Mulher acusa motorista de app de agressão após discussão por balões
Passageira saía de casa para celebrar aniversário, mas condutor reclamou dos balões no carro. Após briga, ele teria a agredido. PCDF apura
atualizado
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Uma mulher registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) relatando ter sido agredida por um motorista de aplicativo, no final da tarde desse sábado (5/12), em Águas Claras. Segundo a passageira, a violência ocorreu após o condutor reclamar que ela levava balões dentro do carro, o que atrapalharia a visão dele durante o trajeto.
A bancária Geraldina Lúcia de Oliveira Araújo, 29 anos, saía de casa rumo ao shopping Píer 21, onde comemoraria seu aniversário com amigos. Contudo, ela apenas chegou a entrar no carro, sem se deslocar ao local da celebração.
“Como eu estava levando bolo e balão, achei mais fácil ir de Uber. Quando ele chegou, eu entrei com a minha amiga. Aí, ele começou a reclamar, dizendo que não daria certo, que os balões atrapalhariam. Falou para eu colocar no porta-malas, mas eu disse que iria estourar e ele voltou a reclamar”, narra.
Em seguida, ela e a amiga teriam descido do carro e informado ao condutor que chamariam um novo motorista pelo aplicativo. “Depois, ele desceu e gritou: ‘Vai bater a minha porta, sua rapariga? Por que você pede Uber, sua puta, se você não vai pagar a corrida?'”, conta.
“Aí, ele estourou o meu balão de gás hélio. Nesse momento, eu fiquei muito brava, porque eu levei uma 1h30 para ir para Taguatinga comprar e mais 1h30 para voltar, pois peguei aquela chuva toda do início do dia. Sem contar que esses balões são muito caros. Então, eu peguei na camisa dele e falei: ‘Você está doido?’. Nisso, ele começou a me bater”, completa.
Vizinhos presenciaram
Durante a discussão, vizinhos tentaram parar as agressões e impedir que o motorista deixasse o local. O técnico de manutenção Lair Lima de Brito, 59 anos, testemunhou o momento e acompanhou Geraldina até a delegacia em seguida.
“Eu estava recebendo uma encomenda lá do lado e vi a moça saindo do prédio, com os balões. Pouco tempo depois, vi que ela saiu de um carro, fechou a porta, e o motorista desceu ao encontro dela. Aí eu ouvi a palavra ‘rapariga'”, conta o vizinho.
Lair relata que outros moradores também presenciaram quando o motorista estourou o balão e deu-se início a violência. “Logo começaram as agressões, tapas e chutes, e eu já me envolvi. Retirei a moça de lá e fiquei na frente do carro para ele não sair”, diz. De acordo com o vizinho, o condutor teria ainda rasgado a própria camisa, para alegar que fora agredido por Geraldina.
“Ele deu dois tapas no rosto dela e chutou. Pegou o celular dela, talvez para ela não fazer nenhum contato, mas já estava todo mundo ligando para a polícia”, afirma. “Ela estava se defendendo, isso todo mundo viu, é fato […] Era o dia do aniversário da moça e ela foi humilhada”, completa.
Camisa rasgada
Ainda conforme Geraldina, quando a Polícia Militar chegou ao local, o motorista deu outra versão do caso às autoridades. “O PM falou que eu estava bem vestida e que ele estava rasgado. Mas todos viram que ele rasgou a própria roupa e ficou se fazendo de vítima. Eu falei para o policial: ‘Olha o meu tamanho e olha o dele’. Eu tentei me defender, mas ele me agrediu e as pessoas viram”, conta.
De acordo com a passageira, havia uma policial mulher, que ouviu as testemunhas e convenceu a equipe a levar o caso para a delegacia. “A minha sorte foi que havia uma mulher, porque os outros policiais queriam encerrar a ocorrência ali mesmo, mal me ouviram”, reclama.
A ocorrência foi registrada na 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul) como “injúria” e “lesão corporal”. No boletim, consta que uma equipe da PMDF fora acionada para atender uma situação de violência contra a mulher, na Rua 20 Norte. Ao chegarem no local, policiais encontraram cerca de 10 pessoas junto a Geraldina e o motorista, identificado até o momento como um homem de 38 anos.
Na versão do condutor à polícia, ele teria sido agredido e se defendeu. Contudo, consta no B.O. que “todas as testemunhas apresentadas na delegacia disseram que apenas ele agrediu a vítima e teria rasgado as próprias vestes”.
Procurada para comentar o caso, a PMDF se resumiu a dizer que “atendeu a ocorrência, prestou apoio à vítima e conduziu o motorista à delegacia, onde ficou detido e foi autuado por lesão corporal e injúria”.
Conta desativada
Após deixar a delegacia, Geraldina diz que ainda tentou entrar em sua conta da Uber, para identificar o motorista e fazer uma reclamação. No entanto, foi surpreendida com a suspensão da conta. “Na parte de recuperação da conta, então, eu enviei uma mensagem, informando que fui agredida pelo motorista e que eles me retiraram da plataforma. Fui excluída sem nem me ouvirem”, protesta.
Ao Metrópoles, a Uber explicou que a usuária não conseguiu ter acesso a conta novamente porque, quando a plataforma recebe denúncia de caso envolvendo violência, tanto o perfil do passageiro como o do motorista ficam suspensos temporariamente até que a empresa possa apurar o fato.
No entanto, a plataforma informou que, em breve, a conta de Geraldina será reativada. Já o perfil do motorista, está definitivamente fora do ar. “Este tipo de comportamento configura violação aos termos de uso da plataforma e a conta do motorista parceiro já foi desativada”, disse, em nota.
A Uber ainda ressaltou que “considera inaceitável e repudia qualquer ato de violência contra mulheres”. “A empresa acredita na importância de combater, coibir e denunciar casos dessa natureza às autoridades competentes e se coloca à disposição para colaborar com as investigações, na forma da lei”, destacou.
Até a última atualização desta matéria, o Metrópoles tentava a identificação e o contato do motorista.