Caso Robson Cândido: MP intima atual delegado-geral da PCDF a depor
Além do delegado-geral José Werick de Carvalho, Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) vai ouvir delegado Victor Dan
atualizado
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O delegado-geral da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), José Werick de Carvalho, foi intimado a prestar informações, nesta quinta-feira (9/11), no Núcleo de Investigação e Controle Externo da Atividade Policial (NCap) do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT). O depoimento faz parte das apurações relacionadas à conduta dos delegados Robson Cândido e Thiago Peralva, suspeitos de usar o sistema da corporação para monitorar uma mulher.
Victor Dan, chefe do Departamento de Polícia Especializada (DPE), também será ouvido. O atual delegado-geral e o chefe do setor, entretanto, não figuram como investigados na ação. Por meio de nota, a corporação informou que “a atual gestão da PCDF está à disposição para [prestar] esclarecimentos do fato apurado”.
Como divulgado pela coluna Na Mira nessa segunda-feira (6/11), a juíza Leila Cury, da Vara de Execuções Penais (VEP), decidiu manter Robson Cândido, ex-diretor-geral da PCDF, preso em uma cela individual na carceragem do DPE, isolado de outros detidos.
Até então, existia a possibilidade de Robson Cândido ir em um “bonde” para a Papuda, na terça-feira (7/11). Porém, se isso tivesse ocorrido, ele ficaria em uma ala especial, separado dos demais presos.
No sábado (4/11), o ex-diretor da PCDF teve a prisão preventiva mantida pela Justiça, após passar por audiência de custódia.
Para manter a prisão do delegado, o juiz que analisou o processo, Frederico Ernesto Cardoso Maciel, ressaltou que Robson Cândido manteve o monitoramento da ex-amante mesmo após deixar a direção da corporação, em outubro último.
“Há grave risco à integridade da vítima, o que justifica a decretação da prisão preventiva”, afirmou o magistrado na sentença.
Prisão
Robson Cândido foi preso preventivamente no sábado (4/11), em casa, no Park Way. A coluna Na Mira teve acesso à decisão que aceitou o pedido feito pelo MPDFT.
“A vítima narrou que Robson a persegue, surpreendendo-a diversas vezes na rua e em locais por ela frequentados, o que fortalece os indícios da utilização indevida da medida de monitoramento para a prática do delito de stalking. Ademais, mesmo após ter sido intimado das medidas protetivas deferidas em favor da vítima, não foram tomadas medidas para encerrar o monitoramento eletrônico sobre ela”, destacou o documento que pediu a prisão do delegado.
Apuração do MPDFT
Além de Robson Cândido, a apuração do MPDFT teve como alvo o então delegado-chefe da 19ª Delegacia de Polícia (Ceilândia Norte), Thiago Peralva. Para os promotores, os dois efetuaram manobras nos autos de um processo criminal para inserir o telefone da vítima, que alega ser ex-amante do ex-diretor-geral da PCDF, em uma atividade ilegal de monitoramento.
“[Os dois] também utilizaram-se de bens pertencentes à Polícia Civil, como viaturas descaracterizadas, celulares corporativos, carros oficiais e celulares de outros delegados da Direção-Geral da PCDF, para a prática de delitos contra mulher em situação de violência doméstica”, enfatizou a decisão que levou à prisão preventiva de Robson Cândido.
Por meio do NCap e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o MPDFT requereu a prisão preventiva do delegado Thiago Peralva, mas o pedido foi negado pelo juiz, que optou por impor o uso de tornozeleira eletrônica e o afastamento dele das funções.
Entenda o caso
Robson Cândido deixou o cargo de diretor-geral da PCDF em 2 de outubro, após ser denunciado pela esposa e por uma mulher que alegou ser ex-amante dele. Em seguida, ele se aposentou da corporação — o ato consta na edição de 17 de outubro do Diário Oficial do Distrito Federal (DODF).
A esposa e a suposta ex-amante procuraram a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) 1, na Asa Sul, e acusaram o delegado pelos crimes de perseguição e ameaça.
Uma das vítimas alegou que Robson não teria aceitado o término do suposto relacionamento e passou a persegui-la em diversos locais. Ainda de acordo com o relato, o ex-delegado-geral “sempre demonstrava saber onde ela estava e o que fazia”.