Bolsonarista que planejou atentado prometeu derramar sangue de ambulantes
Em novembro, o Metrópoles publicou matéria sobre a distribuição de bebidas e comidas supostamente batizadas com um forte laxante
atualizado
Compartilhar notícia
O bolsonarista George Washington de Oliveira Sousa, 54 anos, relatou em depoimento prestado à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) que poderia ocorrer um “derramamento de sangue” caso ambulantes continuassem a vender alimentos “envenenados” no acampamento erguido em frente ao QG do Exército. Em novembro, o Metrópoles publicou matéria sobre a distribuição de bebida e comida supostamente batizadas com laxante.
George foi preso na noite de sábado (24/12), horas após as forças de segurança recolherem o explosivo colocado em um caminhão-tanque próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília. “Percebi que havia vários petistas infiltrados entre os ambulantes que passavam a envenenar os alimentos vendidos aos bolsonaristas com a intenção de desmobilizar os manifestantes”, disse, em seu termo de declaração.
O suspeito relatou ter levado os fatos a um “importante general de Exército” e que, logo depois, militares expulsaram um grupo de ambulantes que estava trabalhando dentro do acampamento. “Reportei a esse general tudo sobre esses infiltrados petistas no acampamento e disse que em breve poderia haver um grande derramamento de sangue se nada fosse feito”, admitiu.
“Me abandonaram”
Com a prisão em flagrante convertida em preventiva, o suspeito disse sentir-se “abandonado” por outros bolsonaristas, principalmente em relação aos grupos que estão acampados em frente ao QG do Exército. “Eu fui abandonado. Não estou confiando nem em mim mesmo aqui. Todos que eu conhecia foram embora do QG e não conheço mais ninguém que está lá. Alguns eram do Sul do Pará, mas todos se foram”, reclamou.
Ele ainda detalhou que no começo desconfiava das atitudes de Alan Rodrigues, apontado como comparsa no plano de explodir uma bomba na capital do país. “Falavam que esse Alan era do município de Comodoro, no Mato Grosso. Sempre me esquivei. Nunca confiei nesse rapaz. Algumas pessoas no QG chegaram a me falar que poderia ficar tranquilo e que poderia confiar nele”, relatou.
Outra confissão importante feita pelo paraense foi o fato de ter montado, sozinho, o artefato explosivo apreendido pela PCDF. “Eu mesmo fabriquei o artefato com o Alan do meu lado, mas sou uma pessoa trabalhadora e nunca entrei numa delegacia de polícia”, garantiu.
Perfil
Segundo apurado pela reportagem, o homem tem registro de Caçador, Atirador e Colecionador (CAC), é paraquedista e apoiador radical do presidente Jair Bolsonaro (PL). Veio de Xinguara (PA) para a capital a fim de participar dos atos em frente ao Quartel-General do Exército e estava hospedado em um apartamento alugado no Sudoeste.
Veja itens encontrados com o suspeito:
O bolsonarista viajou do Pará para Brasília em uma caminhonete, transportando duas escopetas de calibre 12; dois revólveres calibre 357; três pistolas; um fuzil calibre 308; mais de mil balas de diversos calibres e cinco bananas de dinamite.
Na capital da República, ficou inicialmente hospedado no Setor Hoteleiro Sul (SHS). Depois, alugou dois apartamentos em bairro nobre de Brasília, no Sudoeste, pela plataforma AirBnB.