Fazenda invadida na Chapada é alvo de disputa judicial entre famílias
Helder Rodrigues Zebral é suspeito de liderar invasão a fazenda milionária da ex-mulher na Chapada dos Veadeiros
atualizado
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A fazenda milionária na região do Vale da Lua, na Chapada dos Veadeiros (GO), alvo de uma invasão supostamente liderada pelo empresário Helder Rodrigues Zebral é palco de uma disputa na Justiça contra a ex-esposa dele, Ana Paula Oliveira Gonçalves, e a empresária Carla Vasconcelos, sobre quem seria o real proprietário das terras.
Em 20 de agosto, sete homens fortemente armados chegaram à propriedade com o objetivo de tomar posse do local, mas fugiram após a Polícia Militar ser acionada.
Após diligências, os invasores foram devidamente localizados portando diversas armas de fogo, munições, coletes balísticos, uma quantia em dinheiro e mantimentos.
Inicialmente, a atual dona da fazenda, a empresária Ana Paula, acusou outra empresária, Carla Vasconcelos, de ser a mandante do crime. No entanto, a história teve uma reviravolta em novembro último, após investigações revelarem que o verdadeiro mandante do crime seria Helder, ex-marido de Ana Paula.
A dona da fazenda já havia denunciado o ex-companheiro na Delegacia da Mulher, por violência doméstica, e conseguido medidas protetivas contra ele. A empresária alegou ter sofrido violência física, psicológica e patrimonial ao longo do relacionamento com Helder.
O objetivo da tentativa de invasão, segundo as investigações, era de que o empresário pudesse desfrutar e usufruir da exploração turística do local.
Nesta segunda-feira (29/7), a Polícia Civil de Goiás (PCGO) deflagrou uma operação para cumprir mandado de busca e apreensão na casa de Helder Zebral, em duas propriedades de Carla Vasconcelos e na residência de um terceiro homem, que seria um intermediário da invasão, identificado como Wladimir Ferreira da Silva.
Os mandados foram cumpridos no Lago Sul, Setor de Clubes Esportivo Sul, em Alto Paraíso de Goiás e no distrito de São Jorge.
Serviço de segurança
Os suspeitos pela invasão contaram em depoimento que foram contratados pela empresária Carla Vasconcelos para permanecer nessa posse. Segundo eles, esse contrato teria sido estipulado em um valor mensal. O delegado ainda contou que as pessoas envolvidas detalharam que faziam parte de uma empresa de segurança do Distrito Federal e que estavam “somente prestando um serviço”.
De acordo com as investigações, foi feito um acordo verbal entre eles e uma minuta escrita de prestação de serviço. À polícia, os próprios membros do grupo contaram que receberiam aproximadamente R$ 50 mil por mês para custodiar o local que é avaliado em mais de R$ 10 milhões.
O grupo detalhou que foram orientados por Carla e por Wladimir que o serviço era a respeito de preservar o local, visto que ela estava com medo da sua fazenda ser invadida e depredada por estar supostamente vazia.
No entanto, após irem até o local, os seguranças constataram se tratar de uma fazenda em briga judicial e informaram para Carla que não pegariam o trabalho, visto que não se tratava de serviço de segurança. Quando falaram para empresária que tinha gente na terra, ouviu Carla falando para uma funcionária dela: “Temos que avisar o Hélder”.
Identificação dos envolvidos
Em setembro do ano passado, uma operação conjunta entre a Polícia Militar e a Polícia Civil de Goiás, denominada Possessio, resultou no cumprimento de sete mandados de prisão preventiva e oito mandados de busca e apreensão em diversas localidades de Goiás e do Distrito Federal, em busca de esclarecimentos sobre a invasão da fazenda.
Dos envolvidos, seis foram presos e Carla Vasconcelos era a única considerada foragida. Os envolvidos, posteriormente, foram denunciados pelo Ministério Público pelos crimes de esbulho possessório, porte ilegal de arma de fogo, corrupção passiva, corrupção ativa e associação criminosa.
Entre os sete detidos havia um policial militar da reserva do Distrito Federal, um guarda civil municipal e um instrutor de tiro da Guarda Civil Municipal de Planaltina (GO). Com a finalização do inquérito policial, eles tiveram a prisão preventiva revogada.
Os executores dos crimes em questão foram devidamente identificados, indiciados e denunciados. Encontrando-se pendente somente a elucidação quanto ao mandante da invasão.
Segundo a PCGO, considerando a necessidade no aprofundamento das investigações para a possível identificação dos autores intelectuais do crime, possíveis integrantes da associação criminosa apontada, a busca e apreensão domiciliar realizada nesta segunda-feira é consequência das diligências investigativas.
Por meio de nota, a defesa do empresário alegou que ele é “inocente de todas as acusações e que continuará colaborando com as autoridades”.