Mulher assediada por bombeiro no Metrô-DF registra boletim de ocorrência
A versão dela foi anexada como depoimento na ocorrência já aberta por Jair Aksin, que foi agredido e ameaçado pelo militar
atualizado
Compartilhar notícia
Após ser assediada pelo 1º sargento Guilherme Marques Filho, do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF), a cabeleireira de 29 anos decidiu registrar boletim de ocorrência na 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro). Após cerca de 50 minutos de conversa com os agentes da Polícia Civil do DF, ela espera que o militar seja responsabilizado pelo que fez.
“Contei tudo o que aconteceu aos policiais e eles colocaram como depoimento na ocorrência do Jair [o rapaz procurou a polícia depois de ser agredido]. Me sinto melhor agora. Espero que o bombeiro seja responsabilizado”, contou a moça.
Em entrevista ao Metrópoles, a cabeleireira, que preferiu não se identificar, afirmou que estava na fila da estação do Metrô da Praça do Relógio, em Taguatinga, como faz diariamente, quando sentiu uma mão em seu cabelo. “Ele pegou da metade do cabelo para baixo e foi passando a mão. Primeiro, achei que era alguém conhecido, mas, quando vi uma pessoa que não conheço me olhando com cara maliciosa, confrontei”, afirmou a cabeleireira.
Nesse instante, Jair Aksin interrompeu: “O Jair se aproximou e deu um tapa nas costas dele [o bombeiro], mas só para ele se virar, e questionou por que ele estava me assediando. O bombeiro negou e disse que só esbarrou em mim”, contou a mulher.
O caso
O episódio revelado pelo Metrópoles ocorreu na sexta-feira (18/12). Após ser confrontado por Jair Aksin, o 1º sargento Marques Filho esboçou sacar uma pistola que levava na cintura, mas os seguranças do Metrô conseguiram apaziguá-lo e pediram para que Jair esperasse o bombeiro ir embora, a fim de evitar confusão. No entanto, ao sair da estação, Marques Filho estava esperando pelo programador.
Assustado, o rapaz correu para se refugiar dentro de uma loja especializada na venda de peixes e aquários. “Tentei me posicionar próximo a câmeras de segurança para, pelo menos, ficar registrado que ele poderia me matar. Por sorte, ele puxou a arma, me agrediu, mas não apertou o gatilho”, desabafou.
Em pânico, funcionários do estabelecimento acompanharam as ameaças. Logo após agredir o rapaz, o homem deixou o local. “É uma sensação muito ruim de impotência, pois esse homem havia assediado uma moça dentro do Metrô. Espero que as autoridades tomem uma providência enérgica”, finalizou.
O que diz o militar
Na noite de sábado (19/12), o sargento concedeu entrevista na qual afirmou que toda a confusão aconteceu por ele estar usando uma camisa com a foto do presidente Bolsonaro (sem partido). O militar informou que irá à delegacia para registrar ocorrência contra o rapaz.
“Todo mundo está vendo só um lado da moeda”, declarou. Na versão de Marques Filho, Jair Aksin o encarava desde a entrada no Metrô; o sargento assegura que não assediou mulher alguma. “Apenas dei bom dia para uma moça. Fui agredido primeiro e minha atitude contra ele não foi por acaso”, garante.
O que diz a corporação
O comandante-geral do CBMDF manifestou-se sobre o caso. Questionado sobre como a ocorrência será tratada, o oficial afirmou que o alto-comando tomou conhecimento sobre os fatos rapidamente e que a primeira atitude foi determinar uma investigação pelos setores de correção do CBMDF.
“É um caso que precisa ser apurado, como qualquer outro que envolva possíveis transgressões cometidas por bombeiros militares”, disse. O comandante afirmou que o sargento não será transferido de funções nas ruas para atividades internas, pois já exerce uma função no Centro de Suprimento e Material (Cesma) da corporação, sem atuação externa.
A Corregedoria do CBMDF instaurou um processo administrativo para apurar o ocorrido. “Desde já, o CBMDF manifesta-se contrário a qualquer forma de agressão e violência. A corporação é defensora incansável do respeito a todo cidadão e tem como seu dever proteger a sociedade”, afirmou em nota.