MPDFT pede a soltura imediata de jovem preso injustamente
Em 2017, Lucas Moreira de Souza foi preso enquanto empinava pipa perto da casa da tia, em Ceilândia. A Justiça o inocentou
atualizado
Compartilhar notícia
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) pediu a libertação imediata de Lucas Moreira de Souzalva, 26 anos. O rapaz está preso há quase três anos por um crime que não cometeu. O condenado aguarda a determinação da juíza da Vara de Execuções Penais (VEP), Leila Cury, para ser solto.
Em 20 de dezembro de 2017, Lucas foi preso, enquanto empinava pipa perto da casa da tia, em Ceilândia. Na ocasião, ele foi acusado de cometer roubo qualificado e tentativa de latrocínio. Ele chegou a ser condenado a 67 anos de prisão por um dos crimes de que foi erroneamente acusado.
A condenação de Lucas se deu com base em reconhecimento de vítimas, no entanto, segundo os defensores, as evidências não corroboram que ele participou dos crimes cometidos em Ceilândia em 20 de dezembro.
Daniel de Oliveira, um dos defensores públicos de Lucas, afirma que o caso precisa ser decidido o mais breve possível. “Por mais que tenha os tramites legais, esse caso, por não ter mais pena a cumprir, precisa ser decidido logo. Qualquer minuto que ele passa a mais dentro de um presídio é um risco que ele corre. Já pedimos a urgência que o caso merece”, afirmou.
O caso
Na noite de 20 de dezembro de 2017, dois homens cometeram um roubo em Ceilândia. Os criminosos seguiram em um carro até o Recanto das Emas e praticaram outros crimes ao longo do caminho, entre eles uma tentativa de latrocínio.
À época, informação da polícia do Recanto da Emas detalhava que um dos suspeitos seria manco. A característica do bandido foi passada para os policiais de Ceilândia, que, então, procuraram o suspeito que se encaixasse nessa característica. Lucas foi abordado pelos policiais na manhã do dia seguinte.
O rapaz foi submetido ao reconhecimento de pessoas roubadas em Ceilândia e Recanto das Emas. As testemunhas de Ceilândia não o reconheceram, mas as vítimas de Recanto das Emas afirmaram que o jovem seria o responsável pelos crimes.
O policial que acreditou em Lucas levantou evidências da inocência do jovem. O primeiro deles é que o rapaz não tem a principal característica procurada pelos policiais naquele dia, pois Lucas não é manco.
Além disso, 10 dias depois da prisão, um crime com as mesmas características daqueles praticados em Ceilândia e no Recanto das Emas repetiu-se em Samambaia. Um mês depois, dois homens, com o mesmo veículo e arma usados nos delitos aos quais Lucas foi acusado, foram presos. E um deles era manco. Enquanto isso, o jovem permanecia preso.
O Metrópoles entrou em contato com a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) para comentar as inconsistências na investigação do caso, mas, até a última atualização dessa reportagem, não obteve resposta. O espaço segue aberto para manifestações.