Mudança de endereço deixa 300 alunos de escola pública do DF sem aula
Pais de estudantes criticam proposta da Secretaria de Educação por aluguel de prédio para acomodar a comunidade escolar
atualizado
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Aproximadamente 300 estudantes da rede pública do Distrito Federal estão sem aulas desde o começo do ano letivo, em 14 de fevereiro. Eles foram transferidos de duas escolas da Estrutural para a Escola Classe SRIA, no Guará. E a polêmica vai além. Inicialmente, as instalações do colégio seriam ampliadas, mas a Secretaria de Educação decidiu enviar a comunidade escolar para um prédio alugado, despertando críticas de pais, mães e parte dos professores.
Em 2021, a pasta teria tomado a decisão de transferir alunos das escolas classe 1 e 2 da Estrutural para o SRIA. Com mais de 40 anos de história, o colégio do Guará tem aproximadamente 280 vagas. Oferece aulas do ensino fundamental e educação infantil e fica em um prédio público, dentro de um complexo da própria secretaria. A princípio, a escola passaria por uma reforma. Mas a gestão mudou de planos, optando por alugar um espaço.
Sem uma definição clara da gestão, os 300 estudantes estão sem aulas. A promotora de merchandising Suéllen Oliveira de Lima, de 33 anos, é mãe de Eduardo Araújo de Lima, 9, matriculado no 4º ano. “Eu acho um absurdo. É um descaso”, resume. Para Suéllen, a pandemia prejudicou o aprendizado de todos os estudantes e a comunidade deseja a volta das aulas presenciais. “Não teve retorno”, lamenta.
Suéllen busca vaga para o filho em outro colégio. “A gente paga tão caro os impostos e prejudicam o desenvolvimento dos alunos nessa fase primária. Meu filho gosta muito de ir para escola. E ele está sentindo muito falta”, afirma a mãe
Aluguel
Por outro lado, os pais dos estudantes (foto em destaque) originalmente matriculados no SRIA não querem a mudança. Em primeiro lugar, a comunidade tem fortes laços com o prédio atual. E a localização é favorável para grande parte das famílias. Em segundo lugar, não consideram adequado a escola deixar um prédio público para ocupar um local de aluguel, gastando dinheiro público. O imóvel é um colégio particular na QE 42, no Guará II.
A administradora Nazaré Lisboa, 38, é mãe de Heitor Lisboa, 10. O estudante do 5º ano gosta muito do atual local da escola. “Nós não queremos e não aceitamos essa mudança. Sabemos da demanda da rede pública. Porém, nossas crianças já estão em uma escola que está em perfeito estado de conservação. A escola é linda e as crianças já estão adaptadas. Entram no jardim e saem no 5º ano. O pais não querem a mudança”, arremata.
Segundo Nazaré, a pasta demorou para tomar uma decisão sobre o futuro da escola. Para os pais, o ideal seria a reforma ou a acomodação dos novos alunos em uma outra escola. “Não é justo tirar nossos filhos que já estão matriculados”, reforça. Na tarde dessa quarta-feira (23/2), os pais receberam um comunicado da regional informando que os filhos não seriam mais transferidos. Apenas os estudantes vindos da Estrutural iriam para o prédio alugado.
“Mas vamos continuar mobilizados. Só vamos acreditar quando vermos mesmo”, enfatiza Nazaré.
Outro lado
O Metrópoles entrou em contato com a direção da Secretaria de Educação sobre a questão, que se manifestou por meio de nota. Leia na íntegra:
“A Secretaria de Educação identificou uma discrepância de 300 matrículas a mais na Escola Classe do SRIA em relação ao número de matrículas do ano passado. Todos os 210 alunos que já estudavam na escola estão com aulas normais na própria escola. Os 300 estudantes excedentes serão acomodados num prédio alugado na Área Especial 1 da QE 42. As aulas no novo espaço começarão em 3 de março, quinta-feira após o feriado de carnaval. Os estudantes não serão prejudicados. Todo o conteúdo será reposto ao longo das próximas semanas”.