Mulher morta estrangulada no DF denunciou o companheiro 11 vezes
Kelsen Oliveira, 42, que fugiu após estrangular Diana Faria, foi preso várias vezes pela PCDF, mas vítima pediu retirada de todas as medidas
atualizado
Compartilhar notícia
Dias após o primeiro registro de feminicídio do ano, Diana Faria Lima (foto em destaque), 37 anos, tornou-se mais uma vítima da violência que só cresce no DF. Na manhã desta segunda-feira (15/1), a mulher foi morta após ter a traqueia esmagada pelo próprio companheiro.
O suspeito de cometer o crime, identificado como Kelsen Oliveira Macedo, 42 anos, está foragido e é procurado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).
O Metrópoles apurou que o homem possui diversas passagens pela polícia. Diana registrou 11 boletins de ocorrência contra o companheiro pelos crimes de injúria, ameaça e lesão corporal, todos no âmbito da Lei Maria da Penha.
A mulher teve medidas protetivas concedidas pela Justiça do Distrito Federal e chegou a receber abrigo na Casa da Mulher Brasileira.
Ainda, segundo a Polícia Militar do Distrito Federal, equipes de policiamento do Prevenção Orientada à Violência Doméstica (Provid) fizeram alguns contatos com ela, por conta dos atendimentos emergenciais, mas a vítima não quis o acompanhamento.
A vítima também teria solicitado a retirada das medidas, fugido do abrigo e voltado a viver em um ciclo de violências. Vizinhos ouvidos pela reportagem relatam que os episódios de agressão eram constantes entre o casal.
“Diana morava aqui nos fundos. Quando saí de casa, vi o corpo. A cabeça toda ensanguentada”, disse Felipe Inácio da Silva, 19 anos, filho do dono da casa onde a vítima morava.
Segundo o jovem, a mulher residia sozinha e há cerca de cinco meses no local. “O agressor não morava aqui, mas vinha direto. Ele a agredia sempre. Pelo menos seis vezes no mês chamávamos a polícia para conter as agressões”, relatou.
Uma segunda vizinha de Diana contou que, frequentemente, ouvia a mulher gritando por socorro. “Chamávamos a polícia, mas nada era feito”, detalhou Letícia Cardoso, 19 anos.
“Ele (agressor) constantemente dopava e agredia a Diana. Sabemos que ela tinha medida protetiva, mas os dois sempre voltavam a ficar juntos. Foi ele, inclusive, que chamou os bombeiros logo após assassiná-la”, disse Letícia.
Conforme relatado pelos moradores, Diana tinha um filho que morava com a mãe dela, no Nordeste.
Feminicídio
O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) enviou uma aeronave para atender à ocorrência, registrada inicialmente como caso de suposta queda.
Equipes da corporação tentaram, mas não conseguiram reanimar a vítima – que estava em parada cardiorrespiratória e tinha suspeita de traumatismo cranioencefálico, bem como sangramento nos ouvidos.
Também acionada para o endereço onde estava a vítima, a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) informou que o próprio companheiro da vítima ligou para os bombeiros. Porém, Kelsen alegou que Diana tomava banho, quando teria supostamente usado cocaína e caído, com sangramento pela boca e pelos ouvidos.
Diana também “apresentava lesão no rosto e afundamento da traqueia”, segundo a PMDF. “O solicitante [quem ligou para a polícia], que é companheiro da vítima, informou que ela era dependente química e estava sob efeito de cocaína. Ele fugiu do local”, completou a corporação.
O caso é investigado pela Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) 2, em Ceilândia.