Mulher denuncia agressão brutal de ex: “Vou acabar com sua beleza”
Além de jogar tampo de vidro de mesa na vítima, agressor deu socos na ex e fez ameaças. Caso é investigado como tentativa de feminicídio
atualizado
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Inconformado com o fim do relacionamento, um homem de 26 anos foi denunciado por quebrar o tampo de vidro de uma mesa na cabeça da ex-namorada, de 31. O crime ocorreu na manhã do último dia 6, no Sol Nascente (DF). O caso é investigado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) como tentativa de feminicídio.
Em depoimento, a mulher agredida relatou que o investigado teria ameaçado acabar com a vida e a beleza dela. Com medo de sofrer novo ataque, a vítima, que tem uma filha fruto de relacionamento anterior, passou a viver escondida.
O casal namorava havia oito meses e morava junto desde junho, em um imóvel alugado no Sol Nascente. No entanto, a vítima quis colocar um ponto final na relação. “E ele me disse: ‘Antes de você acabar com minha vida, vou acabar com a sua, dos seus pais e da sua filha”, revelou a mulher. Na sequência, o agressor teria arremessado o tampo de vidro de uma mesa na então namorada e começado a bater no rosto dela.
“Enquanto me batia, ele dizia que acabaria com minha beleza, que eu não andaria mais para provocar as pessoas na rua”, completou a vítima.
Além dos cortes no rosto, ela sofreu fraturas no nariz e na mão direita e ficou com a visão do olho esquerdo comprometida. A agressão só parou quando uma vizinha do casal chegou ao endereço. A vítima foi socorrida, e o agressor fugiu.
Após o registro da ocorrência e o exame no Instituto de Medicina Legal (IML), a mulher agredida conseguiu medidas protetivas contra o criminoso. No entanto, como o paradeiro dele era desconhecido até a mais recente atualização desta reportagem, a vítima teve de se esconder.
O medo novamente ganhou força depois da denúncia, uma vez que a mulher recebeu informações sobre o ex-companheiro supostamente rondar a família dela. “Ele quis me intimidar, mandar um recado”, contou ao Metrópoles. Desde então, a vítima teve o quadro de saúde mental agravado e precisou tomar remédios prescritos contra depressão e ansiedade crônica.
“Stealthing“
Antes da tentativa de feminicídio, a vítima havia notado comportamentos problemáticos e abusivos por parte do então companheiro.
Inicialmente, ele acessava o celular da namorada sem autorização, sob a alegação de sentir ciúmes. Depois, o criminoso chegou a violar preservativos durante as relações sexuais, prática conhecida como “stealthing” (“furtividade”, em tradução livre do inglês). Além disso, a ação pode caracterizar o crime de violação sexual mediante fraude.
“Houve violência sexual. Ele rasgava, furava [o preservativo], tentando me engravidar. Inclusive, sofri um aborto espontâneo natural pouco antes de um desses episódios”, destacou a vítima.
Após perceber a violência, ela descobriu que teve roupas, objetos e documentos rasgados. “Eram coisas muito específicas, como meu cartão de [acompanhamento de eventual] gestação, que estava guardado dentro de uma pasta. Foi um negócio de ódio, não como tropeçar, e uma caneca cair no chão [por exemplo]. Eu não tinha mais segurança de estar com ele”, desabafou.
Além da denúncia à PCDF, a vítima informou os crimes à Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa (CDDHCLP) da Câmara Legislativa (CLDF).
Contexto religioso
O casal havia se conhecido durante um festejo religioso em um terreiro de Samambaia, onde o denunciado assumia uma função de hierarquia superior. Na noite anterior à tentativa de feminicídio, os dois haviam participado de uma celebração em outro centro, em Ceilândia, e dormiram no local.
“Ele me acordou, dizendo que estavam passando a mão nele e que ali não seria seguro para mim, que poderiam abusar de mim e que eu corria risco. Então, ele praticamente me arrastou descalça até o Sol Nascente”, detalhou a vítima.
Após sofrer a agressão com o tampo de vidro, a vítima chegou a ligar para um dos líderes do terreiro de Samambaia, para denunciar o ocorrido. Porém, o relato teria sido desconsiderado pelo religioso, segundo ela.
“A mão que sacraliza não pode atentar contra a vida de uma mulher ou de quem quer que seja. Não pode haver conivência. É preciso repudiar esse tipo de comportamento. As vítimas não podem ficar envergonhadas, quem tem de ter vergonha são os agressores. E que não cometam isso. Não se pode normalizar a violência”, completou a denunciante.
Canais de denúncia
- Central de Atendimento à Mulher – Disque 180
- Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) – Disque 190
- Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) – Disque 197
- Comissão de Direitos Humanos da CLDF – Entre em contato pelo WhatsApp 61 999-041-681