Exército e PM entram em atrito e retirada de manifestantes do QG é cancelada
As ações, que contariam com a participação de servidores do DF Legal, estavam previstas para a manhã desta quinta-feira (29/12)
atualizado
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Um atrito entre oficiais do Exército Brasileiro e da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) levou ao cancelamento da operação de retirada dos manifestantes acampados há mais de dois meses no Quartel-General do Exército, em Brasília. As ações, que contariam com a participação de servidores do DF Legal, estavam previstas para a manhã desta quinta-feira (29/12).
A coluna teve acesso a um documento, assinado em 6 de dezembro, e enviado ao DF Legal e à Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP), no qual o Exército pede a retirada dos bolsonaristas. De acordo com o ofício classificado como “urgentíssimo”, a ação deveria ter ocorrido no dia 7 de dezembro, às 6h30. Mas foi remarcada para esta quinta-feira (29/12).
A reportagem também teve acesso a um outro documento assinado nesta quinta que define o papel de cada órgão na operação. A coordenação das ações ficou a cargo do Comando Militar do Planalto do Exército Brasileiro. Contudo, fontes ligadas à operação relataram à coluna que oficiais do Exército e da PMDF discutiram para ver quem teria o comando e faria a proteção dos servidores do GDF que lá estavam para trabalhar.
“O Exército tomou a frente. Porém, durante a operação não deu a proteção e nem deixou a PM entrar no acampamento. Por segurança, as equipes se retiraram, porque o Polícia do Exército ficou a distância e os manifestantes começaram a hostilizar os servidores”, afirmou a fonte, que pediu para não ser identificada.
Agora, a expectativa é que o próprio Exército retire os manifestantes, por ser a segunda vez que o GDF envia agentes ao local. Servidores argumentam que “os militares não fazem a proteção adequada e não permitem que a PM o faça também”.
O comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), coronel Fábio Augusto Vieira, nega que tenha ocorrido qualquer tipo de discussão entre as corporações.
“A coordenação da operação é do Exército. Tínhamos 500 policiais militares em condições, e o Exército desistiu da operação. Optou por eles mesmos fazerem a retirada do local. Não houve falta de segurança de nenhum servidor. Eles tentaram [uma ação] com o DF Legal e, quando viram que os manifestantes seriam hostis, desistiram da operação por entender que o Exército conseguiria fazer a operação sozinho”, pontuou o oficial.
Entenda
Forças de segurança estiveram em frente ao acampamento bolsonarista no Quartel-General do exército em Brasília, na manhã desta quinta-feira (29/12), para uma operação de retirada das barracas. As equipes deixaram o local algumas horas depois.
Três veículos do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), policiais militares de motos, um carro do Detran-DF e três automóveis da Secretaria de Proteção à Ordem Urbanística (DF Legal) passaram pela área e fizeram uma ronda em frente ao QG.
O clima entre os manifestantes ficou tenso diante da possibilidade de um embate. Os bolsonaristas ameaçaram quebrar carros do GDF e chutaram o veículo de um petista que passava pelo local. Veja:
Quando as forças de segurança do DF e o DF Legal recuaram, o clima entre os acampados era de vitória. “A gente tira na mão qualquer um que aparecer aqui dentro para expulsar a gente”, comentou um bolsonarista.
Questionada pela reportagem sobre o andamento da operação, a Secretaria de Segurança Pública do DF não se manifestou. A PMDF, em nota, disse apenas que a corporação “atuou apenas em apoio ao DF Legal e ao Comando do Exército”.
Também procurado, o Exército enviou nota explicando os motivos da suspensão da operação. Leia abaixo, na íntegra:
“O Centro de Comunicação Social do Exército informa que na manhã de hoje, 29 de dezembro, o CMP prosseguiu com os trabalhos para a retirada de estruturas em desuso no acampamento de manifestantes no Setor Militar Urbano (SMU), em Brasília (DF). A atividade foi conduzida em coordenação com os órgãos do Governo do Distrito Federal (GDF), mas foi suspensa no intuito de manter a ordem e a segurança de todos os envolvidos”.