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Colombianos no DF agem da mesma forma que agiota morto no Entorno

Coluna Na Mira conversou com vítimas do esquema que conseguiram escapar da rede de extorsão e ameaça após fugirem ou quitarem o que deviam

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O colombiano Julián Nieto Acevedo, que foi estrangulado e teve o corpo carbonizado em uma área de mata em Águas Lindas (GO), morreu após cobrar uma dívida dos próprios assassinos. Dois suspeitos de cometer o homicídio foram presos durante uma operação conjunta deflagrada nesta terça-feira (29/10) pelas polícias Militar e Civil goiana. A vítima teria envolvimento com agiotagem e recolhia o pagamento de clientes com prestações atrasadas.

Embora as investigações ainda não tenham apontado vínculos entre os casos, agiotas colombianos promovem um outro esquema, enraizado no Distrito Federal, com empréstimos de dinheiro a juros exorbitantes para comerciantes de várias regiões administrativas da capital do país.

A coluna Na Mira conversou com vítimas que conseguiram escapar da rede de extorsão e ameaças após quitarem o que deviam ou fugirem do DF, mas afogadas em dívidas. Sem se identificar, um comerciante em Brazlândia que pegou dinheiro com os colombianos ao logo de todo o ano passado contou como os criminosos agem.

Veja imagens dos panfletos distribuídos pelos agiotas colombianos:

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Ameaças diárias

Os agiotas andam sempre em dupla e percorrem comércios entregando cartões e panfletos com a oferta de empréstimos de dinheiro, segundo a vítima. “Acabei virando cliente. Eu pagava 20% de juros sobre o valor total diluído em um prazo de 2o dias. Com isso, eles passam diariamente para recolher os juros”, relatou.

No entanto, caso a parcela diária atrase, quem tomou o empréstimo começa a sofrer ameaças pessoalmente dos criminosos, que fazem as cobranças. “Eles emprestam dinheiro aos comerciantes justamente para pegar as mercadorias [das vítimas] caso [elas] não consigam pagar. Se o cliente não entrega o valor diário, a dívida dobra no dia seguinte. Assim, a conta se torna uma bola de neve”, detalhou.

O comerciante ouvido pela coluna Na Mira relatou, ainda, que os colombianos não aceitam qualquer outra forma de pagamento que não seja dinheiro vivo. “Eles não recebem nem Pix. Por sorte, consegui juntar o valor que eu devia relativo a um empréstimo de R$ 2 mil e quitei. Nunca mais me envolvi com eles”, acrescentou.

 Fuga para sobreviver

Outra vítima dos colombianos não teve a mesma sorte. O dono de um comércio em Ceilândia não conseguiu arcar com os juros das parcelas diária, e a dívida chegou a R$ 70 mil. A saída encontrada por ele foi vender tudo que tinha e fugir do DF, antes que fosse morto.

Em 2014, a Coordenação de Repressão às Fraudes (Corf) da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), prendeu 17 colombianos acusados pelo mesmo crime praticado atualmente por grupos organizados.

As investigações comprovaram que eles emprestavam dinheiro a juros de 20% e que o valor deveria ser pago em 20 dias. Essa foi a primeira fase da Operação Bacrim. A segunda ocorreu em 2016.

Além disso, as apurações revelaram que, a cada R$ 10 mil, os agiotas cobravam, diariamente, de segunda-feira a sábado, R$ 600 – o equivalente a juros de 6%. À época, os presos chegaram a justificar que a prática é legalizada na Colômbia.

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