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Caso Dom e Bruno: “Colômbia” sacou seguro-desemprego e Bolsa Família

O traficante, acusado do duplo homicídio, embolsou nove parcelas do auxílio emergencial, entre abril e dezembro de 2020, somando R$ 4,2 mil

atualizado

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Material cedido ao Metrópoles
Região do Vale do Javari, onde o indigenista e o jornalista desapareceram
1 de 1 Região do Vale do Javari, onde o indigenista e o jornalista desapareceram - Foto: Material cedido ao Metrópoles

O traficante peruano Rubens Villar Coelho, conhecido como Colômbia, suspeito de ser o mandante dos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, na região do Vale do Javari, no Amazonas, usou dinheiro proveniente de vários benefícios pagos pelo governo brasileiro.

A coluna apurou que o criminoso sacou valores referentes aos auxílios emergencial e desemprego, além do Bolsa Família. O traficante embolsou nove parcelas do auxílio emergencial, entre abril e dezembro de 2020, totalizando R$ 4,2 mil. Já entre janeiro de 2013 e março de 2018, o suspeito do duplo homicídio de Bruno e Dom recebeu 18 parcelas de seguro-desemprego, que somam R$ 14,7 mil.

Veja prints dos benefícios sacados pelo traficante:

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Colômbia é acusado de fornecer entorpecentes provenientes do Peru e da Colômbia a facções brasileiras. Ele foi preso, na quinta-feira (7/7), por uso de documento falso, em Tabatinga. Em junho, a coluna mostrou que ele era investigado por ser um dos suspeitos de envolvimento nos assassinatos de Bruno e Dom, que chocaram o país e o mundo.

 

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Contudo, nesse percurso, os dois desapareceram. As equipes de vigilância indígena da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) fizeram as primeiras buscas, sem resultados
No dia seguinte, a Univaja emitiu comunicado informando, oficialmente, o sumiço dos homens. Em seguida, equipes da Marinha, Polícia Federal, Ministério Público Federal e do Exército foram mobilizadas e deram início a uma operação de busca
Em 8 de maio, a força-tarefa efetuou a prisão do primeiro suspeito pelo desaparecimento: Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como Pelado. Vestígios de sangue foram encontrados na lancha de Amarildo após perícia da Polícia Federal 
Em 12 de junho, uma semana depois, mochilas com os pertences pessoais de Dom e Bruno foram encontradas. Não muito tempo depois, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Santos”, irmão de Pelado, foi preso sob suspeita de envolvimento no crime
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Em 5 de junho de 2022, o jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira viajavam juntos para que Dom realizasse entrevistas para o livro que escrevia sobre a preservação da Amazônia

Photo by Victoria Jones/PA Images via Getty Images
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Arquivo pessoal
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Contudo, nesse percurso, os dois desapareceram. As equipes de vigilância indígena da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) fizeram as primeiras buscas, sem resultados

Divulgação
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No dia seguinte, a Univaja emitiu comunicado informando, oficialmente, o sumiço dos homens. Em seguida, equipes da Marinha, Polícia Federal, Ministério Público Federal e do Exército foram mobilizadas e deram início a uma operação de busca

Reprodução/Redes sociais
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Em 8 de maio, a força-tarefa efetuou a prisão do primeiro suspeito pelo desaparecimento: Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como Pelado. Vestígios de sangue foram encontrados na lancha de Amarildo após perícia da Polícia Federal 

Arquivo pessoal
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Em 12 de junho, uma semana depois, mochilas com os pertences pessoais de Dom e Bruno foram encontradas. Não muito tempo depois, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Santos”, irmão de Pelado, foi preso sob suspeita de envolvimento no crime

Reprodução/Redes sociais
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Mulheres realizam manifestação após morte de Bruno e Dom na Amazônia

Photo by Victoria Jones/PA Images via Getty Images
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Bruno e Dom foram interceptados em rio e executados

