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Cerco à affair de Robson Cândido põe chefe do Detran na mira do MP

Cândido pode ter usado de seu prestígio para obter, no Detran-DF, informações que revelaram por onde a mulher transitava

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1 de 1 Detran - Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Atual diretor do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), o agente aposentado da Polícia Civil do DF (PCDF) Takane Kiyotsuka do Nascimento deve ser o próximo a prestar esclarecimentos ao Ministério Público (MPDFT) em investigação que apura o uso indevido de sistemas restritos para monitorar a affair do ex-delegado-geral da PCDF Robson Cândido.

A coluna apurou, com exclusividade, que, além da interceptação telefônica efetivada pelo ex-delegado-chefe da 19ª Delegacia de Polícia (P Norte) Thiago Peralva, em ação de quebra de sigilo que tramita na 2ª Vara de Entorpecentes do Distrito Federal, o ex-delegado-geral Robson Cândido se valeu de outros sistemas de consultas sigilosas e que estão disponíveis apenas para corporações policiais e órgãos de trânsito.

Os investigadores suspeitam de que Cândido pode ter usado de seu prestígio e de sua influência para obter, no Detran-DF, informações que revelaram por onde a mulher transitava na cidade.

Ao Metrópoles, o diretor do Detran-DF disse que o órgao foi acionado pelo MP e que, prontamente, identificou dois servidores que usaram sistema restrito para consultar a placa do carro usado pela mulher.

O sistema usado para fazer esse tipo de busca é o OCR, que tem a funcionalidade de informar, pela pesquisa da placa do automóvel, por onde determinado veículo está circulando.

Esse tipo de sistema é utilizado em diversas investigações criminais, como, por exemplo, para descobrir o trajeto e a localização de veículos conduzidos por criminosos e foragidos.

À coluna Takane Kiyotsuka informou que recebeu solicitação do MPDFT, que questiona quais servidores efetuaram pesquisas relacionadas ao veículo da mulher que denunciou Cândido. “Recebemos o expediente nessa terça (15/11) e, no mesmo dia, identificamos e respondemos. Verificamos que dois servidores acessaram os sistemas OCR e GETran com a placa investigada. Encaminhamos todas as informações aos promotores e aguardamos o fim das investigações para avaliar as medidas adotadas com relação a eles”, explicou.

Cela individual

Robson Cândido foi preso preventivamente em sua casa, no Park Way, no dia 4 de novembro, por perseguir a jovem.

Desde então, ele segue detido na carceragem da Divisão de Controle e Custódia de Presos (DCCP), do Departamento de Polícia Especializada (DPE). O delegado está em uma cela individual, isolado de outros presos.

Cândido teria mantido o monitoramento da mulher, que alega ser sua ex-amante, mesmo após deixar o cargo máximo da corporação. A informação está no pedido de prisão expedido contra o delegado, obtido pela coluna Na Mira.

A decisão traz os motivos que justificam a prisão do delegado. “A vítima narrou que Robson a persegue, surpreendendo-a diversas vezes na rua e em locais por ela frequentados, o que fortalece os indícios da utilização indevida da medida de monitoramento para a prática do delito de stalking. Ademais, mesmo após ter sido intimado das medidas protetivas deferidas em favor da vítima, não foram tomadas medidas para encerrar o monitoramento eletrônico sobre a vítima”, diz o documento.

A apuração do MPDFT ressalta que os investigados, entre eles Robson Cândido e o delegado Thiago Peralva, realizaram manobras nos autos de um processo criminal para inserir o telefone da mulher em um monitoramento ilegal.

“[Os dois] Também utilizaram-se de bens pertencentes à Polícia Civil, como viaturas descaracterizadas, celulares corporativos, carros oficiais e celulares de outros delegados da Direção-Geral da PCDF, para a prática de delitos contra mulher em situação de violência doméstica”, diz a decisão.

O MPDFT, por meio do Núcleo de Investigação e Controle Externo da Atividade Policial (Ncap) e do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), requereu a prisão preventiva do delegado Thiago Peralva.

O pedido, porém, foi negado pelo juiz, que, como medida cautelar diversa, impôs o uso de tornozeleira eletrônica e o afastamento das funções. Além da delegacia em que atua, a casa de Peralva foi alvo de busca e apreensão.

Ação dolosa

Na mesma decisão, promotores reforçaram que a manobra realizada nos autos do processo indica que a mulher foi alvo de interceptação ilegal. “A vítima não consta como investigada ou interlocutora de qualquer um dos alvos da operação policial, o que indica que foi dolosamente inserida para que os representados tivessem conhecimento de sua localização em tempo real”, aponta trecho do texto.

Dois promotores do Ncap, acompanhados de 20 policiais, também cumpriram mandado de busca e apreensão nas dependências da 19ª Delegacia de Polícia, comandada por Thiago Peralva. Foram apreendidos computadores, HD, Go Pro e pen drives.

 

 

Entenda o caso

Robson Cândido deixou o cargo de diretor em 2 de outubro, após ser denunciado pela esposa e pela mulher que alega ser sua ex-amante. Em seguida, ele se aposentou – o ato da aposentadoria do ex-diretor foi publicado em 17 de outubro.

A esposa e a outra mulher procuraram a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), na Asa Sul, e acusaram o delegado de perseguição e ameaças.

Segundo a ex-amante, Robson não teria aceitado o término do suposto relacionamento e passou a persegui-la em diversos lugares. Ainda de acordo com o relato dela, o ex-diretor da PCDF “sempre demonstrava saber onde ela estava e o que fazia”.

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