Falso médico preso em operação armou “casinha” para matar próprio pai
O estelionatário armou a emboscada para conseguir o dinheiro do seguro de vida da vítima, avaliado em R$ 400 mil
atualizado
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Nilbert Meira de Oliveira, 35 anos, (foto em destaque) falso médico que usava da profissão para aplicar golpes em mulheres no Distrito Federal, já havia sido preso em 2015 acusado de assassinar o próprio pai, o fotógrafo Albertino de Oliveira Marques. O crime ocorreu em maio de 2014, em Araripina, Pernambuco. O estelionatário armou a emboscada para conseguir o dinheiro do seguro de vida da vítima, avaliado em R$ 400 mil.
A Polícia Civil de Araripina concluiu que Nilbert pagou um homem para matar o pai e, de dentro de um carro, ficou aguardando o assassino executar o homem. Albertino foi morto enquanto chegava a uma casa que havia alugado no Bairro Bomba (PE). Com a morte da vítima, o único beneficiário do seguro seria o filho.
Após o assassinato, os suspeitos fugiram do local.
O crime cometido em maio de 2014 foi investigado durante um ano e Nilbert acabou preso em 2015, na cidade de Teresina (PI), pela equipe de policiais civis da 24ª DESEC de Araripina.
Falso médico
A investigação que resultou na prisão do “Don Juan” Nilbert nesta terça-feira (23/7), feita por policiais civis da 5ª DP (área central), iniciou-se após uma denúncia anônima. Segundo o denunciante, o golpista teria se apresentado como o médico Clodomir Junior a uma mulher em um evento, com quem logo teria iniciado um relacionamento amoroso.
Em uma das mensagens obtidas pela coluna, o estelionatário afirma para uma vítima que gostaria de beijá-la e de vê-la “cavalgando em cima” dele “que nem uma louca”.
Ouça:
“Quero fazer amor com você, estou com saudade. Quero beijar a sua boca, morder seus lábios, enfiar minha língua na tua orelha. Você cavalgando em cima de mim que nem uma louca, como se tivesse domando um cavalo selvagem. Ah, saudade, bom demais, mulher linda, gostosa”, afirmou o falso médico.
Além de médico, o golpista se passava por empresário e investidor para enganar vítimas e aplicar golpes milionários. Ele costumava contar vantagem, alegando ter grande influência, sempre ostentando riqueza em festas, bares e eventos na capital.
Segundo as informações obtidas pelas diligências da PCDF, essa seria a tática utilizada por Nilbert para se aproximar das vítimas e depois convencê-las a investirem grandes quantias e a fazerem empréstimos com a promessa do retorno de valores ainda mais altos.
O golpista, no entanto, usava o dinheiro das vítimas para cometer novos crimes financeiros e assumir novas identidades falsas, sempre mantendo uma vida de ostentação em festas, bares e eventos na capital federal.
Segundo a PCDF, ele mudava de casa frequentemente. A investigação revelou que Nilbert se associou a outras pessoas para cometer crimes financeiros e lavar dinheiro. Também foi cumprido um mandado de busca no último endereço do suspeito.
Crimes e ocorrências anteriores
Além de estelionato qualificado e associação criminosa, a investigação atual da PCDF indica a prática de ameaças e violência patrimonial, já que ele teria utilizado a relação afetiva para obter vantagens econômicas ilícitas. Os agentes apuram, ainda, o crime de lavagem de dinheiro, pois Nilbert teria ocultado e dissimulado os valores ilegais. A soma das penas máximas de todos os crimes mencionados totaliza 21 anos e 6 meses de reclusão.
Em 2022, uma outra pessoa relatou que Nilbert, seu ex-namorado, a perseguiu utilizando identidade falsa. No ano passado, vítimas descreveram que foram convencidas pelo homem a investir dinheiro e fazer empréstimos que nunca tiveram o retorno financeiro prometido.
Naquele ano, uma vítima afirmou que o suspeito a ameaçou pessoalmente e por meio de mensagens após uma transação comercial que não foi bem-sucedida. A mulher mencionou ameaças contra sua família.
Lavagem de dinheiro
Nilbert também é investigado pelos crimes de lavagem de dinheiro, pois teria ocultado e dissimulado os valores ilegais em uma tentativa de fugir das autoridades. Por esse motivo, as investigações também resultaram no bloqueio de R$ 400 mil nas contas dos investigados.
A coluna não localizou a defesa de Nilbert para comentar a prisão e as acusações. O espaço segue aberto.
Caso condenado, a soma das penas máximas de todos crimes associados ao suspeito totaliza 21 anos e 6 meses de reclusão.