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Abin paralela: PF negocia delações e se prepara para encerrar o caso

Investigações estão na reta final e devem ser encerradas entre julho e agosto deste ano. Informação foi confirmada pelo diretor-geral da PF

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Hugo Barreto/Metrópoles
Carro da Policia Federal em frente a A sede da Abin, em Brasília
1 de 1 Carro da Policia Federal em frente a A sede da Abin, em Brasília - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

A Polícia Federal (PF) negocia novas delações premiadas para robustecer o inquérito que apura o acesso de informações oriundas do esquema de espionagem ilegal da chamada “Abin paralela”. As investigações estão na reta final e devem ser encerradas entre julho e agosto deste ano. A informação foi confirmada pelo diretor-geral da corporação, Andrei Passos Rodrigues.

Há indícios de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seria um dos beneficiados pelo esquema. “Há possibilidade da colaboração de investigados, que está em fase de discussão interna com os possíveis colaboradores e análise de material. As diligências estão em fase final”, completou o chefe da PF.

Funcionamento

As investigações da Polícia Federal (PF) sobre o uso da estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para a espionagem ilegal de adversários políticos avançaram sobre o clã Bolsonaro, em janeiro último, com a operação que teve como alvo o filho 03 do ex-presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).

A corporação apura o uso da Abin para o monitoramento de opositores e adversários políticos de Jair Bolsonaro, entre 2019 e 2021, sob a gestão do então diretor da agência, Alexandre Ramagem.

A espionagem paralela era feita por meio do software de inteligência israelense FirstMile, comprado durante o governo de Michel Temer (MDB). A ferramenta permite rastrear a localização de pessoas a partir de informações fornecidas por torres de telecomunicações.

As investigações da PF também tentam identificar se o clã usou informações da Abin para beneficiar os filhos do ex-presidente em inquéritos policiais.

Uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou busca e apreensão em endereços ligados a Carlos Bolsonaro e detalhou como seria a atuação do grupo. Até então, os agentes haviam identificado quatro núcleos responsáveis pelas atividades irregulares.

Núcleos

Uma operação deflagrada em janeiro visou atingir o núcleo político da organização. Além de Carlos Bolsonaro, foram alvo da força-tarefa a assessora do vereador Luciana Almeida e a assessora de Alexandre Ramagem Priscilla Pereira e Silva. As investigações detalharam que as duas funcionárias atuavam como interlocutoras na troca de informações de interesse da família do ex-presidente da República.

Uma das evidências dessa relação foi uma conversa por mensagens encontrada pela PF, na qual Luciana pediu a Ramagem para descobrir inquéritos sigilosos com envolvimento dos Bolsonaro. A pedido de Carlos, o então diretor da Abin também teria mapeado investigações eleitorais em curso na Polícia Federal no Rio de Janeiro contra possíveis rivais políticos do vereador na cidade.

O outro núcleo, com nome de “Alta Gestão”, envolve Alexandre Ramagem e servidores subordinados. Para a PF, a cúpula da Abin tinha total conhecimento do uso indevido de ferramentas da agência e tentado dar aparência de legalidade às atividades de monitoramento paralelo.

Juntos, os dois núcleos seriam os responsáveis por interferir em investigações da Polícia Federal contra filhos de Jair Bolsonaro, produzir provas em favor de Renan Bolsonaro e preparar relatórios para a defesa do senador Flávio Bolsonaro  (PL-RJ).

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