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Os suspeitos, então, teriam retirado os pertences pessoais das vítimas do barco em que estavam e o afundaram. Em seguida, queimaram os corpos de Dom e Bruno

Redes sociais/reprodução
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A tentativa de ocultação, porém, não teria dado certo. Jeferson e Amarildo retornaram no dia seguinte, esquartejaram os corpos e os enterraram em um buraco escavado. A distância entre o local em que os pertences foram escondidos e onde os corpos foram enterrados é de 3,1 km

Divulgação/Polícia Federal
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Depois de fazer uma reconstituição do caso junto a Amarildo, a força-tarefa anuncia ter encontrado “remanescentes humanos” que, mais tarde, se confirmariam como os corpos de Dom e Bruno

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Em 16 de junho, os corpos de Dom e Bruno chegaram a Brasília para realização de perícia e confirmação de identidade

Igo Estrela/Metrópoles
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Em 19 de junho, a polícia informou ter identificado outros cinco suspeitos que teriam atuado na ocultação dos cadáveres. Segundo a PF, “os executores agiram sozinhos, não havendo mandante nem organização criminosa por trás do delito”

Reprodução/Twitter/@andersongtorres
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Exame médico-legal indicou que morte de Dom Phillips foi causada por disparo de arma de fogo

Photo by Victoria Jones/PA Images via Getty Images
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A morte de Bruno Pereira foi causada, segundo os peritos, por traumatismo toracoabdominal e craniano por disparos de arma de fogo com munição típica de caça, “que ocasionaram lesões no tórax/abdômen (2 tiros) e face/crânio (1 tiro)”

Funai/Divulgação
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Bruno era considerado um dos indigenistas mais experientes da Funai. Ele dedicou a carreira à proteção dos povos indígenas. Nascido no Recife, tinha 41 anos. Ele deixa esposa e três filhos

Reprodução
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Dom Phillips, 57 anos, era colaborador do jornal britânico The Guardian. Ele se mudou para o Brasil em 2007 e morava em Salvador, com a esposa

Twitter/Reprodução

Uma das linhas de investigação aponta que Colômbia estaria incomodado com a atuação do indigenista. Bruno Pereira chegou a apreender barcos e peixes que pertenciam à quadrilha. O lucro da pesca ilegal de pirarucus e tracajás — espécie parente da tartaruga, comum na Amazônia — seria apenas um meio de lavar o dinheiro do narcotráfico.

Rubens Villar Coelho teria ainda ligação direta com os dois irmãos presos pela PF: Amarildo da Costa de Oliveira, o Pelado, e Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como Dos Santos. Um tio de Amarildo, que atua como líder comunitário, também é apontado como “funcionário” de Colômbia.

Dom e Bruno foram executados a tiros, em 5 de junho, na reserva indígena Vale do Javari. Amarildo da Costa de Oliveira, 41; Jefferson da Silva Lima, conhecido como Pelado da Dinha; e Oseney da Costa de Oliveira, 41, estão presos.

As vítimas

Bruno era considerado um dos indigenistas mais experientes da Fundação Nacional do Índio (Funai). Ele atuou como coordenador regional da Funai de Atalaia do Norte por cinco anos. Em 2019, após combater mineração ilegal em terras indígenas, Bruno foi dispensado do cargo de chefia.

O indigenista estava licenciado da Funai e integrava o Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente (Opi). Bruno era alvo constante de ameaças, devido ao trabalho desempenhado junto aos indígenas contra invasores.

Jornalista preparava livro

Dom Phillips era jornalista colaborador do veículo britânico The Guardian. Ele se mudou para o Brasil em 2007 e morava em Salvador.

Com apoio da Fundação Alicia Patterson, Phillips trabalhava em um livro sobre meio ambiente. Além do Guardian, Phillips já havia publicado textos no Financial Times, no New York Times, no Washington Post e em agências internacionais de notícias.

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