“Deram um tapa na cara”, diz idoso agredido por fugitivos de Mossoró
Testemunha detalhou que estava sozinha quando criminosos chegaram à fazenda em que ele trabalha. “Eu estava dormindo na cadeira de balanço”
atualizado
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A coluna Na Mira teve acesso ao depoimento da última testemunha a ter contato com os fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN), Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça (ambos na foto em destaque).
O depoente trabalha como caseiro em um galpão agrícola, em uma fazenda do Assentamento Vitória, na zona rural de Baraúna (RN). Ele contou que o local foi invadido na madrugada do último domingo (3/3) e que chegou a ser agredido pela dupla com um “tapa na cara”.
Fugitivos de Mossoró estão feridos e acuados. Buscas chegam ao 22º dia
O trabalhador detalhou que estava sozinho quando os criminosos chegaram. “Eu estava dormindo na cadeira de balanço quando me renderam. Colocaram uma espécie de cano nas minhas costas, mas não consegui ver se era uma arma. Perguntaram se eu tinha celular ou dinheiro, e eu disse que não”, relatou.
Ainda segundo a testemunha, um dos fugitivos usava apenas bermuda e boné branco; o outro vestia bermuda e uma camisa vermelha.
“Chegaram a perguntar se meu patrão tinha dinheiro. Eu disse que não e que, às vezes, ele nos pagava com comida. Então, questionaram o que tinha para comer e me fizeram buscar três pacotes de biscoito e dois de bolo. No fim, me deram um tapa na cara. Fiquei paralisado, com medo. Só consegui pedir para meu chefe ligar para a polícia de manhã”, completou. A vítima identificou o agressor como Rogério.
Escassez de comida
Fontes também relataram à reportagem que um dos bandidos está mancando e ferido. A região em que a dupla está escondida tem mata densa e “uma infinidade” de animais peçonhentos. E, apesar de a área ter fartura de plantações de frutas e hortaliças, os criminosos enfrentam a escassez de comida.
Uma moradora de Vila Nova 2, na mesma região, disse ter visto os fugitivos com as roupas sujas, enquanto comiam banana em uma plantação. O encontro inesperado ocorreu na noite da última quinta-feira (29/2).
Assustada, a testemunha, que estava com crianças, gritou por socorro. Em seguida, os criminosos correram para o matagal e não foram mais encontrados. Como a coluna Na Mira mostrou, o policiamento está reforçado na área.
Perdidos
Enquanto fogem de um forte aparato policial, os criminosos parecem estar perdidos. Rastros apontam que a dupla estava perto da divisa do Rio Grande do Norte com o Ceará quando passou a retornar, por cerca de 8 km, em direção à Penitenciária Federal de Mossoró, onde os dois estavam presos.
Os criminosos passaram cerca de oito dias escondidos em uma casa, em uma área isolada de Três Veredas, a cerca de 10km do centro de Baraúna. Contudo, em vez de se afastarem, seguiram no caminho inverso, no sentido da penitenciária, na região de Riacho Grande.
A dupla foi vista pela última vez em uma plantação de bananas e milho. O local é próximo à Reserva Nacional da Furna Feia, onde estão concentradas equipes da força-tarefa. A área foi completamente cercada.
O território é rico em cavernas e conta com diversas propriedades para cultivo de frutas e legumes. Veículos de passeio e transporte de cargas são vistoriados minuciosamente por policiais em todas as entradas e saídas dos povoados.
Comparsas presos
Um homem que não teve a identidade revelada acabou preso na quinta-feira (29/2), em Fortaleza (CE), sob suspeita de ajudar os dois presidiários fugitivos. No total, seis pessoas foram detidas desde o início das buscas.
Os investigadores detalharam que o suspeito seria um “parceiro forte” dos fugitivos. A polícia também acredita que outras pessoas estejam ajudando os presidiários na fuga.
Dos seis presos por ajudarem a dupla, dois foram flagrados com drogas e armas. Um terceiro tinha mandado de prisão em aberto em nome dele e foi detido pela Polícia Federal (PF) no povoado de Quixabeirinha, em Mossoró.
Os fugitivos ficaram escondidos por oito dias no terreno do mecânico Ronaildo da Silva Fernandes, 38 anos. Os investigadores descobriram que ele teria recebido R$ 5 mil para deixar Deibson e Rogério se esconderem no local. O dono da área foi preso na última segunda-feira (27/2).
Um irmão de um dos fugitivos também está detido. Ele tinha condenação por roubo e participação em organização criminosa, além de ter um mandado de prisão em aberto.
Buscas
Cerca de 600 policiais, inclusive 100 integrantes da Força Nacional, estão envolvidos na megaoperação de procura pelos fugitivos. Drones e helicópteros também são usados nas buscas.
A população informou que policiais têm feito visitas domiciliares e espalhado cartazes com imagens dos fugitivos, acompanhadas de números de telefone para denúncias anônimas.
O Estado ainda ofereceu recompensa de R$ 15 mil para quem fornecer informações precisas sobre o paradeiro da dupla.