Mulher denuncia assédio sexual em curso de formação de bombeiros no DF
O Corpo de Bombeiros abriu inquérito para apurar o caso. Um colega da concursada teria acariciado os seios dela durante treinamento
atualizado
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Uma aluna do Curso de Formação de Oficiais do Corpo de Bombeiros Militar do DF denunciou um cadete da corporação por assédio sexual. Um dos homens aprovados em concurso público que participam das aulas com ela teria apalpado os seios da colega durante treinamento de atendimento pré-hospitalar.
A queixa foi registrada pela vítima no Sistema Eletrônico de Informações (SEI), em 16 de junho. Ela pede que providências sejam tomadas para que outras mulheres não sofram a mesma situação. Vinte dias depois de a queixa ser registrada, não há providência visível para a concursada, que continua convivendo com o homem nas aulas de formação.
Ela denunciou que, no decorrer de uma avaliação de Atendimento Pré-Hospitalar (APH), quando estava auxiliando o cadete na condição de vítima, se sentiu incomodada e constrangida ao ser tocada pelo homem de forma inadequada.
Durante essa avaliação, sob a proposta da prova de realizar a avaliação geral do paciente, no momento de analisar o tórax da “paciente”, o homem teria tocado a região dos seios da vítima de maneira que deixou a colega desconfortável.
Ao ser interpelada por um sargento, a mulher relatou outro episódio de possível assédio.
“Logo após o término da avaliação, o instrutor avaliador me perguntou de forma particular se eu não tinha achado que o cadete havia se aproveitado da situação, pois ele, vendo de fora, ficou muito incomodado em ver a forma como ele estava tocando em mim. Eu disse que sim e que não era a primeira vez”, relata a mulher na denúncia registrada contra o cadete.
Segundo a aluna, em outra ocasião, o homem procedeu da mesma forma. “Ele colocou as mãos nos meus seios sob o pretexto de estar avaliando a região torácica, sendo que nos foi orientado a não tocar nessa área em caso de paciente do sexo feminino, devendo fazer a pressão abaixo das mamas”, ressaltou.
Medo
Na hora em que ocorreu a abordagem, a vítima relata ter se sentido constrangida e confusa por não saber o que fazer. “Naquele momento, preferi não comentar com ninguém, mas, como outros colegas perceberam, decidi denunciar”, revelou a moça.
O curso de formação é a etapa posterior aos aprovados em concurso público dos bombeiros. Eles passam por provas de múltipla escolha, dissertativa e de aptidão física, entre outras, antes de entrar na corporação. É uma escolha de vida. É a entrada para a carreira militar. Se o aluno não passar no curso de formação, não entra para a carreira e perde todas as etapas passadas. Por isso, o medo da cadete em registrar a denúncia.
Abertura de inquérito
O Corpo de Bombeiros afirmou que o caso, apurado internamente, corre em sigilo. Pontuou ainda ter enviado toda a documentação à Corregedoria da corporação, que determinou abertura de Inquérito Policial Militar.
“Os procedimentos voltados ao Atendimento Pré-Hospitalar são semelhantes em homens e mulheres. Porém, as técnicas adotadas não trazem constrangimentos e nem violam a intimidade. Por isso, o CBMDF reafirma o seu posicionamento de total apuração da verdade, com adoção das medidas cabíveis ao caso”, ressaltou o Corpo de Bombeiros, por meio de nota.