Delegado da PCDF avisou a Robson que ex-namorada estava na delegacia
O delegado Thiago Peralva ocupava a chefia da 19ª DP quando ajudou Robson Cândido a perseguir ex-namorada
atualizado
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O delegado Thiago Peralva, que comandava a 19ª Delegacia de Polícia (Ceilândia Norte), foi denunciado novamente pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Ele é acusado de estar envolvido no monitoramento ilegal de uma ex-namorada do então delegado-geral da Polícia Civil (PCDF), Robson Cândido. Na nova denúncia, o MP afirma que Peralva avisou Robson quando a jovem estava na delegacia prestando queixa contra ele.
Peralva está afastado do cargo e aguarda o julgamento em liberdade. Ele utilizava o sistema de monitoramento da PCDF para acessar a localização da ex-namorada de Robson em tempo real e, assim, informa-lo sobre o paradeiro da jovem.
Na nova denúncia, os promotores afirmam que o delegado fez diversos acessos à localização da vítima no dia em que ela foi até a 27ª DP (Recanto das Emas) para denunciar Robson. Nesse dia, Peralva acessou ilegalmente o GPS da jovem sete vezes.
“Conforme dados enviados pela operadora, Thiago Peralva inseriu o número da vítima em uma operação e fez consultas diárias e por diversas vezes, totalizando nada menos que 58 acessos válidos entre 26/09/2023 e 02/10/2023”, diz o MP.
Ainda de acordo com os promotores do caso, todos os acessos realizados por Peralva tiveram o único objetivo de municiar Robson quanto aos passos da então namorada, “o que culminou, por diversas vezes, em perseguições e aproximações físicas indesejadas em diversos pontos de Águas Claras”.
Medidas cautelares
Na primeira denúncia, o MP requereu a prisão preventiva do delegado Thiago Peralva. O pedido, porém, foi negado pelo juiz que, como medida cautelar diversa, impôs o uso de tornozeleira eletrônica e o afastamento das funções e proibição de se aproximar de envolvidos no caso e nas investigações.
Nessa nova denúncia, o MP reforçou que é necessário manter as medidas cautelares. “Autorizar o retorno do denunciado ao exercício das atividades policiais, com acesso a todos os sistemas, às investigações em andamento, às informações sobre a vítima e acesso a outros policiais, representa um risco à ordem pública, não só para a sociedade e para a segurança pública, como para a PCDF. Por isso, devem ser mantidas as medidas cautelares de monitoramento eletrônico, afastamento da função pública e todas as demais fixadas por este Juízo”.
Entenda o caso
Robson Cândido deixou o cargo de diretor-geral da PCDF em 2 de outubro, após ser denunciado pela esposa e pela mulher, que alegou ter tido um relacionamento amoroso com ele. A vítima nega e diz que o delegado já estava separado da esposa Em seguida, ele se aposentou. O comunicado saiu no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) em 17 de outubro.
A esposa de Cândido e a outra mulher procuraram a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), na Asa Sul, e acusaram o delegado pelos crimes de perseguição e ameaça.