Condenado por pirâmide da Kriptacoin é preso em nova operação da PCDF
Marcos Kazu foi condenado a 10 anos, quatro meses e 24 dias de reclusão, pelos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa
atualizado
Compartilhar notícia
Um dos alvos da Operação Fênix, deflagrada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) nesta manhã, para desarticular organização criminosa especializada em lavagem de dinheiro, estava com mandado de prisão em aberto por envolvimento em outro esquema criminoso.
Marcos Kazu foi condenado a 10 anos, quatro meses e 24 dias de reclusão, pelos crimes de lavagem de capitais e organização criminosa, em regime inicialmente fechado. A ação policial ocorreu nas primeiras horas desta quinta-feira (2/3).
Kazu era um dos laranjas responsáveis por abrir empresas de fachada para lavar dinheiro obtido por meio da moeda virtual Kriptacoin. A quadrilha movimentou R$ 250 milhões com esquema da pirâmide e deixou cerca de 40 mil pessoas no prejuízo.
A moeda digital foi criada pelos irmãos Welbert Richard Viana Marinho e Weverton Viana Marinho, ambos também foram presos na ação deflagrada pela Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, a Propriedade Imaterial e a Fraudes (Corf).
Operação Fênix
Os policiais apreenderam, na manhã desta quinta-feira (2/3), seis veículos — entre eles duas Mercedes-Benz e uma Maserati —, durante a Operação Fênix
As equipes também localizaram valores em espécie, além de relógios e bebidas importadas. Na casa de um dos investigados, os policiais encontraram R$ 130 mil em dinheiro. A quantia estava escondida em uma caixa de papelão coberta com papéis.
Veja imagens da operação desta manhã, no Taguaparque:
Ações também ocorreram no Guará 2:
Ao todo, a Corf cumpriu seis mandados de prisão preventiva e 11 de busca e apreensão, nas seguintes regiões administrativas: Águas Claras, Ceilândia, Cruzeiro, Guará, Taguatinga e Vicente Pires, além da cidade catarinense de Balneário Camboriú. O bando é acusado de usar ao menos cinco empresas, em nomes de familiares e de terceiros, para lavar dinheiro de origem ilícita.
🚨Agora: a Polícia Civil do DF faz operação para desarticular uma organização criminosa especializada em lavagem de dinheiro. A coluna Na Mira apurou que os alvos principais são os irmãos Welbert Richard Viana Marinho e Weverton Viana Marinho pic.twitter.com/OEFSFhWywM
— Metrópoles (@Metropoles) March 2, 2023
🚨🚨 Durante a operação, os policiais apreenderam um #Maserati preto em um dos locais alvo de mandado de busca e apreensão em #SantaCatarina #PCDF pic.twitter.com/BV3vbCrZqn
— Metrópoles (@Metropoles) March 2, 2023
Irmãos investigados ostentavam nas redes sociais, veja:
Empregada doméstica
Uma mulher que trabalha como empregada doméstica foi escolhida, segundo as investigações, para figurar como sócia-proprietária de uma das empresas usadas no esquema criminoso. Os testas de ferro, mesmo sem capacidade financeira para operacionalizar grandes negócios, também faziam transferências de valores entre si, para ocultar a movimentação e a propriedade dos bens de origem ilegal.
Os donos reais do dinheiro e das empresas seriam justamente os irmão Welbert Richard e Weverton. Os negócios envolvem construtora, holding, hotel, financeira, entre outros negócios. A exemplo da época em que faturaram milhões com o golpe da Kriptacoin, os suspeitos permaneciam nas redes sociais ostentado uma vida de luxo e glamour, a bordos de carrões superesportivos e iates.
O objetivo era atrair clientes e investidores que comprassem apartamentos em prédios erguidos por uma construtora ligada aos irmãos. A PCDF detalhou que as propriedades não têm escritura nem alvará. Os imóveis foram erguidos em Vicente Pires e na Colônia Agrícola Samambaia. Um deles é o Residencial Ravi. O grupo também se articula para vender cotas de um hotel e de empreendimentos de altíssimo padrão, no litoral de Santa Catarina.
Veja um dos alvos da Operação Fênix a bordo de Maserati:
Os presos na Operação Fênix responderão por crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa e falsidade ideológica, cujas penas podem ultrapassar 18 anos de prisão.
Kriptacoin
Os suspeitos criaram a moeda virtual no fim de 2016 e, a partir de janeiro de 2017, passaram a convencer investidores a aplicar dinheiro na Kriptacoin. A organização criminosa atuava por meio de laranjas, com nomes e documentos falsos, segundo as investigações.
O negócio, que funcionava em esquema de pirâmide, visava apenas encher os bolsos dos investigados. E, de acordo com o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), alguns deles tinham diversas passagens pela polícia, por uma série de crimes — entre eles, estelionato.
Os irmãos não tinham nomes publicados no site da empresa nem constavam como sócios nos dados da Receita Federal, mas se apresentam como presidentes do grupo.
À época, durante um mês, o Metrópoles acompanhou as atividades da Kriptacoin e, também, apurou denúncias contra os presidentes e outros integrantes do esquema. Na apresentação do plano de compensação, eles ofereciam aos potenciais clientes participação nos valores de R$ 1 mil, R$ 3 mil e R$ 21 mil, com 1% de ganho por dia, independentemente do crescimento da moeda.
O maior foco era dado à indicação de novos “investidores”, que podiam gerar ganhos de 10% do valor investido e um bônus de 30% por parte da equipe menor. A atividade mostrava que, apesar de a Wall Street Corporate alegar, em algumas ocasiões, não ser empresa de marketing multinível, ela dependia da indicação de novos afiliados e pagava em níveis, em um sistema chamado “binário”.