Mulher que morreu na BR-020 tinha medo das condições de ônibus
“Vou correr atrás de todos os direitos dos meus irmãos. A morte da minha mãe não ficará impune, pode ter certeza”, disse a filha da vítima
atualizado
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Antes de morrer, a gari Crisangela da Cruz Silva, 41 anos, já havia comentado com a filha sobre a precariedade do ônibus que se envolveu em um grave acidente nesse domingo (17/2), na BR-020, o qual tirou a vida dela. Emocionada, a filha mais velha da terceirizada, Thallya Silva, 20, afirmou que a mãe tinha receio de entrar no coletivo que transportava os funcionários para o trabalho.
De acordo com Thallya, a mãe havia passado sufoco durante o transporte feito pelo ônibus. “Há duas semanas, ela reclamou que não era a primeira vez que fechavam o ônibus. Quase um carro lançou o ônibus para dentro de um brejo. Os pneus eram carecas e a situação, totalmente precária”, desabafou.
A jovem afirmou, ainda, pretender lutar na Justiça para que a vida da mãe não tenha sido perdida em vão. “Vou correr atrás de todos os direitos dos meus irmãos. A morte da minha mãe não vai ficar impune, pode ter certeza”, ressaltou.
Ouça:
O caso
O ônibus que se envolveu no acidente não tinha autorização para transportar passageiros. A informação é da Secretaria de Mobilidade. O veículo estava com a licença vencida desde 2018. Crisangela morreu e 18 colegas dela, que voltavam do plantão, ficaram feridos durante a capotagem, perto da alça de acesso ao Morro da Capelinha.
Ao Metrópoles, o delegado-chefe da 16ª Delegacia de Polícia (Planaltina), Érico Mendes, confirmou que vai instaurar um inquérito para apurar as causas do acidente. O investigador também afirmou que o motorista e os passageiros serão intimados a depor ainda nesta semana.
“A licença está vencida desde outubro de 2018. Portanto, ele estava irregular e não poderia transportar passageiros. Será aplicada uma multa, mas, para o pagamento de possíveis indenizações, é preciso que as famílias entrem na Justiça”, informou o subsecretário de Fiscalização, Marrison Dantas.
A Polícia Militar informou ainda ao Metrópoles que, um dia antes do acidente, no sábado (16/2), o motorista do ônibus havia sido multado por transporte irregular de passageiros na BR-020. O coletivo pertence à cooperativa Cootran. A reportagem não conseguiu contato com a entidade.
Crisangela trabalhava na Sustentare havia cerca de oito anos. Por meio de nota, a empresa disse que “lamenta profundamente o ocorrido e está prestando toda a assistência aos funcionários envolvidos no acidente”.