Dono do Pódion denunciou abusos, ameaças e gasto indevido de R$ 20 mil
Patrimônio de R$ 100 milhões de Ismael Leite Xavier está no centro de batalha judicial. Três delegacias investigam denúncias sobre o caso
atualizado
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Antes de morrer em maio último, Ismael Leite Xavier (foto em destaque), um dos fundadores do Colégio Pódion, procurou a Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa (Decrin) para denunciar supostos abusos, ameaças, a retenção de documentos pessoais e um gasto indevido de R$ 20 mil com dinheiro da aposentadoria dele.
No entanto, a pedido do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), o caso acabou arquivado. Ainda assim, como revelado pela coluna Na Mira, três delegacias atualmente investigam denúncias de fraude, falsidade documental e supostos desvios do patrimônio de Ismael Xavier, avaliado em R$ 100 milhões.
Agora, a viúva do empresário, Marlise Levorsse, e os filhos dele, de outro casamento, estão no centro de uma disputa milionária marcada por ameaças e manobras jurídicas.
A história de Ismael e de Marlise, fundadores do colégio, chegou ao fim em janeiro de 2024. À época, o empresário de 80 anos, debilitado em decorrência de um acidente vascular cerebral (AVC), pediu a separação da companheira, que tinha 61.
Quando procurou a Decrin, o educador enfrentava dificuldades de locomoção e dependia de cuidados. Naquele período, ele teria chegado a enviar mensagens à companheira, pedindo dinheiro para comer, pois estava sem recursos básicos, segundo relato dos filhos.
Investigações de fraude
A segunda investigação envolve um inquérito aberto pela 5ª Delegacia de Polícia (Área Central) para apurar o suposto crime de falsidade documental em um abaixo-assinado apresentado por Marlise em um processo que corria na Justiça.
O documento havia sido juntado por um dos advogados dela para sustentar o argumento de que Ismael era repudiado pela comunidade dos professores e que todos apoiavam a retomada de Marlise à administração do Pódion, medida solicitada ao Judiciário. A intenção com o abaixo-assinado era de que o casal mantivesse a administração da empresa em conjunto.
O documento, contudo, foi anexado sem folha de rosto e, segundo as apurações da 5ª DP, os professores consideravam Ismael querido na escola. O inquérito relativo ao abaixo-assinado foi concluído, com apontamento do advogado de Marlise como responsável pela fraude, e encaminhado à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Outro inquérito é apurado pela Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, a Propriedade Imaterial e a Fraudes (Corf), da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). A investigação é focada em uma denúncia contra Marlise, que foi acusada de transferir indevidamente mais de R$ 2 milhões do colégio para uma conta particular, após ser destituída da administração do Pódion.
Ela alegou, porém, que a ação visava proteger o patrimônio empresarial, enquanto os advogados dos herdeiros de Ismael classificaram o ato como crime de fraude e abuso de poder.
Desavenças
Os advogados que defendem os filhos de Ismael afirmaram que as desavenças com a viúva envolvem o registro de quatro ocorrências policiais e duas notícias-crime, uma delas em trâmite no MPDFT.
As ocorrências mencionam abusos contra idoso, perturbação, falta de cuidados, transferências de valores indevidos, uso de abaixo-assinado com finalidade diversa da inicialmente divulgada.
Advogado dos herdeiros de Ismael, Cristiano de Freitas Fernandes comentou que, após a morte do educador, os herdeiros do milionário assumiram as disputas judiciais e têm enfrentado “resistência contínua” por parte de Marlise, que supostamente teria impedido até o acesso dos filhos do empresário ao colégio.
“Para agravar a situação, Marlise abriu uma nova empresa, no mesmo endereço e com a mesma equipe do Colégio Pódion, matriculando alunos sob um novo CNPJ [Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica]. Acrescentamos que a ação configura sucessão empresarial fraudulenta e concorrência desleal”, completou o advogado.
Procurado pela coluna Na Mira para comentar sobre as investigações da PCDF e os processos que correm na Justiça, o advogado de Marlise, Danny Cabral Gomes, respondeu que não comenta casos sub judice.
“Os autos são públicos e, lá, é possível verificar que todos os argumentos contra a senhora Marlise não são verdadeiros, como até agora vem entendendo o Poder Judiciário”, resumiu Danny.