Em mensagens, servidora desabafou sobre companheiro: “Bebe e me ataca”
Ao longo dos últimos meses, Cinthia Maria Santos Domingues de Oliveira narrava uma rotina de medo e violência imposta pelo companheiro
atualizado
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A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) teve acesso a mensagens de WhatsApp enviadas pela servidora da Defensoria Pública Cinthia Maria Santos Domingues de Oliveira (foto em destaque), 42 anos, a amigos.
Em momentos de desespero, a gestora em Políticas Públicas e Gestão Governamental narrava uma rotina de medo e violência promovida pelo companheiro, Eder Ubaldo de Lima Gonçalves, 42. A mulher foi encontrada sem vida no quarto do apartamento em que morava, no Guará II, na manhã da última segunda-feira (18/9).
A troca de mensagens está sendo investigada pela 4ª Delegacia de Polícia (Guará). O celular de Cinthia foi enviado ao Instituto de Criminalística (IC) para análise. Pânico do companheiro por causa da relação turbulenta, receio de sofrer mais agressões e preocupação com a saúde mental eram os principais assuntos das conversas entre Cinthia e uma amiga. A PCDF aguarda a conclusão de exames do Instituto Médico Legal (IML) para determinar a causa do óbito.
Em um dos diálogos, a servidora conta que já estava sem forças para sustentar o relacionamento. “Estou sem forças. Estou com medo de ficar só”. Em outro trecho, Cinthia relatava o medo e o desespero que sentia quando Eder ingeria bebidas alcóolicas: “Tenho medo dele. Bebe e me ataca. Ninguém liga mais”, desabafou.
Veja mensagens trocadas entre a servidora e uma amiga:
O caso
Na manhã que a servidora morreu, socorristas do Corpo de Bombeiros e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) tentaram reanimá-la, mas não obtiveram sucesso. A coluna apurou que o corpo da vítima foi mexido antes da chegada de policiais civis da 4ª Delegacia de Polícia (Guará), unidade que investiga o caso.
Eder teria dito que a esposa cometeu suicídio em decorrência da ingestão de altas doses de medicamentos, mas parentes e amigos de Cinthia duvidam dessa versão.
Ainda segundo relatos de pessoas do convívio da servidora pública, Cinthia teria pedido ao companheiro que não dormisse no mesmo quarto, pois ela queria passar a noite sozinha.
Veja imagens da servidora pública:
Morte suspeita
Colegas que trabalharam com Cinthia na Defensoria Pública do DF ouvidos pela reportagem foram unânimes em dizer que ela “vivia roxa” e era constantemente vítima de violência doméstica. Outra situação intrigante é que, após a morte dela, familiares teriam sido proibidos pelo companheiro de Cinthia de entrarem no apartamento.
Outro fato de amigos rechaçarem a tese de ato contra a própria vida é porque Cinthia estava planejando com entusiasmo uma nova vida. Quem conviveu com a servidora lembra como ela era alegre, divertida e valorizava momentos com a família.
Segundo o delegado-chefe da 4ª DP, Anderson Espíndola, um inquérito foi instaurado para apurar as circunstâncias da morte. “Estamos aguardando alguns laudos que são importantes para a investigação, como o exame histopatológico, que irá apontar, se houver substâncias, quais as quantidades encontradas no organismo da vítima”, explicou.
O que diz o advogado de Eder Ubaldo
O advogado de Eder se manifestou por meio de nota. Leia abaixo, na íntegra:
“A Cinthia vinha enfrentando problemas psiquiátricos e lutando contra a dependência em remédios antidepressivos e tinha diversas variações de humor decorrentes da utilização desses medicamentos. Durante os 08 anos de relacionamento do casal, jamais houve qualquer ocorrência de violência doméstica. No momento do registro da ocorrência, vizinhos e a administração do condomínio confirmaram que jamais houve qualquer incidente que fugisse da normalidade. Dessa maneira não tem conhecimento do teor das mensagens, tampouco das circunstâncias do envio das mesmas, reiterando que jamais ocorreu qualquer situação de violência doméstica entre o casal.”