ver se pelo menos 1 saia pela misericórdia de Deus”, diz um dos golpistas.

Veja print do grupo no Telegram comandando pelos criminosos:

print de Telegram

 

A operação

A ação cumpriu dois mandados de prisão preventiva e 16 de busca e apreensão. Um dos alvos é o líder do grupo, Osório José Lopes Júnior (foto em destaque), que não foi localizado e é considerado foragido. O outro procurado não teve o nome divulgado e também não foi detido.

A investigação aponta que os suspeitos formavam uma rede criminosa muito bem organizada, com estrutura ordenada e divisão de tarefas, especializada no cometimento de diversos crimes, como falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, e estelionatos por meio de redes sociais. As vítimas eram induzidas a investir quantias em dinheiro com a promessa de recebimento futuro de quantias milionárias.

A ação foi coordenada pela Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Ordem Tributária (Dot), vinculada ao Departamento de Combate a Corrupção e ao Crime Organizado (Decor).

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Pastor Osório é considerado o líder do golpe
Falsos certificados apreendidos com investigados da Falso Profeta
Quadrilha mantinha falsos bancos digitais
Policiais civis descobriram que mais de 50 mil pessoas foram vítimas de golpe
Grupo é composto por cerca de 200 integrantes, incluindo dezenas de lideranças evangélicas
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Golpistas prometiam que, com um depósito de R$ 25, as pessoas poderiam receber de volta o valor de R$ 1 octilhão

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Pastor Osório é considerado o líder do golpe

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Falsos certificados apreendidos com investigados da Falso Profeta

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Quadrilha mantinha falsos bancos digitais

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Policiais civis descobriram que mais de 50 mil pessoas foram vítimas de golpe

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Grupo é composto por cerca de 200 integrantes, incluindo dezenas de lideranças evangélicas

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“Nesara Gesara”

Os golpistas abordavam as vítimas, em sua grande maioria evangélicas, pelas redes sociais e invocavam uma teoria conspiratória apelidada de “Nesara Gesara” para convencê-las a investir suas economias em falsas operações financeiras ou falsos projetos de ações humanitárias. Havia promessa de retorno financeiro imediato e rentabilidade estratosférica.

Foi detectada, por exemplo, a promessa de que com um depósito de apenas R$ 25 as pessoas poderiam receber de volta nas “operações” o valor de R$ 1 octilhão (ou 1 seguido de 27 zeros: R$ 1.000.000.000.000.000.000.000.000.000).

O golpe pode ser considerado um dos maiores já investigados no Brasil, uma vez que foram constatadas, como vítimas, pessoas de diversas camadas sociais e localizadas em quase todas as unidades da Federação, estimando-se mais de 50 mil vítimas.

De acordo com a investigação, iniciada há cerca de um ano, o grupo é composto por cerca de 200 integrantes, incluindo dezenas de lideranças evangélicas intituladas pastores, que induzem e mantêm em erro as vítimas, normalmente fiéis que frequentam suas igrejas, para acreditar no discurso de que são pessoas escolhidas por Deus para receber a “bênção”, ou seja, as quantias.

Os investigados mantinham empresas “fantasmas” e de fachada, simulando ser instituições financeiras digitais com alto capital social declarado.

Para dar aparência de veracidade e legalidade às operações financeiras, os investigados celebravam contratos com as vítimas, ideologicamente falsos, com promessas de liberação de quantias surreais provenientes de inexistentes títulos de investimento, que estariam registrados no Banco Central do Brasil (Bacen) e no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

A investigação também apontou movimentação superior a R$ 156 milhões, nos últimos cinco anos, bem como foram identificadas cerca de 40 empresas “fantasmas” e de fachada, e mais de 800 contas bancárias suspeitas.

Prisão em dezembro

Em dezembro do ano passado, a PCDF prendeu, em Brasília, um suspeito de envolvimento no esquema, após ele ter feito uso de documento falso em uma agência bancária localizada na Asa Sul, simulando possuir um crédito de aproximadamente R$ 17 bilhões.

Porém, mesmo após a prisão em flagrante desse indivíduo, à época o principal digital influencer da organização criminosa, o grupo continuou a aplicar golpes.

Os alvos da Operação Falso Profeta poderão responder, a depender de sua participação no esquema, pelo cometimento dos delitos de estelionato, falsificação de documentos, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, crimes contra a ordem tributária e organização criminosa.

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