CV: policiais civis presos por tráfico foram promovidos por “bravura”
Alguns policiais presos também participaram de troca de tiros com traficantes e operação mais letal da história do Rio, no Jacarezinho
atualizado
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Os policiais civis presos pela Polícia Federal (PF) na manhã desta quinta-feira (19/10) tinham extenso currículo e até mesmo elogios em suas fichas profissionais. Os servidores foram alvo da Operação Drake por envolvimento com a principal facção criminosa do Rio de Janeiro, o Comando Vermelho (CV).
Quatro policiais civis e um advogado são suspeitos de negociar e entregar um carregamento de 16 toneladas de drogas em favela dominada pelo crime organizado.
Os servidores são: Alexandre Barbosa da Costa Amazonas, ex-agente da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC); Eduardo Macedo de Carvalho, também ex-agente da DRFC; Juan Felipe Alves da Silva, ex-chefe de investigações da DRFC; e Renan Macedo Guimarães, ex-agente da DRFC. Além dos policiais, o advogado Leonardo Sylvestre da Cruz Galvão foi preso.
Juan Felipe Alves da Silva, assim como Eduardo Macedo de Carvalho, chegou a ser promovido “por ato de bravura”.
Silva também participou de fatos emblemáticos, como a morte do traficante Nicolas Labre Pereira de Jesus, o Fat Family, após troca de tiros, em 2016, no Rio de Janeiro. O ex-chefe de investigações da DRFC também atuou na operação mais letal da história do Rio, no Jacarezinho.
Durante as buscas realizadas pela PF, os investigadores apreenderam grande quantidade de dinheiro, em espécie, na casa de um dos policiais. A residência fica na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro.
Operação Drake
Nesta manhã, cerca de 50 policiais federais cumpriram cinco mandados de prisão preventiva e seis de busca e apreensão, expedidos pela 1ª Vara Criminal da Comarca de Resende (TJRJ), na capital fluminense e em Saquarema (RJ).
Os endereços são ligados aos criminosos, já denunciados pelo Ministério Público, e incluem a Cidade da Polícia Civil, especificamente na Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas.
Comando Vermelho (CV)
Segundo a investigação, que começou após ação integrada do serviço de inteligência da Polícia Rodoviária Federal (PRF) com a PF, na comunicação e no monitoramento do veículo suspeito, duas viaturas ostensivas da DRFC, da PCERJ, abordaram um caminhão carregado com 16 toneladas de maconha, na divisa de São Paulo com o Rio de Janeiro.
Após escoltarem o caminhão até a Cidade da Polícia Civil, os policiais civis negociaram, por meio de um advogado, a liberação da carga e a soltura do motorista, mediante pagamento de propina.
Com a concretização do pacto criminoso, três viaturas ostensivas da DRFC escoltaram o caminhão até os acessos de Manguinhos, comunidade vinculada ao Comando Vermelho. Em seguida, os criminosos da facção descarregaram a maconha.
O trabalho de investigação foi desenvolvido pelo Grupo de Investigações Sensíveis da PF (Gise/RJ) e pela Delegacia de Repressão a Drogas, junto à Promotoria de Justiça de Investigação Penal de Resende do Ministério Público, com auxílio de promotores de Justiça.
Para cumprimento dos mandados, a PF teve apoio da Corregedoria da PCERJ. O nome da operação remete ao pirata e corsário inglês Francis Drake, que saqueava caravelas que transportavam material roubado e se julgava isento de culpa em razão da origem ilícita dos bens.