Áudio. Mulher tenta dar golpe em delegado e recebe resposta: “Otária”
Os estelionatários tiveram o cuidado de transferir a ligação para pessoas diferentes a fim de simular outras áreas de atendimento
atualizado
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Na tentativa de aplicar mais um golpe contra idosos que moram em áreas nobres do Distrito Federal, como o Lago Norte, estelionatários tiveram uma surpresa ao ligar para o celular de uma escrivã da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Apesar de organizada e bem elaborada, a vigarice foi logo descoberta, e um delegado da corporação ainda se encarregou de mandar um recado curto e grosso para uma mulher que se fazia passar por funcionária de um banco público.
O episódio ocorreu na 9ª Delegacia de Polícia (Lago Norte) e foi acompanhado por um grupo de policiais que estava na unidade. Quando o celular da escrivã tocou, a sigla falsa do banco apareceu, como se a ligação partisse da instituição financeira. Os estelionatários tiveram o cuidado de transferir a ligação para pessoas diferentes, como se houvesse duas áreas de atendimento, e chegaram a fornecer “número de protocolo”.
A segunda pessoa a falar do outro lado da linha era uma mulher que simulava ser uma atendente. A golpista pedia que a vítima instalasse um aplicativo de nome Quick Support, que funcionaria como um antivírus. No entanto, o recurso concedia o franco acesso dos bandidos ao celular da vítima. “Assim, os criminosos entram no aplicativo instalado nos aparelhos e fazem a festa. Pagam contas, efetuam transferência, pagamento via Pix e adquirem empréstimos”, explica o delegado da 9ª DP, Erick Sallum.
Veja a conversa entre os policiais e os golpistas:
Prejuízo de R$ 100 mil
Em determinado ponto da conversa entre a escrivã da PCDF e a golpista, a policial afirma que iria passar o telefone para o “marido”, que a ajudaria a localizar o suposto aplicativo. Quando o delegado responde que havia feito o procedimento, instantes depois ele responde dizendo ter localizado um mandado de prisão contra a estelionatária. Após alguns segundos sem silêncio, os golpistas desligam a chamada.
De acordo com Sallum, todos os dias pessoas idosas procuram a delegacia do Lago Norte para registrar ocorrências após caírem em golpes semelhantes. “Como muitos são aposentados e com boa condição financeira, os estelionatos acabam resultando em golpes altos, com valores superiores a R$ 100 mil. É fundamental pedir a ajuda de todos, pais, filhos, irmãos, que se protejam e alertem os idosos sobre esses golpes. É preciso ficar alerta e desconfiar dessas ligações”, ressalta o delegado.
No mês passado, a 9ª DP já havia deflagrado operação para cumprir oito mandados de busca e apreensão contra um grupo acusado de fraudes eletrônicas. As buscas ocorreram nas cidades de Cuiabá (MT), Araçatuba (SP), Glicério (SP), Birigui (SP) e Coroados (SP). A operação conta com o apoio das Polícias Civis de São Paulo (PCSP) e de Mato Grosso (PCMT).
Novas tecnologias
Diferentemente do esquema padrão de clonagem de WhatsApp, os golpistas demonstraram maior ousadia ao aplicar o golpe contra uma família do Distrito Federal. Primeiro, fizeram contato com um parente, usando um número de celular com a foto da vítima.
Com o argumento de que aquele seria o novo número, o criminoso solicitou a um dos familiares que o inserisse nos grupos de pessoas mais próximas. Depois, ao se infiltrar no WhatsApp, coletou informações para dar credibilidade à história e passou a solicitar empréstimos em mensagens privadas.
“É importante notar que aplicativos de chat e de transferência bancária são ferramentas novas. Veja que o WhatsApp foi lançado em 2009, e o Pix, em 2020. Sendo assim, as atuais vítimas desses golpes viveram a maior parte de suas vidas numa época em que não existiam essas tecnologias. Nessa lógica, as pessoas precisam ter calma quando receberem solicitações de dinheiro. Façam da maneira antiga, converse pessoalmente, ligue e escute a voz do solicitante, verifique antes de fazer transferências. Não se deixe conduzir pela pressa do criminoso”, orienta o titular da 9ªDP.