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Mulheres suspeitas de vender cirurgias no Hran são soltas após audiência

Sônia confessou que pagou R$ 1,2 mil a Marlenita para agendar o procedimento da filha em fevereiro de 2020

atualizado

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Fachada Hran
1 de 1 Fachada Hran - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

As duas mulheres suspeitas de vender cirurgias no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) foram soltas nesta quita-feira (23/9) após audiência de custódia no Tribunal do Júri de Águas Claras. Sônia Lopes de Sousa e Marlenita do Nascimento Silva, 56 anos, são as acusadas pelos crimes.

Após ser presa, Sônia confessou que pagou R$ 1,2 mil para Marlenita, que é técnica de enfermagem na unidade de saúde, para agendar o procedimento da filha, em fevereiro de 2020. As duas foram detidas nessa quarta-feira (22/9) após investigação da 38ª Delegacia de Polícia (Vicente Pires).

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) proibiu as duas de deixar o Distrito Federal por mais de 30 dias e mudar de endereço sem informar ao juízo. Além disso, as acusadas não podem conversar entre si.

A ação foi deflagrada após uma mulher de 55 anos procurar a delegacia e informar que Sônia estava intermediando a negociação com uma funcionária do Hran para agendar a cirurgia de hérnia do irmão da denunciante.

Segundo relatos da vítima, o familiar estava na fila de espera para a realização do procedimento no Hran há cinco anos e nunca foi contemplado. A mulher mencionou o problema a Sônia, que ofereceu uma solução, ao dizer que conhecia uma funcionária do hospital que poderia agilizar o agendamento. A pessoa, contudo, cobraria uma taxa pela marcação da cirurgia.

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Sônia foi presa em flagrante

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Alguns dias depois de a vítima mostrar interesse no agendamento, Sônia mandou mensagens dizendo que sua conhecida teria feito o pedido para a realização dos exames e que a cirurgia ocorreria na sexta-feira (24/9).

Na quarta, Sônia disse que estava tudo certo e faltava apenas o pagamento para que o procedimento fosse agendado. O valor acertado foi de R$ 1,5 mil. A vítima marcou a entrega do dinheiro e informou o ocorrido à 38ª DP. Os policiais foram até a casa de Sônia e efetuaram a prisão.

Na delegacia, ela colaborou com a investigação: informou o nome de sua comparsa e autorizou o acesso dos policiais ao seu celular. Em superficial análise das conversas do WhatsApp, toda a prática ilícita foi comprovada.

Em seguida, os agentes da 38ª DP foram até o Hran e efetuaram a prisão de Marlenita, que foi encontrada no posto de enfermagem da ala cirúrgica. As autoras foram presas em flagrante pelo crime de corrupção passiva. Em caso de condenação, as penas podem chegar a 12 anos de prisão.

Evento Ilícito

A operação foi batizada de Evento Ilícito, pois, para disfarçarem a prática criminosa, as duas acusadas, em suas conversas, referiam-se ao agendamento da cirurgia como “evento”.

Procurada pelo Metrópoles, a Secretaria de Saúde do DF disse que abriu processo investigativo para apurar a conduta da servidora.

Leia a nota na íntegra:

“A direção do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) desconhece a venda de vagas para realização de cirurgias no hospital e repudia qualquer ato ilícito por parte dos servidores. A direção destaca que todas as cirurgias eletivas são reguladas, agendadas pela Central de Regulação, respeitando critérios de prioridade, levando em conta principalmente a gravidade de cada caso. O encaminhamento de pacientes para cirurgias é rigorosamente acompanhado pelo Ministério Público, não sendo possível interferências que permitam privilégios. A direção do Hran afirma que está alinhada com a Polícia e vai colaborar com as investigações. Paralelamente à investigação da Polícia Civil, foi instaurado procedimento investigativo na Controladoria da Secretaria de Saúde. Apuradas as responsabilidades e com a confirmação da prática ilegal, a servidora sofrerá as sanções administrativas previstas em lei, que incluem a demissão. A Secretaria de Saúde ressalta que os serviços prestados na rede pública são totalmente gratuitos. Qualquer cobrança é irregular e deve ser denunciada.”

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