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Mulher de suposto terrorista diz que ele não ameaçou ataque a Brasília

Antônia Soares de Oliveira conversou com o Metrópoles e garantiu que o marido nunca falou sobre explodir uma bomba. Mas que ele voltou alterado de uma viagem a São Paulo, semana passada, falando coisas sem sentido. Por isso, ela procurou a polícia

atualizado

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policia federal, antonia soares de oliveira
1 de 1 policia federal, antonia soares de oliveira - Foto: Rafaela Felliciano/Metrópoles

A empregada doméstica Antônia Soares de Oliveira, 35 anos, falou com exclusividade ao Metrópoles nesta segunda-feira (11/7). Ela e o marido foram parar na Polícia Federal, no domingo (10), depois de se envolverem em uma confusão que acabou se tornando um caso de suspeita de terrorismo. A mulher disse que conheceu o paquistanês Rashad Sohail, 32, há dois anos e que mantinham uma relação normal até a semana passada. Depois de voltar de uma viagem a São Paulo, o homem teria surtado e começado a falar coisas sem sentido, deixando-a amedrontada. Por isso, ela procurou a polícia para pedir ajuda. A mulher nega que ele seja terrorista e que tenha ameaçado explodir uma bomba no Aeroporto Internacional de Brasília.

“Não sei de onde surgiu essa história de bomba. Ele nunca me agrediu. E nem ameaçou. Ele era tranquilo, mas voltou dessa viagem dizendo que ‘o mestre vai matar a minha família’. Fiquei assustada”, contou Antonia, que está na casa de uma amiga com o filho do casal, de apenas oito meses. Demonstrando nervosismo, a mulher afirmou que a situação não estava relacionada a uma eventual briga de casal.

Rashad trabalha em uma oficina de funilaria (conserta lataria de veículos) em Samambaia há cerca de dois anos e também tem uma microempresa que importa ferramentas do Paquistão para consultórios dentários. Na versão da mulher, ele foi a São Paulo buscar mercadoria na segunda ( 4) e retornou na quarta (6), já “alterado”. Quando se conheceram, ele teria se apresentado como viúvo, mas na volta para casa contou uma nova história. Disse que era casado e tinha cinco filhos no seu pais de origem.

Revoltada com a revelação, Antônia contou que pediu ao marido que fosse ao Paquistão resolver a situação. Ele teria comprado uma passagem para sair de Brasília na quinta (7), mas perdeu o voo, que foi remarcado para esta segunda. Porém, o homem – segundo a esposa – estava diferente, desorientado, falando coisas sem sentido. Explicou que o marido passava muito tempo no telefone falando com outra pessoa que, supostamente, ameaçava a família.

Rafaela Felicciano/Metrópoles
Oficina onde o paquistanês trabalha em Samambaia

 

O paradeiro de Rashad é desconhecido. No trabalho ele não apareceu nesta segunda nem fez contato com o patrão ou os colegas. O empresário Ivo Costa disse ao Metrópoles que o ajudou a tirar os documentos e regularizar a situação no Brasil: “Ele morava aqui perto e me procurou. Disse que trabalhava com funilaria no Paquistão. Aí, eu o contratei”. Foi Costa quem auxiliou o paquistanês a abrir a microempresa.

Porém, ele confirma a história de Antônia ao lembrar que Rashad voltou de São Paulo diferente e alterado. “Acho que ele precisa de um médico ou psicólogo. Ele realmente mudou o comportamento. Mas não é terrorista”, afirmou Costa. Ele supõe que a família no Paquistão tenha descoberto que o homem se casou e formou nova família no Brasil e o estava pressionando.

Alarme falso
O caso mobilizou as forças policiais do DF e federal neste domingo. A possibilidade de uma ataque terrorista a menos de um mês das Olimpíadas na capital do país deixou as autoridades e a população em estado de alerta.

A versão da Polícia Militar para o caso é diferente da contada pela mulher. Segundo a corporação, Antônia teria ido ao quartel da PM em São Sebastião, região administrativa onde o casal mora. Teria alegado que tinha sido agredida pelo marido e ameaçada de morte. “Ele disse que era para a família dela ir ao aeroporto, que ele ia matar a família e se matar”, informou o tenente Feltrine, que atendeu a ocorrência. Sobre Sohail, o militar foi categórico: “O homem parecia perturbado e falava coisas sem sentido. Ele me convidou para ir ao aeroporto também”.

O Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar do DF chegou a ser acionado, fez uma varredura na casa da família e não encontrou nada. Por precaução, uma varredura também foi realizada no aeroporto, onde nada foi encontrado.

Num primeiro momento, o casal foi levado para a 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá). De acordo com o delegado-chefe Marcelo Portela, em um determinado momento, o homem teria dito que planejava, de fato, explodir o aeroporto. No entanto, não houve termo de declaração e não há registros oficiais na delegacia que confirmem a informação.

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