MPGO vai investigar asfalto levado até a fazenda de Liliane Roriz
Promotores querem saber por que a empresa contratada para pavimentar rodovia estendeu o serviço à propriedade da deputada distrital
atualizado
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O Ministério Público de Goiás (MPGO) vai investigar se o asfaltamento na fazenda da deputada distrital Liliane Roriz (PTB) foi financiado com recursos do governo do estado. Nesta quarta-feira (29/11), o promotor que coordena o Centro de Apoio Operacional do órgão, Bruno Barra, encaminhou o procedimento para a Promotoria de Defesa do Patrimônio.
“O promotor que assumir o caso, certamente, exigirá o contrato da empresa para saber em quais circunstâncias ocorreu a pavimentação em uma propriedade particular”, disse Barra. Ele explicou ainda que, por se tratar de uma obra do governo goiano, o caso será distribuído e apurado na capital e não na Comarca de Luziânia, onde está localizada a propriedade de Liliane.
A Eletro Hidro Ltda. (EHL) recebeu R$ 14,4 milhões para revitalizar a rodovia que liga Luziânia ao Jardim Lago Azul, no Novo Gama, ambos municípios goianos situados no Entorno do Distrito Federal. A companhia admitiu ter pavimentado 1,5km que beneficia Liliane, mas negou que tenha recebido dinheiro público pelo asfalto dentro da fazenda.
Apesar dos pedidos da reportagem, nem a EHL nem Liliane Roriz apresentaram notas fiscais ou comprovantes bancários para atestar que o serviço foi pago pela distrital. Levando em consideração o valor total da obra contratada pelo Executivo goiano, por paralelismo, o percurso entre a via principal e a casa da deputada teria alcançado cifras milionárias. Mas o suposto desembolso da quantia permanece um mistério.
A assessoria de comunicação de Liliane Roriz informou que ela não falaria sobre o caso. Já a Agetop reforçou não ter autorizado qualquer intervenção com recursos públicos em unidades privadas.
Veja o antes e depois do trecho da GO-425 que corta a fazenda de Liliane Roriz
Empresa enrolada
A Eletro Hidro Ltda. (EHL) coleciona rolos nas obras que executa Brasil afora. Em 2016, o proprietário da empresa, Wilmar Oliveira de Bastos, foi preso pela Polícia Federal acusado de integrar uma organização criminosa que fraudava licitações de terraplanagem e pavimentação em Tocantins. Ele e outros 20 comparsas também detidos na Operação Ápia podem ter causado prejuízos superiores a R$ 1 bilhão.
Todas as empresas de Wilmar Bastos têm sede em Tocantins. Conhecido como “Chatão”, ele é responsável por grandes obras no estado. Entre elas, a da alça viária Norte-Sul, em Palmas, ficou paralisada pelas investigações da Operação Ápia. Esse contrato foi firmado no valor de R$ 129 milhões.
Wilmar também é acusado de ter fechado um contrato de R$ 52 milhões para asfaltar vários municípios de Palmas, mas, em razão da suposta má qualidade do material utilizado, o piso começou a rachar em poucos meses.