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“Chorava muito”, diz empresária após lipo com “Médico das Estrelas”

Empresária de 29 anos passou por procedimento conhecido como Lipo HD feito por Wilian Pires. Desde então, ela sofre com sequelas da operação

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médico ao lado de paciente com necrose
1 de 1 médico ao lado de paciente com necrose - Foto: Reprodução

“Cada dia é bem difícil”. Assim a empresária Sayara Karyta de Sousa Rego, 29 anos, define a vida após passar por um procedimento conhecido como Lipo HD (“High Definition”) ou Lipo LAD – Lipoaspiração de Alta Definição –, na barriga e nas costas. Após a intervenção, feita pelo cirurgião plástico Wilian Pires, 37, popularmente chamado de “Médico das Estrelas”, a paciente teve necrose na região do ventre e ficou com queloides severas.

“Minha vida ficou muito mais complicada depois do procedimento, principalmente em questão de auto-estima”, relatou Sayara ao Metrópoles. “Cada dia é bem difícil; até ficar olhando para minhas costas. Tem dia em que vou ver se está melhorando, mas há dias em que não consigo.”

Sayara passou pelo procedimento com Wilian (à direita na foto em destaque) em 2020. Depois das complicações, ela o processou por suposto erro médico e, até hoje, tenta lidar com as consequências da operação.

“Ainda me afeta quando vou passear em praia ou piscina e poderia usar um biquíni, mas eu não uso mais. Não uso cropped ou qualquer roupa que mostre as costas”, completou Sayara.

Medo de morrer

A empresária havia procurado o “Médico das Estrelas” para remover uma gordura localizada que a incomodava, na região da barriga e das costas. Na consulta pré-operatória, Wilian chegou a dizer que conseguiria definir melhor os músculos da paciente.

Ele também afirmou que os cortes seriam pequenos, com cerca de 1 centímetro cada, e que o resultado final poderia ser observado só após algumas semanas, devido a possíveis edemas e inchaço.

Sayara desembolsou R$ 15 mil para fazer a lipo com Wilian, em Goiânia (GO). No entanto, nos primeiros dias após a operação, estranhou as feridas que surgiram pelo corpo dela e suspeitou que não fossem hematomas comuns de uma lipoaspiração.

Ao procurar o médico, ele teria dito à paciente que, apesar de raras, complicações pós-operatórias poderiam ocorrer, como necrose e queimaduras, mas que nenhuma paciente que ele havia operado até então havia apresentado lesões semelhantes às dela.

“Eu fiquei em choque, chorava. Vi que eu tinha acabado com minha vida ao procurar melhorar fisicamente. Agora, só tenho cicatrizes. Dias depois, tive trombose”, disse Sayara, que acrescentou ter ficado com medo de morrer.

Veja como ficou corpo da empresária:

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Em 12 de setembro de 2020, ela procurou a emergência de um hospital particular, com suspeita de trombose. Exames médicos confirmaram o diagnóstico, e ela precisou ser internada.

Como não tinha plano de saúde nem recursos financeiros para arcar com as despesas da internação, a empresária pediu ajuda a Wilian para transferi-la a um hospital público. Contudo, no dia seguinte, após ser medicada e apresentar melhora do quadro, recebeu alta antes da mudança de unidade de saúde.

Necrose avançada

Insegura diante das complicações, a empresária procurou outro cirurgião plástico para examinar as lesões. O médico descobriu que havia uma necrose de grau elevado em grande área do dorso de Sayara, na altura da cintura, e de menor intensidade na região da espinha ilíaca esquerda e supra umbilical.

O profissional atestou que as lesões apresentavam afundamento característico de “lipo muito superficial”. Em fevereiro de 2020, cerca de cinco meses após o procedimento estético, a empresária retornou ao médico que fez essa avaliação. Ele indicou tratamento com fisioterapia voltado para recuperação da ferida por 12 meses e a orientou a iniciar novas etapas apenas quando a pele da região estivesse com a “consistência normalizada”.

O cirurgião verificou que a “necrose pode ter sido ocasionada por infiltração de solução com vasopressor muito concentrada ou muito superficial, ou por lipoaspiração muito superficial”, o que indica a existência de erro médico.

Quem é Wilian Pires?

Goiano, Wilian é formado pela Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS), em Brasília (DF); fez residência em cirurgia geral no Hospital das Forças Armadas (HFA); além de cursos nos Estados Unidos, na Colômbia e na República Dominicana. O médico também tem especializações em lipo de alta definição, mamoplastia e mastopexia.

“Comecei a faculdade no Tocantins. Depois, consegui transferência para Brasília, e por lá fiquei, em torno de 10 anos, até me tornar cirurgião plástico. Fiz e continuo correndo atrás de cursos no Brasil e fora do país, a fim de aprimorar as técnicas da cirurgia plástica e trazer, de todos os cantos do mundo, o que temos de melhor na área e na experiência do paciente para nossas estrelas”, disse ele nas mídias sociais.

Entre pessoas conhecidas e atendidas pelo médico estão a ex-BBB Paula Freitas e a influencer Paula Carolyne.

Condenação

No último dia 27, Wilian foi condenado a dois anos de prisão e ao pagamento de 10 dias-multa, calculados em cima de um trigésimo do salário mínimo vigente à época dos crimes, segundo decisão à qual o Metrópoles teve acesso.

Ao médico, contudo, foi oferecida pena restritiva de direitos no lugar da pena restritiva de liberdade. Além disso, ele poderá recorrer ao processo fora da cadeia.

“O denunciado foi condenado por prática de associação criminosa e estelionato. As penas de reclusão devem ser somadas na forma do artigo 69 do Código Penal. Assim, procedo à cumulação das penas, resultando, definitivamente, em dois anos de reclusão e 10 dias-multa, calculados à razão de 1/30 do salário mínimo vigente à época do fato”, determinou o juiz responsável pelo processo.

Veja imagens de Wilian Pires:

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Médico ostenta vida de luxo nas mídias sociais
Ele também esteve no Egito
E passeou por outros países africanos
Wilian Pires estava entre alvos de mandado de busca cumprido pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF)
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Wilian Pires comemorou um dos aniversários em Fernando de Noronha (PE)

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Médico ostenta vida de luxo nas mídias sociais

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Ele também esteve no Egito

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Wilian Pires estava entre alvos de mandado de busca cumprido pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF)

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Defesas

Procurado pela coluna na Mira, o médico informou, por meio de nota, que “ainda não foi notificado oficialmente da decisão judicial que o condena por prática de associação criminosa e estelionato, no caso do incêndio de uma lancha em 2019 no Lago Corumbá, em Caldas Novas”.

“A equipe jurídica do médico deve recorrer e prestar todos os esclarecimentos à Justiça. Apaixonado por viagens, Wilian Pires está em viagem com os pais no Canadá, onde também aproveita para trocar experiências com outros cirurgiões plásticos”, diz o texto.

Leonardo Nascimento e Raquel Alves, advogados de Sayara, ressaltam que, embora o recurso tenha sido parcialmente provido para aumentar a indenização da paciente, o valor fixado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) ainda não é suficiente para compensar o dano moral e estético sofrido pela empresária.

“Além disso, não leva em conta a capacidade econômica do réu, evidenciada por uma vida de luxo que [ele] ostenta nas redes sociais”, completaram, também por meio de nota.

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