Bruno Henrique, do Flamengo, é alvo da PF por manipulação em jogo
Segundo PF e MPDFT, o atacante do Flamengo teria agido deliberadamente para influenciar o resultado de uma partida contra o Santos no DF
atualizado
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O atacante flamenguista Bruno Henrique foi alvo de busca e apreensão, na manhã desta terça-feira (5/11), por suspeita de manipulação criminosa em um jogo do Campeonato Brasileiro do ano passado.
A medida faz parte da operação Spot-Fixing, realizada pela Coordenação de Repressão à Corrupção, da Polícia Federal (PF), e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
De acordo com o MPDFT, Bruno Henrique supostamente buscou, de forma deliberada, ser punido pelo árbitro com cartões durante partida entre o Flamengo e o Santos, em 1º de novembro de 2023, no estádio Mané Garrincha.
Segundo a PF e o MPDFT, o objetivo seria possibilitar que familiares, que estavam cientes dessa intenção com antecedência, conseguissem ganhos por meio de apostas esportivas.
Segundo a súmula da partida, nos cinco minutos de acréscimo do segundo tempo, Bruno Henrique levou primeiro um cartão amarelo por golpear um adversário de maneira temerária na disputa da bola. Na sequência, recebeu o cartão vermelho por ofender o árbitro, o chamando de “merda”.
Foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão contra pessoas suspeitas, incluindo um irmão, uma cunhada e uma prima do jogador.
Segundo as investigações, sabendo que Bruno Henrique provocaria ao menos um dos cartões, seu irmão, cunhada e prima criaram, na véspera da partida, contas em casas de aposta virtual e realizaram palpites focando especificamente na punição contra o atleta.
De acordo com os investigadores, os suspeitos teriam obtido ganhos indevidos com a suposta manipulação. PF e MPDFT afirmaram que identificaram o mesmo suposto padrão de apostas nas contas dos outros seis investigados.
Os mandados foram cumpridos na residência de todos os investigados, incluindo na casa de Bruno Henrique, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, na sede de uma empresa em que o atacante é sócio, em Lagoa Santa, e no quarto do flamenguista no Centro de Treinamento do Flamengo, o Ninho do Urubu.
As buscas e apreensões foram autorizadas pela 7ª Vara Criminal de Brasília. Segundo informações preliminares, a operação resultou na apreensão de aparelhos celulares, computadores e outros itens pessoais pertencentes aos investigados.
Alerta da CBF
Os investigadores da PF e do MPDFT receberam comunicados da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) com relatórios indicando um volume incomum e uma concentração de apostas realizadas em algumas plataformas prevendo que Bruno Henrique receberia um cartão na partida com o Santos.
Segundo a equipe de investigação, de acordo com o histórico do atacante da equipe do Flamengo dos dois anos anteriores, a perspectiva de punição dele durante a disputa era na casa de 20%, considerando a frequência com a qual o atleta era punido.
A operação, porém, constatou que em duas casas de apostas havia uma predileção em torno de 90% pelo palpite da punição contra o jogador. Para os órgãos de controle, a movimentação indicou um suposto conhecimento prévio dos apostadores.
Spot-Fixing
A operação recebeu o nome de Spot-Fixing, que é uma expressão inglesa que se refere à manipulação de um aspecto específico de um jogo, não relacionado ao resultado final, sobre o qual existe um mercado de apostas.
De acordo com a PF e o MPDFT, a partir das informações iniciais, Bruno Henrique e os demais suspeitos, podem responder por crimes previstos na Lei Geral do Esporte que dizem respeito à fraude da partida e à corrupção passiva e ativa esportiva.
Ainda podem ser acusados pela prática do crime de lavagem de dinheiro e, se outras manipulações forem identificadas, pelo crime de associação ou organização criminosa.