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Mulheres protestam contra “estupro culposo” na Praça dos Três Poderes

Com roupas pretas e vela em mãos, 100 manifestantes entoaram gritos contra termo usado para justificar o ataque cometido contra Mari Ferrer

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Manifestantes foram para a frente do STF um ato contra a cultura do estupro no país
1 de 1 Manifestantes foram para a frente do STF um ato contra a cultura do estupro no país - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Cerca de 100 pessoas – a maioria mulheres – se reuniram em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), na noite desta quarta-feira (4/11), para protestar contra a absolvição do empresário André Aranha da acusação de estupro contra a influencer Mariana Ferrer, 23 anos.

Com roupas pretas e vela nas mãos, os manifestantes entoaram gritos contra o termo “estupro culposo”, usado para inocentar o empresário André de Camargo Aranha, acusado de estuprar a blogueira, em 2018.

De acordo com o promotor responsável pelo caso, não havia como o empresário saber, durante o ato sexual, que Mari não estava em condições de consentir a relação, não existindo assim “intenção” de estuprar.

Com um cartaz pedindo o fim da cultura do estupro, a advogada Iara Lobo, 52 anos, compareceu na manifestação em Brasília. Revoltada com as imagens do julgamento, ela fez questão de estar na Praça dos Três Poderes nesta noite. “Quero que não aconteça mais esse desestímulo, esse julgamento que humilha a pessoa”, afirmou.

Para artesã Alexia Riella, 23, o número de pessoas no protesto em Brasília reflete a indignação popular com o caso. “É o estopim. Chega um momento que a gente não aguenta mais”, disse. “Tem até um expressivo número de homens aqui, o que bom. O problema do estupro não é só das mulheres, mas dos homens também”, pontua.

Veja imagens do protesto:

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Iara Lobo, 52 anos, diz que casos como esse desestimulam as denúncias
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Alexia Riella, 23, destaca a presença de grande número de pessoas na manifestação

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Audiência

Protestos como o realizado em Brasília estão ocorrendo em várias cidades do país após vir a tona os detalhes da audiência judicial sobre o caso de Mariana Ferrer.

Durante a audiência, o advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho, responsável pela defesa do empresário André Aranha, mostrou várias fotos de Mariana e definiu as imagens como “ginecológicas”. Em momento algum foi questionado por membros do Tribunal de Justiça catarinense sobre a relação das imagens com o caso.

Gastão também disse que “jamais teria uma filha do nível” de Mariana. Bastante incomodada, a influencer respondeu dizendo que está de roupa nas fotos e que elas “não têm nada demais”. A jovem ainda argumentou: “A pessoa que é virgem, ela não é freira não, doutor. A gente está no ano 2020”.

O defensor do empresário continuou atacando Mariana. “Só aparece essa sua carinha chorando. Só falta uma auréola na cabeça. Não adianta vir com esse teu choro dissimulado, falso, e essa lágrima de crocodilo”.

Após essas falas, um dos membros do Tribunal de Justiça percebeu que Mariana chorava muito ao ouvir as palavras e perguntou se ela quer sair um pouco para se recompor. Apesar de estar claramente emocionada, Mari respondeu as alegações.

“Eu gostaria de respeito, doutor. Excelentíssimo, eu estou implorando por respeito no mínimo. Nem os acusados, nem os assassinos são tratados da forma que eu estou sendo tratada gente, pelo amor de Deus. Eu sou uma pessoa ilibada. Nunca cometi crime contra ninguém.”

A OAB de Santa Catarina e o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos solicitaram esclarecimentos ao advogado e ao TJ de Santa Catarina sobre a sua conduta durante o interrogatório.

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