MPDFT recorrerá de decisão que absolveu ex-mulher de Wassef por improbidade
Maria Cristina Boner mantém contratos milionários com o governo federal. Ele é investigada no âmbito da Caixa de Pandora
atualizado
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O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios vai recorrer da decisão da 2ª Turma Cível que absolveu Maria Cristina Boner , ex-mulher de Frederick Wassef, então advogado da família Bolsonaro, da acusação de improbidade administrativa em tratativas para contrato com a Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), em 2006.
A sentença foi publicada nesta quarta-feira (24/06), mas o órgão aguarda remessa do acórdão para a interposição de recurso.
Na ação do MPDFT, a empresária é acusada de favorecimento na contratação de sua empresa à época, a B2BR, com a Codeplan, para prestar serviços de informática.
Em primeira instância, Maria Cristina Boner foi condenada por improbidade, mas a sentença não foi confirmada pelos desembargadores da 2ª Turma.
Da Pandora ao governo federal
Maria Cristina Boner foi denunciada pelo delator do maior esquema de corrupção da capital federal, Durval Barbosa. No âmbito da Caixa de Pandora, Barbosa afirmou ter recebido R$ 200 mil da empresária para fechar negócio com sua empresa, que detinha as licenças da Microsoft em Brasília.
As negociações foram supostamente realizadas em 2006 e vieram à tona em 2010, antes da fundação da Globalweb, empresa que recebeu R$ 41,6 milhões durante a gestão de Jair Bolsonaro (sem partido) para prestação de serviços.
O valor se refere a pagamentos efetuados entre janeiro de 2019 e junho deste ano.
Wassef e Cristina casaram-se em 2011, mas se separaram há dois anos. No dia da prisão de Queiroz, Wassef foi visto na casa da ex-esposa, em Brasília. Ele veio à capital para participar de evento no Palácio do Planalto junto a Jair Bolsonaro. Além de ter Cristina na diretoria, a filha do casal Bruna Boner Leo é sócia da Globalweb Outsourcing.
Como foi revelado pelo Metrópoles, a ex-esposa do ex-advogado do presidente é personagem do esquema de corrupção no governo do Distrito Federal também com outra empresa, o Grupo TBA, da qual era sócia.
Segundo investigação da Polícia Federal, Cristina teria pagado propina para manter contratos do GDF com o grupo de informática TBA, do qual era sócia. O dinheiro entregue ao ex-governador do DF, José Roberto Arruda em um dos vídeos mais famosos divulgados por Durval Barbosa, teria sido providenciado por ela.
A empresária foi acusada de corrupção ativa e lavagem de dinheiro nesse caso. Em dezembro de 2018, ela depôs na 7ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). Na ocasião, negou o pagamento de propina a Durval Barbosa.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Cristina Boner.
Confira na íntegra a sessão na qual a 2ª turma julgou o caso: