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Mulher que perdeu marido e sogra em racha sobre julgamento: “Escárnio”

Viúva e nora das vítimas que morreram no acidente, Fabrícia Gouveia afirmou que a família esperava pela condenação dos dois motoristas

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Mulher olha para cima com lágrimas nos olhos
1 de 1 Mulher olha para cima com lágrimas nos olhos - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Viúva e nora das duas vítimas que morreram na tragédia conhecida como “racha na L4 Sul”, Fabrícia Gouveia disse considerar um “escárnio” os argumentos utilizados pela defesa do réu que foi absolvido pelo Tribunal do Júri nessa quarta-feira (31/7). A tragédia no trânsito causou a morte do designer Ricardo Clemente Cayres, 46 anos, e de sua mãe, Cleuza Maria Cayres, 69.

Segundo o advogado Daniel J. Kaefer, que defende o bombeiro militar Noé Albuquerque Oliveira, seu cliente “esteve arrolado no processo por ter cumprido seu dever e salvado vidas”. Para ele, Noé “deveria estar na cadeira de honra da Assembleia recebendo uma medalha, e jamais na cadeira dos réus”.

Fabrícia afirmou que o fato de o bombeiro militar ter buscado ajuda da corporação após o acidente “é o mínimo que ele precisava fazer”. “É muito escárnio com o sofrimento da família das vítimas ter de ouvir da defesa dele que ele merecia uma medalha”, comentou.

O outro réu, Eraldo José Cavalcante Pereira, foi condenado a 15 anos e 7 meses, em regime fechado, por homicídio, tentativa de homicídio triplamente qualificada e crimes de trânsito. Ele poderá recorrer da decisão em liberdade. De acordo com as investigações da época, o carro dele, um Jetta cinza, bateu em alta velocidade contra o veículo das vítimas.

O réu condenado estaria, segundo a acusação, participando de um racha com o bombeiro militar, que dirigia uma Ranger Rover Evoque branca e, inclusive, teria acionado o socorro inicialmente. O Tribunal do Júri chegou ao veredicto sete anos após o acidente.

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A viúva considerou que o julgamento não deixa uma resposta completamente satisfatória.

“Apesar de a gente conseguir a condenação do Eraldo, não foi uma resposta totalmente satisfatória, porque nós queríamos a condenação dos dois. Ficou mais do que provado nesses dois dias de julgamento, com todas as provas que o Ministério Público apresentou, que os dois contribuíram para o que aconteceu”, disse Fabrícia.

Eraldo chegou a confirmar que dirigia a 110 km/h, conforme apontado em laudo da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Já Noé assumiu que ingeriu bebida alcoólica em pequena quantidade. Ambos estavam em uma festa a bordo de uma lancha no lago Paranoá.

“Ficamos satisfeitos com a condenação do Eraldo. Passamos sete anos lutando por isso. Nos alivia muito não tratá-lo mais como investigado. Agora, ele é um assassino condenado. Dar um nome certo para as coisas representa um alívio muito grande”, acrescentou Fabrícia.

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Fabrícia lamenta que os responsáveis pelo acidente ainda estejam soltos
Um dos mortos no acidente foi o designer Ricardo Cayres, que trabalhava como terceirizado no Banco Central
Cleuza Maria Cayres, 69,  estava no banco de trás do Ford e morreu
Fabrícia de Oliveira Gouveia perdeu o marido e a sogra no grave acidente ocorrido na L4 Sul
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Ricardo e Fabrícia se conheceram no Banco Central, onde Ricardo ainda trabalhava

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Fabrícia lamenta que os responsáveis pelo acidente ainda estejam soltos

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Fabrícia de Oliveira Gouveia perdeu o marido e a sogra no grave acidente ocorrido na L4 Sul

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Ainda segundo Fabrícia, existe a possibilidade de recurso, e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) vai recorrer do resultado tanto de absolvição de Nóe como para pedir aumento de pena para o Eraldo.

“A resposta para a sociedade foi dada. Ainda falta muito para a gente aprimorar a lei de trânsito. Não deveria ter dúvida: se bebeu e pegou um carro, não tem atenuante. Vamos seguir a nossa batalha com muita esperança de que o que tiver que acontecer, vai acontecer”, frisou a viúva.

Defesas

Procurada pelo Metrópoles, a defesa de Eraldo disse que respeita a decisão, mas discorda dela e irá recorrer. “Até porque contrariou a prova técnica. O importante é que foi reconhecido, com a absolvição do Noé, o que sempre defendemos, a ausência do racha”, afirma o advogado Alexandre Queiroz.

O advogado Daniel J. Kaefer, que representa Noé, disse que o júri reconheceu, além da inocência, “que o bombeiro não teve qualquer participação nos eventos trágicos, atuando apenas como o homem, cidadão e profissional dedicado a servir, proteger e salvar vidas há 29 anos”.

Segundo ele, o réu absolvido e a família sofreram “danos irreparáveis” ao longo do processo.

A tragédia

O acidente ocorreu por volta das 19h30 de 30 de abril de 2017, um domingo. Testemunhas afirmam que a Land Rover Evoque de Noé e o Jetta de Eraldo estavam emparelhados, em alta velocidade, na via.

Segundo Eraldo, ele teria perdido o controle do Jetta e atingido o Fiesta onde estavam quatro pessoas da mesma família. A força foi tamanha que o carro das vítimas capotou. A traseira do veículo ficou completamente destruída.

No banco de trás, devidamente presos ao cinto de segurança, estavam Ricardo e a mãe, Cleusa. Para eles, não houve tempo de socorro: eles morreram após o impacto.

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