Na Caesb, teve servidor que ganhou R$ 95 mil em janeiro
Salários fazem parte da política da empresa de preservar profissionais de alto padrão técnico. Mas diretoria diz que tenta reduzir custos
atualizado
Compartilhar notícia
Enquanto o Distrito Federal vive a maior crise hídrica da história, com cobrança de sobretaxa da população, a Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb) gasta 50% de toda a arrecadação com pagamento de pessoal.
Somente em 2016, dos cerca R$ 1,5 bilhão que recebeu, usou quase R$ 750 milhões para pagar as remunerações dos 2,5 mil funcionários, mais os encargos. A empresa passou a publicar os salários, a pedido da Controladoria Geral do DF e, nas planilhas, são apresentadas remunerações totais de até R$ 95 mil para um advogado, da procuradoria jurídica, por exemplo.
Além disso, existem analistas de sistemas de saneamento com salário de R$ 44.643,09; engenheiro civil que ganha R$ 51.316,73; advogado da área trabalhista que recebe R$ 61.960,00; e motorista com remuneração de 17 mil. Para se ter uma ideia, um técnico em engenharia ganha R$ 33 mil, mais do que o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), que tem salário de R$ 23.449 mensais.Os valores são ainda mais significativos quando se compara a algumas obras tocadas no DF. Uma das obras que ajudará a combater a crise hídrica, a construção do subsistema do Bananal, próximo ao Parque Nacional de Brasília, custará R$ 20 milhões. O valor corresponde a 2,6% do gasto anual com pessoal na Caesb.
Profissionais de alto padrão
De acordo com a Caesb, a companhia tem procurado praticar bons salários a fim de preservar profissionais de alto padrão técnico. No entanto, diz a empresa, a atual diretoria tem buscado, desde janeiro de 2015, reduzir os gastos.
“Trabalhamos fortemente para adequar a despesa de pessoal à realidade econômica e financeira da Caesb. No caso do salário de R$ 95 mil, estão somadas férias, 13º, além dos 10 dias que o funcionários tem direito de vender. Estamos vivendo uma crise no Brasil. Ficamos 16 anos sem investimento na captação de água. Os altos salários têm impacto nisso”, afirmou Fábio Albernaz, diretor da Caesb.
Greve
Mesmo com as altas remunerações, na data-base do ano passado, a empresa e a população enfrentaram 90 dias de greve. A Caesb ofereceu 2% de reajuste nos salários, percentual abaixo da inflação do período. Mas o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) determinou índice de 9,8%. A Caesb recorreu ao Tribunal Superior do Trabalho (TST), que ainda não decidiu sobre o tema.
Confira a íntegra da nota divulgada pela Caesb:
Os valores revelados, em alguns casos, não se referem às remunerações recebidas mensalmente pelos empregados da Companhia. Esclarece que, principalmente, a denominação de salário dada ao recebimento total de valores que incluem gratificações, adicionais, indenizações eventuais e outras vantagens pecuniárias, como pagamento de férias, adiantamentos de 13º e de férias, entre outros.
Por decisão do Tribunal Regional do Trabalho, a Caesb foi obrigada, em juízo, a conceder reajuste na ordem de 10% no decorrer de 2016. A proposta da empresa era reajuste de 4%, o que foi negado pela Justiça.
Nos últimos dois anos, os investimentos da empresa aumentaram e o comprometimento da receita com despesa de pessoal diminuiu de 50,22%, em 2014, para 46,55%, em 2016.
A Caesb, nos últimos dois anos, reduziu despesas importantes, como a dívida de curto prazo, empréstimos que eram feitos, com juros altos, para pagamento, por exemplo de salários e 13% salário. Com essa medida, a empresa conseguiu redução de mais de R$ 120 milhões dessa dívida. A companhia também cortou a metade dos cargos comissionados e renegociou contratos que estavam em andamento, gerando uma economia anual de cerca de R$ 6 milhões por ano.
Desde 2015, foram realizados vários investimentos: a retomada da obra de Corumbá, o lançamento do Bananal, a licitação da captação do Lago Paranoá, a recuperação da captação do Crispim, no Gama, e substituições de hidrômetros e redes de água, além da implantação de válvulas redutoras de pressão para ajudar a reduzir perdas no sistema. O investimento saltou de R$ 151 milhões, em 2015, para R$ 182 milhões, em 2016.
Desde o primeiro semestre de 2015, houve redução de 12,86% com o pagamento de fornecedores, contratos e licitações. Tudo por causa da adoção de uma medida simples, mas fundamental: a empresa passou a realizar os pagamentos em dia.
A Caesb está enfrentando a crise hídrica, desde o ano passado, com determinação e medidas duras, mas necessárias para evitar um desabastecimento maior para a população. Uma crise que é fruto de um período seco sem precedente, nos últimos dois anos, e principalmente pela falta de investimento, nos últimos 16 anos, em obras geradoras de novas fontes de água para abastecer a população e de modernização e melhoramento das instalações da Companhia.
A Caesb é reconhecida pela relevância dos serviços prestados à população e pela qualidade do trabalho técnico dos seus profissionais. A Empresa está fazendo esforço e utilizando, ao máximo, toda a sua reconhecida capacidade para superação da crise hídrica.
A Caesb voltou a investir em obras importantes como a captação de água em Corumbá e lançou a obra do Bananal, que, inclusive, está adiantada e ficará pronta em novembro deste ano.