Mulher acusada de cobrar R$ 2 mil por emprego entra na mira da PCDF
Sete ocorrências já foram registradas em delegacias do DF. Apenas um dos grupos de WhatsApp criado pela golpista chegou a ter 175 vítimas
atualizado
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Luciana Nunes de Lima entrou na mira da Polícia Civil do DF. Ela é suspeita de oferecer falsas vagas de emprego e acusada de cobrar pelo menos R$ 2 mil de interessados em arrumar um trabalho de vigilante, brigadista ou recepcionista. O esquema criminoso, denunciado com exclusividade pelo Metrópoles na quarta-feira (11/10), é alvo de sete ocorrências nas delegacias de Sobradinho, Samambaia, Taguatinga e São Sebastião.
As denúncias, segundo a Divisão de Comunicação da Polícia Civil (Divicom), poderão ser encaminhadas à Coordenação de Repressão a Fraudes (Corf), unidade especializada neste tipo de crime. A expectativa é que mais vítimas registrem ocorrências nos próximos dias. Um dos grupos de WhatsApp criado por Luciana chegou a ter 175 pessoas que teriam sido iludidas com falsas promessas de emprego.
Para convencer os desempregados, a mulher contava que tinha contatos na empresa Confederal, ligada ao presidente do Senado, Eunício de Oliveira (PMDB-CE). Ela também, segundo relatam as vítimas, teria usado nomes de supostos gerentes, coordenadores e de outros políticos, como o do distrital Chico Vigilante (PT-DF), para eliminar qualquer desconfiança de que se tratava de um golpe.Em uma das conversas, a estelionatária chegou a afirmar que o petista sabia do esquema e que ajudaria o grupo. O distrital, entretanto, negou conhecer Luciana. Revoltado, contou que vai entrar com um processo contra a golpista.
Indicação
O esquema seria alimentado na forma de pirâmide, com indicações. Quem dava dinheiro à mulher sempre tinha a impressão de que em breve começaria a trabalhar. Em uma das ligações, Luciana chegou a pedir para um homem não comentar sobre o pagamento que seria feito em duas parcelas de R$ 2 mil e pediu indicações.
“Surgiram duas vagas. Isso não pode vazar. Você sabe que o que estamos fazendo é errado. Estamos apenas entrando por outro meio. Se no dia 9 não der certo, você me dá quatro dias para devolver o seu dinheiro”, disse a uma de suas vítimas. Ela seguiu explicando que deveria ser feito um depósito de R$ 2 mil antes e outro depois, quando o aspirante a vigilante recebesse o primeiro salário.
Segundo relatos de vítimas, Luciana teria usado a esperteza para fazer o golpe prosperar por tanto tempo. Ela marcava reuniões com regularidade, recolhia documentação, distribuía escalas de serviço do “novo” trabalho e até pedia ajuda aos voluntários para pegar carregamentos de uniformes.
Porém, sempre de última hora, inventava justificativas para protelar a apresentação nas empresas que supostamente mantinham contrato com a Confederal. Até greves na cidade – como as dos rodoviários e dos bancários – seriam usadas como desculpa.
Confira o áudio onde Luciana combinava uma reunião com suposto gestor da Confederal:
O administrador da Confederal, Ricardo Lopes Augusto, negou que Luciana integre os quadros da empresa. Disse que as vagas são preenchidas com base em avaliação curricular e recomendou que todas as pessoas que deram dinheiro à estelionatária procurem a polícia imediatamente.
Agiota
Uma das vítimas procurou o Metrópoles e disse que está “sofrendo muito”. A mulher, que pediu para não ser identificada, contou que teria pago R$ 2 mil para Luciana na esperança de conseguir uma vaga. Agora, ela não consegue a devolução do “investimento” nem foi chamada para a suposta oportunidade de trabalho.
“Ela [Luciana] agia como supervisora de vários contratantes em todo o DF. Dizia que trabalhava para cinco gestores. Enganou outras 150 pessoas. Estou sofrendo muito, pois vendi tudo que eu tinha, os meus pertences pessoais e peguei até dinheiro com agiota para tentar conseguir a vaga prometida”, desabafou.