Alvo de operação, Klebim vira testa de ferro do maior bicheiro do DF
O youtuber passou a ser garoto-propaganda de empresa de sorteios pertencentes à José Olímpio, braço direito do bicheiro Carlinhos Cachoeira
atualizado
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Investigações conduzidas pela Divisão de Repressão a Roubos e Furtos (DRF), da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), apontam que o youtuber Kleber Rodrigues de Moraes, mais conhecido como Klebim, era uma espécie de laranja da empresa de sorteios de um dos maiores nomes do ramo do jogo do bicho da capital federal, José Olímpio de Queiroga Neto.
Entre os meses de setembro e dezembro de 2022, após ser denunciado pelo Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro, Klebim tornou-se o garoto-propaganda da plataforma Pancadão de Prêmios. Durante esse período, o youtuber passou a divulgar sorteios de veículos da empresa em seu perfil no Instagram.
A referida empresa comercializa números da sorte, franqueando ao comprador acesso a cursos e notícias, por meio da plataforma na internet. Até dezembro, três carros foram sorteados pelo site, sendo um deles entregue ao vencedor pelo próprio Klebim.
A empresa Panplus Brasil Entretenimento e Comunicação Ltda., titular da Pancadão Prêmios, possuía licença para realizar o sorteio de veículos. Contudo, investigações apontaram que a marca pertence ao bicheiro José Olímpio e é administrada, via procuração, por uma sobrinha dele.
Em apenas seis meses, a empresa movimentou R$ 9 milhões. Porém, a movimentação é incompatível com o faturamento declarado pela empresa, o que indica que parte de sua renda está na informalidade e que os recursos transacionados são provenientes de atividade não declarada.
Segundo as investigações, José Olímpio é braço direito de outro bicheiro bastante conhecido no DF: Carlos Augusto de Almeida Ramos, mais conhecido como Carlinhos Cachoeira. Nos últimos 10 anos, o bicheiro já foi preso e condenado por crimes de contrabando de máquinas caça-níqueis, peculato, corrupção, violação de sigilo e formação de quadrilha.
O bicheiro foi preso pela primeira vez em 2012, na Operação Monte Carlo da Polícia Federal (PF). De acordo com a PF, Cachoeira comandava um esquema de jogos de azar em Goiás e no Distrito Federal, com envolvimento de políticos.
Na época, ele foi condenado a 39 anos de prisão, mas conseguiu um habeas corpus e deixou a cadeia quatro dias depois. Nos anos seguintes, o bicheiro teve novas condenações por lavagem de dinheiro e desvio de verbas em obras públicas, além de corrupção e fraude em licitação da Loteria do Estado do Rio de Janeiro.
De acordo com a investigação policial, na hierarquia da organização criminosa chefiada por Carlinhos Cachoeira, o bicheiro José Olímpio era um dos homens que gozavam de maior prestígio. O bicheiro era responsável pelo gerenciamento das casas de jogos de azar, instaladas principalmente em cidades do Entorno do DF.
Além de organizar a operacionalização do esquema, Olímpio também era responsável por cuidar dos investimentos do patrão.
Segundo as investigações da PF, uma das empresas utilizadas pelo grupo para movimentar os valores arrecadados com os jogos de azar era a MZ Construtora Ltda., que estava nos nomes de dois filhos de José Olímpio.
Dos acusados de envolvimento no esquema de exploração de jogos ilegais e corrupção em Goiás e no Distrito Federal, comandado por Carlinhos Cachoeira, apenas um, o corretor de imóveis Francisco Marcelo de Sousa Queiroga, irmão de Olímpio confessou participação no esquema.
O corretor informou que prestava conta e repassava 60% do faturamento ao irmão. Outro irmão do bicheiro também foi condenado no processo referente à Operação Monte Carlo.