Mulher disse que armou cilada para amante em troca de perdão do marido
Rosilene Alves de Souza contou aos policiais como atraiu Osorino dos Santos, 70 anos, para a morte. Vítima foi espancada e queimada viva
atualizado
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Sem demonstrar arrependimento, a dona de casa Rosilene Alves de Souza, 47 anos, contou em detalhes como ajudou o marido a planejar o assassinato do amante. A acusada confessou aos policiais que atraiu Osorino Pereira dos Santos, 70, a fim de que Daniel Pereira de Souza, 51, concretizasse o seu plano de vingança. Ressaltou ainda que essa foi a forma de fazer com que o companheiro esquecesse a traição.
Osorino era casado com a tia de Rosilene. As famílias conviviam em harmonia. Há cerca de oito meses, a suspeita se envolveu amorosamente com a vítima. Disse, porém, que tiveram apenas três encontros. Uma outra tia descobriu o romance extraconjugal e, em mensagem, ameaçou Rosilene. Falou que ia contar tudo para os parentes. Daniel ouviu a conversa e, a partir daí, começaram as brigas do casal. Ele teria dito a Osorino: “O que é seu está guardado”.
No dia 5 de outubro, por volta das 17h, Daniel pediu para Rosilene marcar um encontro com Osorino. A mulher atendeu a solicitação do marido. O assassino disse à esposa que essa era a única condição para que ele esquecesse a traição e continuasse casado.
No horário combinado com Rosilene, às 18h, Osorino parou na passarela em Girassol, distrito de Cocalzinho, no Entorno do DF. Assim que entrou no Fiat Uno da vítima, a mulher simulou uma ligação para o filho e disse que havia pegado “o ônibus”. Na verdade, o telefonema era para Daniel, que aguardava o amante da companheira na chácara.
Na propriedade, Osorino foi amarrado em uma viga de madeira na garagem, onde foi “espancado até apagar”. Aos policiais, Daniel, que estava munido de faca e revólver de brinquedo, disse ter ficado “cego de ódio”.
Quando acordou, a vítima pediu para fazer uma ligação. Queria falar com o “seu amor”, a tia da suspeita. O assassino permitiu. Na ligação de despedida, disse para a mulher que faria uma viagem para a Bahia e voltaria logo. Neste momento, Osorino, que morava com a família na Vila Planalto, chorava e fungava, pois o nariz estava sangrando.
Daniel nega ter tido intenção de matar Osorino e alega que a vítima teria pedido para que ele fizesse o serviço completo. Irritado, agrediu novamente até o homem perder a consciência. Disse que se desesperou quando viu que Osorino “já não respirava mais”. De acordo com o suspeito, Rosilene não participou da agressão, ficou trancada no quarto da residência da chácara.
Queimado vivo
Rosilene, mãe de dois filhos, de 21 e 15 anos, teria voltado para casa, em Águas Lindas, também no Entorno do DF, no veículo do casal. Sem saber o que fazer, o suspeito decidiu dar fim ao corpo de Osorino. Pegou um galão com gasolina usada para abastecer o gerador de energia da chácara e colocou o combustível no banco da frente do Fiat Uno da vítima.
Já na área de eucaliptos de Brazlândia, na noite do dia 5 de outubro, disse que, quando acendia uma cigarro a dois metros de distância do Fiat Uno, de alguma forma, o fogo se alastrou, provocando uma explosão. As chamas chegaram a queimá-lo no rosto e no braço.
Depois de incendiar o carro de Osorino, o homem pegou carona de volta com um carroceiro. Em casa, em Águas Lindas, já na madrugada de 6 de outubro, tomou banho, passou creme nas queimaduras e foi dormir. No dia seguinte, trabalhou normalmente. Quando questionado sobre a queimadura, dizia ter sido provocada por óleo de fritura.
No dia seguinte ao assassinato, o casal foi intimado a comparecer na 18ª DP para prestar depoimento. Daniel não estava em casa e foi avisado por Rosilene da intimação. Pediu à mulher que desse uma desculpa, pois lembrou de ter deixado as chaves de casa na chácara. Voltou à cena do crime e recuperou o objeto.
No laudo cadavérico, os especialistas do Instituto Médico Legal (IML) relatam as dificuldades que tiveram para a realização da perícia. Inicialmente, não conseguiram identificar o corpo, pois não havia “tecido dérmico recuperável” e “os membros superiores encontravam-se ausentes”.
De acordo com o delegado-chefe da 18ª DP, Adval Cardoso, não se sabe se Daniel cortou as mãos de Osorino. “Pode ter ocorrido, mas ele nega e não há como provar, pois o corpo foi completamente carbonizado”, disse o investigador.
Presos na última segunda (22), em Águas Lindas de Goiás, Entorno do DF, o casal responderá por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Ambos tiveram prisão preventiva decretada pela Justiça.