Adolescente dono de perfil com apologia a massacres em escolas é apreendido
O adolescente foi apreendido nesta quinta-feira (30/3) por policiais da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos da PCGO
atualizado
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Um adolescente de 17 anos que mantinha um perfil no Twitter, fazia apologia e admirava autores de massacres em escolas do país foi apreendido pela Polícia Civil de Goiás (PCGO). Morador do município de Trindade, o jovem usava a rede social para incitar os ataques e enaltecer Guilherme Taucci Monteiro, autor do massacre escolar ocorrido em 13 de março de 2019 em uma escola de Suzano (SP).
O adolescente foi apreendido nesta quinta-feira (30/3) por policiais da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos da PCGO. Nas postagens do menor, os agentes verificaram que ele citava trechos de cartas suicidas, como a do fundador e vocalista e da banda Nirvana, Kurt Cobain, morto em abril de 1994, além de trechos escritos e falados por assassinos em série de fama mundial.
A detecção da ameaça que embasou a deflagração da ação policial contou com o apoio do Laboratório de Operações Cibernéticas (Cyberlab), estrutura pertencente a Diretoria de Operações e Inteligência da Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça e da Segurança Pública (MJSP).
Perfis identificados
O Metrópoles identificou 41 perfis no Twitter nos quais os responsáveis compartilham fotos de assassinos, em montagens que idolatram criminosos. O ataque à Escola Estadual Thomazia Montoro, na manhã de segunda-feira, na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, já consta entre algumas postagens. O atentado executado por um adolescente de 13 anos matou esfaqueada a professora Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, e deixou outras quatro pessoas feridas.
Nos compartilhamentos na rede social fica evidente a inspiração do autor do ataque no Massacre de Suzano, no qual sete pessoas foram mortas em uma escola estadual da cidade, em março de 2019. A dupla de assassinos também matou um tio deles, antes de entrar na unidade de ensino, e se suicidou após o ataque.
Efeito contágio
Nessa terça-feira (28/3), o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, chamou a atenção para o “efeito contágio” desses crimes de grande comoção. Segundo a polícia, em menos de 48 horas após o atentado na Vila Sônia foram registrados sete boletins de ocorrência envolvendo planos de ataques a outras escolas na Grande São Paulo.
Mesma pose e máscara
O adolescente que matou a professora Elisabeth na segunda-feira também se fotografou antes do ataque, copiando as poses de Taucci, cujo nome também era usado pelo estudante em seu perfil na rede social.
Um outro perfil que usa o mesmo nome – com uma imagem de máscara semelhante à usada no Massacre de Suzano e também pelo autor do ataque de segunda – compartilhou mensagens violentas na madrugada dessa terça-feira (28/3).
“Eu adoro matar pessoas. Eu adoro vê-las morrer. Eu atiro em suas cabeças, e elas se balançam e se contorcem por todo o lugar e depois simplesmente param. Ou as corto com uma faca e vejo seus rostos ficarem muito brancos. Eu amo todo aquele sangue”, diz uma das postagens.
Interação
Uma das postagens que fala sobre “ir à guerra” foi respondida por outra conta que também faz referência ao autor do Massacre de Suzano, questionando “o que estaria perto”. A descrição do interlocutor alerta para que “nunca [se] faça bullying como ninguém, [porque] a vingança será terrível.”
O estudante apreendido segunda-feira, após o ataque à escola na zona oeste, mencionou o bullying sofrido nas escolas pelas quais passou como o motivo para o ataque. O tema é recorrente entre as contas checadas pela reportagem.
O aluno que matou a professora de biologia também afirmou, em depoimento à polícia, que sua ideia era matar ao menos duas pessoas, aleatoriamente, e em seguida se suicidar – mostrando mais uma vez a influência do caso de Suzano.