Ex-PM mantido em cárcere foi ameaçado por sequestradores em delegacia
Segundo o boletim de ocorrência, criminosos “coagiram a vítima, na presença de policiais, a não falar demais”, pois seria “cobrado” depois
atualizado
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Resgatado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), em 4 de novembro, após ser mantido em cativeiro, o ex-PM e empresário Oséias Eustáquio Pereira (foto em destaque), 46 anos, foi ameaçado pelos sequestradores dentro da delegacia.
Conforme o boletim de ocorrência, os criminosos “coagiram Oséias, na presença de policiais, a não falar demais”, pois caso desse depoimento, seria “cobrado” depois. Segundo testemunhou um dos agentes, os sequestradores deram a “entender que se a vítima os delatasse, correria risco” de morte.
Oséias foi sequestrado e mantido em cárcere dentro de um quarto de hotel localizado em Taguatinga, desde 28 de outubro, para pagar suposta dívida de drogas. Durante o período em que foi privado de liberdade, o empresário foi dopado e agredido. Três dias após ser resgatado, o ex-PM morreu em uma clínica de reabilitação no Núcleo Rural Vargem da Bênção, em Planaltina (DF).
Sequestro
O caso começou a ser investigado quando uma mulher registrou boletim de ocorrência na 38ª Delegacia de Polícia (Vicente Pires), após ter o carro supostamente furtado.
No entanto, a dona do veículo começou a receber ameaças de desconhecidos por meio de ligações. Os criminosos diziam estar com o carro e mantinham o empresário em cativeiro, após ele entregar o automóvel como forma de pagamento na boca de fumo.
Com a intensificação das ameaças, os sequestradores exigiram que a denunciante transferisse a posse do carro ou pagasse R$ 30 mil, pois a vida do ex-companheiro dela estaria em risco caso a dívida de drogas não fosse quitada.
Desesperada, a mulher voltou à delegacia, o que levou os policiais a adotarem medidas imediatas. Um dos criminosos enviou uma localização à vítima, que fingiu concordar em pagar a dívida deixada pelo empresário.
Veja imagens do veículo:
Os policiais foram ao local indicado, um hotel na CSC 8 de Taguatinga Sul – área conhecida como ponto de tráfico de drogas –, onde encontraram o veículo com os traficantes e o empresário visivelmente sob efeito de medicamentos.
Durante a operação, os policiais apreenderam facas, celulares e drogas, como crack. Os três sequestradores foram presos em flagrante e reconhecidos pelo ex-PM como os responsáveis pela extorsão.
O empresário contou que chegou a receber drogas antes de ficar trancado no quarto, ser dopado constantemente com Clonazepam e sofrer agressões dos criminosos desde 28 de outubro.
Além disso, disse ter sido levado a um cartório em Samambaia, para assinar uma procuração de transferência do veículo, sob ameaça de que só seria liberado após a assinatura ou o pagamento de R$ 30 mil.
Prisão em flagrante
Durante a operação, os policiais apreenderam facas, celulares e drogas, como crack. Os três sequestradores foram presos em flagrante e reconhecidos pelo empresário como os responsáveis pela extorsão.
Caso os laudos do Instituto de Medicinal Legal (IML) confirmem que a morte do empresário está ligada ao fato de ele ter sido severamente dopado por oito dias, os sequestradores podem ter a pena duplicada pelo crime hediondo — o tempo de prisão pode chegar a 30 anos, segundo a PCDF.
Os investigados também devem responder por extorsão mediante sequestro, tráfico de drogas e associação para o tráfico de entorpecentes.