Mulher espera por cirurgia na rede pública há quase 1 ano: “Muita dor”
Santana Maria de Jesus, 53 anos, foi diagnosticada com uma lesão grave no ombro direito, que tem ocasionado fortes dores e perda do tato
atualizado
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Para a diarista Santana Maria de Jesus, 53 anos, conviver com fortes dores, só amenizadas com o uso de remédios paliativos, tem sido a única forma de lidar com uma lesão grave no ombro direito. Desde outubro de 2021, ela aguarda por uma cirurgia ortopédica na rede pública de saúde para reverter um quadro clínico diagnosticado em 2016.
Ao Metrópoles, a mulher relatou que o problema de saúde a acompanha há cerca de seis anos, quando começou a sentir as primeiras dores no braço direito por conta de movimentos repetitivos no trabalho. Na época, uma ressonância magnética constatou inflamação e artrose articular no membro superior.
“Comecei um tratamento com medicamentos, acreditando que iria melhorar. Ao invés disso, as dores só pioraram e o problema se agravou, pois tive uma ruptura parcial do ombro, em 2019. Dai para frente, também iniciei a fisioterapia e acupuntura, mas sem progresso algum”, relata Santana.
Mesmo sentindo fortes dores, a moradora do Novo Gama continuou no serviço, pois precisava do sustento para viver. “Estava dando conta de trabalhar somente pela misericórdia de Deus”, lembra. Em outubro do ano passado, por conta da sobrecarga do ombro lesionado, ela teve a ruptura total do membro.
A mulher conta que, segundo os médicos, nada mais poderia ser feito para tratar o membro, seria necessário recorrer à cirurgia. Desde então, ela aguarda por uma vaga no Hospital Regional do Gama (HRG) e insumos necessários para ser operada.
Enquanto aguarda por atendimento, as dores da diarista só pioram e os remédios já não surtem o mesmo efeito. “Não tem um dia que eu não sinta dor. A sensação é como se tivesse uma agulha sendo enfiada no meu braço constantemente e desce por todo o braço, até chegar na mão. Os medicamentos aliviam apenas por algumas horas, até mesmo injeções. Estou começando a perder o tato, em alguns momentos, sinto meu braço dormente”, diz.
Desde maio deste ano, após sofrer uma queda em acidente doméstico, Santana não teve mais condições de trabalhar por ter rompido o último tendão de ligamento do ombro direito. Sem saber a quem mais recorrer por ajuda, ela entrou com um pedido na Defensoria Pública do DF para garantir o atendimento, mas teve o processo indeferido na Justiça do DF.
“Não aguento mais sentir dor, tem vezes que passo a noite acordada. Perdi a conta de quantas vezes por mês vou ao hospital para tomar medicamento. Alguns remédios que o médico receitou eu nem tenho condições de comprar. Tenho dificuldade até para conseguir tomar banho sozinha”, lamenta a mulher.
O que diz a Secretaria de Saúde
A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Saúde, responsável pela administração do Hospital Regional do Gama, para saber como a pasta tem acompanhado o caso.
Segundo informado pela assessoria de imprensa, “a paciente foi inserida no sistema de regulação para cirurgia ortopédica no ombro em 24/8/22 com classificação verde. Isto é, sem risco agravado”.
Segundo a nota enviada à reportagem, a secretaria destacou que “as cirurgias obedecem a uma ordem de classificação e prioridade, em que pacientes graves são priorizados”.
Atualmente há 2.114 solicitações de procedimentos ortopédicos.
Processo indeferido
Em agosto deste ano, foi expedido um ofício pela Defensoria Pública do DF (DPDF) para a Central de Regulação de Cirurgias Eletivas, a Superintendência da Região de Saúde Sul e o Hospital Regional do Gama, com o objetivo de solicitar a inscrição, o agendamento e a realização de cirurgia de reparo do ombro de Santana e o preenchimento do relatório médico.
Segundo o órgão, a Unidade de Traumatologia e Ortopedia da Secretaria de Saúde do Distrito Federal informou a inclusão de Santana no sistema de regulação, mas não definiu uma data para a realização do procedimento cirúrgico, em razão de não dispor dos insumos necessários.
A Central de Regulação de Cirurgia Eletiva, por sua vez, informou que a paciente foi classificada com a prioridade verde e constam na fila 203 solicitações pendentes, sendo 16 solicitações com classificação de risco vermelho, 55 com classificação amarelo, 108 com classificação verde e 24 com classificação azul.
Por conta dessa situação, Santana ingressou com ação para pleitear a cirurgia. A liminar foi indeferida nessa segunda-feira (26/9). A DPDF informou que haverá recurso contra essa decisão.