Mulher esfaqueada no DF recebeu diagnóstico de dengue antes de morrer
O marido de Tatiane Pereira foi preso por feminicídio. PCDF aguarda laudo com a causa da morte para saber se muda a tipificação do crime
atualizado
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A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) pode mudar a tipificação do crime do qual Tatiane Pereira da Silva foi vítima. A mulher, de 41 anos, foi esfaqueada pelo marido na sexta-feira (9/4). Três dias depois, na segunda (12/4), ela chegou a ser internada no Hospital Regional de Planaltina, mas faleceu.
O agressor, Manoel Paulo Severino da Silva, foi preso na madrugada desta terça (13/4), acusado de feminicídio. Porém, um laudo do Instituto Médico Legal (IML) ainda atestará a causa da morte, que pode ter sido dengue.
Conforme informou a Secretaria de Saúde do DF, em nota enviada ao Metrópoles, Tatiane procurou o Hospital da Região Leste (antigo Hospital Regional do Paranoá) pela primeira vez no dia 8 de abril, antes de ser esfaqueada. Ela apresentava quadro de febre, náuseas, cefaleia e mialgia. Tinha os sinais vitais estáveis e foi encaminhada à UBS.
A paciente retornou ao HRL no domingo (11/4), já dois dias após ter sido esfaqueada, com relato de fraqueza e dificuldade de respirar. Ela tinha sinais vitais estáveis e recebeu classificação amarela (urgente) para o atendimento. No dia seguinte, ainda conforme a SES-DF, a paciente foi atendida no Hospital Regional de Planaltina, apresentando os mesmos sintomas “e relatou pela primeira vez a história de agressão física”.
“Após piora em seu quadro, foi realizado procedimento de urgência que não mostrou nenhuma causa abdominal de hemorragia. Houve também a realização de exames laboratoriais que confirmaram o diagnóstico de dengue”, diz a nota da Saúde. “A pasta esclarece que a paciente teve toda a assistência necessária nas duas unidades e lamenta o óbito, que ocorreu apesar do atendimento prestado pelas equipes médicas das unidades da rede pública”, conclui.
Entenda o caso
Informações da PCDF apontam que a vítima e o agressor viviam em união estável há cerca de seis anos e criavam um filho, de 3 anos. Tatiane relatou à polícia que as agressões começaram no ano passado.
Na sexta-feira, por volta de 0h15, o casal voltava para casa depois de sair de um bar na DF-250, no Núcleo Rural 6 do Paranoá. Manoel queria retornar ao estabelecimento e Tatiane não – o que gerou a discussão. Ele mordeu o braço dela e a esfaqueou na perna. Depois disso, ela foi para a casa da mãe e, na tarde daquele dia, procurou a polícia.
Mesmo ferida, Tatiane registrou ocorrência na delegacia. Inicialmente o caso foi notificado como lesão corporal por violência doméstica. A vítima ainda solicitou medidas protetivas, que foram concedidas pela Justiça no mesmo dia.
Foram determinadas as seguintes medidas ao agressor:
- Proibição de se aproximar da vítima, familiares e testemunhas, restando fixado o limite mínimo de 300 metros de distância;
- Proibição de contato com a vítima, familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação, tais como ligação telefônica, WhatsApp, e-mail, Facebook, Instagram e outros.
Na segunda-feira, porém, a delegacia foi informada, por um familiar da mulher, que ela estava internada em estado grave e que precisaria passar por cirurgia, em decorrência das agressões sofridas. O quadro de saúde de Tatiane piorou e ela faleceu na tarde do dia 12 de abril.